Inverno nos Andes desafia logística entre países do Mercosul

Inverno nos Andes desafia logística entre países do Mercosul
Inverno nos Andes desafia logística entre países do Mercosul

Durante os meses de inverno no Chile, entre junho e setembro, as empresas de logística que operam nos países do Mercosul enfrentam um dos maiores desafios da rota terrestre internacional: a travessia pela Cordilheira dos Andes, em especial pelo Paso Los Libertadores.

Durante o período, as condições climáticas adversas, como neve intensa, formação de gelo e risco de avalanches, provocam o fechamento frequente da passagem, impactando diretamente as operações de transporte e os prazos de entrega. Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, as exportações do Brasil ao Mercosul alcançaram US$ 20,2 bilhões em 2024, representando 41,6% do comércio intrazona. O volume expressivo de mercadorias circulando entre os países do bloco reforça a importância da rota andina para o escoamento de produtos e insumos, especialmente entre Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.

Eliane Maas, diretora-executiva da Transmaas Logística Internacional, explica que o Paso Los Libertadores pode permanecer fechado por até 30 dias durante a temporada de inverno, com picos de interdição superiores a 40% entre os dias de julho e agosto nos anos mais rigorosos.

“Esses bloqueios variam de algumas horas até cinco dias consecutivos, o que exige das operações um planejamento com rotas alternativas, monitoramento constante e previsão de custos extras de armazenagem e seguro”, conta. Os impactos diretos das interdições, segundo ela, podem incluir atrasos significativos nas entregas, aumento dos custos operacionais e risco de ruptura de estoques no destino. “Durante o inverno, a confiabilidade da cadeia de suprimentos é colocada à prova. Os custos com armazenagem, diárias de motoristas e seguros aumentam, e é justamente nesses momentos que o planejamento estratégico faz a diferença”, afirma.

“Antecipar embarques, monitorar as condições climáticas e aduaneiras em tempo real e estruturar rotas alternativas para reduzir impactos e garantir que a operação mantenha o ritmo, mesmo em períodos críticos, é crucial para mitigar os efeitos das interdições”, acrescenta a executiva.

Planos de contingência Para lidar com esse cenário, empresas como a Transmaas mantêm planos de contingência específicos para o período de inverno. Esses planos incluem ações de armazenagem temporária e comunicação imediata com os clientes sobre prazos e custos. “Tudo é apoiado por rastreamento via GPS, acompanhamento constante, equipe experiente no monitoramento de embarques e ampla apólice de seguro internacional para qualquer intempérie, buscando garantir segurança e previsibilidade frente a situações adversas”, destaca a diretora.

A preparação para o inverno também envolve cuidados técnicos com os veículos. De acordo com Maas, antes do início da temporada é importante que as empresas realizem manutenções preventivas nos caminhões, como checagem do sistema de freios, instalação de pneus adequados para neve, verificação do sistema de aquecimento, bateria e fluidos anticongelantes.

“O sistema elétrico e de iluminação também deve ser revisado, pois é essencial para garantir segurança em situações de baixa visibilidade. Essas medidas reduzem riscos de pane em regiões de altitude e asseguram maior confiabilidade das operações logísticas durante o inverno nos Andes”, ressalta.

Durante emergências na Cordilheira, a comunicação entre autoridades chilenas, argentinas, brasileiras e uruguaias é feita por meio de boletins oficiais integrados emitidos pelo Sistema Integrado Cristo Redentor, da Gendarmeria Nacional da Argentina e pelas autoridades chilenas de fronteira.

No Brasil, a Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI) atua como suporte essencial, centralizando informações e repassando atualizações às transportadoras. A entidade também intermedia demandas do setor junto às autoridades, contribuindo para maior previsibilidade nas operações.

A executiva explica ainda que os motoristas que atuam nas rotas internacionais recebem treinamentos específicos para enfrentar condições adversas. As capacitações, segundo ela, incluem técnicas de direção defensiva em neve e gelo, uso correto de correntes nos pneus, manutenção de distância segura em estradas escorregadias e procedimentos em caso de neblina ou nevasca.

“Eles também recebem instruções sobre primeiros socorros, comunicação via rádio e aplicativos oficiais e boas práticas de descanso e alimentação em altitude, garantindo maior segurança pessoal e confiabilidade no transporte durante o inverno”, completa.

Para decisões em tempo real, Maas reforça que as empresas precisam considerar dados meteorológicos como intensidade e previsão de neve, formação de gelo, visibilidade, temperatura e risco de avalanches.

“Informações logísticas, como tempo de espera nas aduanas, status de abertura do Paso Los Libertadores, fluxo de caminhões e condições das estradas também precisam ser analisadas. Esses dados são cruzados com o rastreamento via GPS da frota, permitindo ajustes imediatos de rota, programação de armazenagem ou replanejamento de prazos com os clientes”, conclui a diretora executiva da Transmaas Logística Internacional.

Para saber mais, basta acessar: http://www.transmaas.com.br

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