Carros coloridos perdem espaço no mercado global

Carros coloridos perdem espaço no mercado global
Carros coloridos perdem espaço no mercado global

Nos últimos 20 anos, o mercado automotivo tem se tornado cada vez mais monocromático, com uma queda significativa no número de carros coloridos em todo o mundo. Em 2023, 80% dos veículos vendidos eram das cores branco, preto, cinza e prata, um aumento considerável em relação a 60,3% registrado em 2004. A análise da iSeeCars, que estudou mais de 20 milhões de carros usados vendidos durante quase duas décadas, revela que o cinza ganhou a maior participação, crescendo 81,9%, enquanto o branco aumentou 77,4%. Em contrapartida, o prata perdeu 52,2% de seu espaço no mercado.

As cores consideradas “coloridas” têm visto um declínio acentuado. As maiores quedas foram observadas em tons como dourado (-96,8%), roxo (-92,7%), marrom (-86,5%), bege (-85,3%) e amarelo (-75,7%). Esse fenômeno se dá mesmo com a diversidade de cores oferecidas pelas montadoras, que se mantém praticamente a mesma, com uma média de 6,7 cores por modelo atualmente, em comparação a 7,1 em 2004.

Ter um carro de cor exótica pode ter suas vantagens e desvantagens. Por um lado, carros coloridos são frequentemente uma expressão da personalidade do motorista, permitindo que ele se destaque em meio à multidão. Além disso, cores mais vivas podem aumentar a visibilidade e, consequentemente, a segurança nas estradas.

“Em alguns casos, modelos coloridos podem atrair colecionadores e entusiastas, aumentando seu valor de revenda”, comenta Aender Dias, profissional de martelinho de ouro há quase 20 anos. Especialista em fazer reparos em carros de cores exóticas, Aender viaja o mundo desamassando automóveis de luxo. Ele explica que, ao sofrer danos na lataria, carros de cores especiais podem enfrentar dificuldades para encontrar peças de reposição ou a mesma tonalidade de tinta para os reparos. “Por isso, muitos optam pelo martelinho de ouro, técnica artesanal que desamassa sem interferir na originalidade do carro”, explica o brasileiro.

Natural de Lagoa Santa, em Minas Gerais, Aender passa pelo menos seis meses por ano na Europa, entre Alemanha, Itália e Espanha, consertando carros de marcas como McLaren, Porsche e Lamborghini. Segundo ele, um dos concertos mais desafiadores foi feito em um Mini Cooper edição especial, em tom de roxo degradê. “Por não ser possível replicar a pintura original de fábrica, foi preciso desamassar a lataria artesanalmente com martelinho de ouro e depois recuperar a pintura com pincel, camuflando os arranhões”, disse. “Um trabalho que normalmente levaria um dia para ser concluído em um carro de tonalidade comum levou cerca de três dias por ser uma cor especial”, compara.

Segundo uma pesquisa da SEAT, as preferências pelas cores dos carros mudam de acordo com as culturas e crenças do país. Na Europa e nos Estados Unidos, a cor azul ocupa um lugar de destaque, com uma participação de 10%, enquanto na China é rara. Os países mediterrâneos preferem cores mais brilhantes. Na Espanha, o vermelho é a terceira cor mais popular, enquanto ocupa a quarta posição na Itália e a sexta em mercados como a Suíça.

No Brasil, branco, preto e prata são as cores mais populares, com quase 85% da fatia de mercado. Depois vêm vermelho e azul, com aproximadamente 10%. Amarelo, laranja, verde e subtons giram em torno de 1%.

As tendências indicam que as cores branca, preta e cinza continuarão a dominar o mercado global em 2024. Entretanto, empresas como a Axalta, de tintas automotivas, buscam quebrar a monotonia do setor com o lançamento de cores mais ousadas. Para 2024, a companhia introduziu o “Starry Night”, um tom de preto que mistura flocos de azul claro e prata, simbolizando uma fusão do clássico com o contemporâneo.

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