Golpes digitais com IA desafiam segurança da Previdência Social

Golpes digitais com IA desafiam segurança da Previdência Social
Golpes digitais com IA desafiam segurança da Previdência Social

Pedidos de benefício previdenciário já foram indeferidos devido à utilização de imagens — ou representações visuais quase idênticas — empregadas por terceiros para simular a identidade do segurado. Essa ameaça crescente é representada pelos deepfakes: vídeos, áudios e imagens manipulados por inteligência artificial (IA) que reproduzem com alta fidelidade rostos, vozes e gestos. Segundo o Identity Fraud Report 2023, o Brasil lidera o crescimento de fraudes com deepfakes na América Latina, com um aumento de 830% em um ano.

Em 2025, ferramentas de criação de deepfakes tornaram-se tão acessíveis quanto aplicativos comuns de edição de fotos. Com apenas um smartphone, qualquer pessoa pode gerar um vídeo falso convincente. Isso trouxe um novo tipo de risco para o sistema de seguridade social brasileiro: a falsificação sintética da identidade para fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), agravada pelo fato de que 71% dos brasileiros não conseguem identificar deepfakes, de acordo com estudo da Kaspersky.

Identidades falsas, benefícios reais

A prática de utilizar dados alheios para acessar aposentadorias e outros benefícios não é novidade. No entanto, a sofisticação dos golpes preocupa. Vídeos hiper-realistas criados por algoritmos, podem simular beneficiários em “provas de vida”, ou mesmo gerar confissões forjadas para tentar anular direitos ou mascarar responsabilidades.

“A manipulação algorítmica da identidade não é apenas um problema tecnológico, mas um desafio jurídico profundo. O Direito Previdenciário, por lidar com benefícios de caráter alimentar, exige absoluta segurança na identificação do titular, afirma o advogado Alexandre da Costa Maciel Monteiro, especialista em direito previdenciário e sócio-fundador da Monteiro Advogados.

Judiciário em alerta: quando a prova é uma simulação

A jurisprudência brasileira já reconhece que provas digitais precisam obedecer à chamada cadeia de custódia. Uma decisão recente do Superior Tribunal de Justiça (HC 828.054/RN) afastou a validade de imagens extraídas sem metodologia técnica apropriada, reforçando a necessidade de cautela e perícia especializada no trato com arquivos digitais.

Segundo o advogado Guilherme da Silva Monteiro, especialista em proteção de dados, também sócio da Monteiro Advogados, “o uso de deepfakes obriga o Judiciário a redefinir padrões probatórios. Hoje, uma selfie ou um vídeo podem ser fabricados por IA, e isso afeta diretamente a credibilidade de documentos utilizados em requerimentos administrativos e judiciais no INSS”.

Fraudes em mutação

Casos recentes noticiados pela imprensa mostraram criminosos se passando por servidores públicos para visitar segurados em casa e coletar dados biométricos, como fotos e gravações. O objetivo? Usar essas informações para desbloquear benefícios ou contrair empréstimos consignados em nome de terceiros. A projeção dos especialistas é de que, em breve, tais dados sirvam como matéria-prima para deepfakes.

Cenário atual: entre verdade e simulação

Segundo o advogado Dr. Alexandre, o avanço da inteligência artificial representa um novo desafio para o campo jurídico, especialmente diante da possibilidade de simulações praticamente perfeitas. “O sistema previdenciário depende de confiança — do segurado no INSS, e do INSS nas informações que recebe. Sem mecanismos de verificação seguros, essa relação pode ruir”, afirma o advogado.

O escritório Monteiro Advogados, especializado em Direito Previdenciário e Imigratório, acompanha de perto as mudanças trazidas pela tecnologia e atua com foco na proteção dos direitos dos segurados em um cenário cada vez mais digital e desafiador.

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