CPI: Estranhas coincidências e omissões sem investigação

 

Manzoni pede tratamento igualitário a manifestantes de polos políticos opostos

As táticas de vandalismo utilizadas no dia 12 de dezembro são idênticas ao comportamento dos black blocs, grupo conhecido por agir em manifestações em todo o país. Na CPI da Câmara Legislativa desta quinta-feira (17), o Deputado Thiago Manzoni falou da semelhança nas recentes depredações de prédios públicos, comparando a outros anos em manifestações, a princípio pacíficas, em que um pequeno grupo agia de forma criminosa.

Esta foi a 21ª reunião da CPI e ouviu o delegado diretor do departamento de combate à corrupção e ao crime organizado da Polícia Civil, Leonardo de Castro Cardoso. Ao iniciar a sua participação, Manzoni perguntou ao delegado se toda invasão a prédios públicos pode ser caracterizada como uma tentativa de golpe, e o delegado respondeu que não. O parlamentar perguntou ainda o que diferencia uma invasão, ou uma tentativa de invasão que pode ser caracterizada como uma tentativa de golpe.

O delegado respondeu que é a intenção e o contexto, e prosseguiu dizendo que as pessoas autuadas pelo crime de golpe de Estado “estavam naquele contexto em que várias se manifestaram, naquele sentido de que estariam ali porque não concordavam com o novo governo. Algumas, inclusive, nos depoimentos disseram que o objetivo seria permanecer acampadas dentro dos prédios, até que a situação fosse resolvida”.

Manzoni interrompeu neste momento em que o delegado citou acampamento dentro de prédios públicos e disse: “Doutor Leonardo, aqui no Brasil nós já tivemos muitas manifestações que terminaram em invasão de prédios e tivemos acampamento feito aqui dentro desta casa legislativa. E as pessoas falam assim: ‘A gente não sai daí de dentro.’ Mas não foi considerado tentativa de golpe. O MST tentou invadir o Supremo Tribunal Federal porque não concordava com o julgamento que estava acontecendo lá pela mais alta corte do Brasil. Também não foi considerado tentativa de golpe. Essas pessoas não foram capituladas como atentando contra o Estado brasileiro ou contra o poder legitimamente constituído, para usar um termo legal.”

O distrital comparou as táticas utilizadas no dia 12 de dezembro às táticas dos black blocs. Para Manzoni, basta observar o que aconteceu no dia 12 e o que aconteceu naquele período em que algumas pessoas se infiltraram em manifestações que eram pacíficas e passaram a depredar patrimônio público e privado. “Não só aqui em Brasília. Isso já aconteceu em São Paulo, no Rio de Janeiro e em outras cidades do Brasil. Basta entrar no YouTube e ver as imagens. É muito parecido com o que aconteceu aqui em Brasília, inclusive os estilingues com bola de gude, que nunca foram utilizados por aquelas senhorinhas que se enrolam na Bandeira do Brasil e foram se manifestar aí desde 2015, quando elas não aguentavam mais a Dilma: famílias inteiras, idosos, jovens, crianças, pais e mães de família, trabalhadores que foram para as ruas se manifestar.”

A respeito das depredações, o distrital defende que quem cometeu o crime tem que responder. “Mas eu ficaria muito feliz como brasileiro e parlamentar se a nossa justiça desse a eles o mesmo tratamento que deu aos outros que invadiram. Houve invasão de ministérios depois de 2015; quem fez a invasão foi a esquerda. A tentativa de invadir o Supremo também foi da esquerda. As invasões nessa Casa aqui, o acampamento feito aqui, foi da esquerda. Eu gostaria muito que a nossa justiça tratasse de igual modo, polos políticos opostos, ideais opostos. Aliás, esse é o conceito de estado de direito: todos são iguais perante a Lei.”

Ao encerrar a sua fala, o deputado fez algumas observações sobre o depoimento que o general G. Dias prestou na Casa anteriormente. “O general Gonçalves Dias mentiu na nossa cara de maneira deslavada. A gente não tinha acesso ainda às mensagens que ele enviou. Não é só que ele recebeu mensagens informando o que ia acontecer no dia 8 de janeiro. Ele enviou mensagens alertando sobre os riscos do 8 de janeiro. Então ele envia a mensagem, alerta sobre o risco e dispensa o pelotão do GSI que faz a segurança do Palácio do Planalto. Eu nem vou mais perguntar a quem interessava. Está respondido já”, conclui Manzoni.

 
Foto: Jeremias Alves
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