O que tem na carteira de investimentos de brasileiras educadoras financeiras?

O que tem na carteira de investimentos de brasileiras educadoras financeiras?
O que tem na carteira de investimentos de brasileiras educadoras financeiras?

As mulheres ainda são minoria, mas estão cada vez mais presentes no mercado de investimentos. No ano passado, o número de investidoras na Bolsa de Valores cresceu 16,3%. O volume de mulheres que afirmaram ter alguma aplicação financeira também avançou de 28% em 2021 para 33% em 2022, segundo dados do estudo “Raio X do Investidor Brasileiro”.

Não existe um padrão para entrar para essa estatística. As estratégias de investimentos podem variar de acordo com as necessidades de cada pessoa. No geral, o perfil feminino faz escolhas com menos riscos e mais previsibilidade, como é o caso da renda fixa, segmento em que mais confiam. Para entender se as educadoras financeiras se encaixam nesse perfil conservador ou se arriscam mais, três especialistas foram entrevistadas e contaram como  montam suas estratégias para manter uma carteira de investimentos rentável, diversificada e segura.

A primeira delas, Bia Santos é formada em administração e CEO da Barkus Educacional, uma edtech criada para democratizar o acesso à educação financeira para jovens e adultos por meio da Iara, um bot humanizado que atua como educador financeiro de bolso, via WhatsApp. A educadora começou a investir em 2014, quando conseguiu um estágio, ainda na  faculdade, mas teve acesso à educação financeira um pouco antes, por conta de um projeto escolar ainda no ensino médio. “Sabia que, já no primeiro emprego, precisava me planejar para poupar e investir. Comecei com um investimento mais fácil e conhecido e depois continuei estudando e evoluindo meus conhecimentos”, lembra Bia.

Com o passar do tempo, o perfil de investidora também evoluiu. “Quando comecei, meu perfil era mais conservador. Com o tempo de estudo, o aumento de renda e depois de realizar testes de suitability, meu perfil passou para moderado”, completou a especialista.

Esse também foi o percurso do perfil da consultora de investimentos Carolina Lins, fundadora do Carteira Azul e autora do livro “Em Busca da Carteira Azul”. Segundo Carolina, em 2016, quando ainda era estagiária, um colega a convenceu a tirar parte do dinheiro que tinha guardado na poupança para investir em títulos do Tesouro Direto. E ali começou a transição do perfil conservador para o moderado. “Conforme experimentei as oscilações de alguns ativos, entendi que tolerava um pouco de risco”, explica a consultora, que atribui à educação financeira o hábito de guardar parte do que ganha e, independentemente da renda, saber gastar menos do que recebe.

Já a fundadora do G&P Finanças, Mônica Costa, passou a investir quando percebeu que somente a educação financeira seria a saída para uma situação de constante endividamento. Mônica se considera uma investidora conservadora, mas pondera que os investimentos vão ganhando um viés mais arrojado à medida que estuda e entende um pouco mais sobre as novas possibilidades. “Como é importante tempo para isso, vou devagar. Mantenho investimentos em renda fixa para sustentar minha reserva financeira, tenho alguns aportes em fundos de investimentos, ações e criptoativos. Agora estou estudando o universo das NFTS”, completa.

Na hora de montar a carteira de investimentos, Bia Santos adota princípios conectados ao seu perfil, que é moderado, menos arriscado. Ela busca investimentos que conhece bem ou que teve mais tempo para acompanhar as variações. “Hoje, tenho uma carteira diversificada, com investimentos em renda fixa e renda variada, mas fui avançando na compra de ativos aos poucos, conforme ganhava confiança. Foi uma ótima forma de aprender e pôr em prática para ensinar”. Carolina Lins segue o mesmo princípio, buscando diversificação e respeito aos seus objetivos financeiros. Essa também é a lógica de Mônica Costa que afirma que “todos os investimentos estão alinhados com meus projetos de vida para curto, médio e longo prazos.”

Conhecimento é requisito fundamental apontado pelas  especialistas para enfrentar a ansiedade e o medo de investir em ativos mais arriscados, como ações. Bia ressalta que aplicar em um investimento que  não conhece ou tem pouquíssima referência gera muita ansiedade. “Conhecer bem os riscos do ativo que está investindo é um ótimo passo para lidar com as possíveis variações do mercado”. Uma outra dica da CEO é começar com investimentos mais seguros, que não oscilem tanto em momentos de instabilidade no mercado, e deem tranquilidade em momentos de emergência. “Assim, o investidor não fica preocupado com quedas bruscas, que podem acontecer em investimentos mais arriscados, e pode contar com uma maior estabilidade em parte da sua carteira”, orienta Bia.

Carolina Lins recomenda estratégia semelhante. “Começar com pouco dinheiro, um valor que não fará falta caso  tenha prejuízo ao investir nesses ativos. Além disso, só abra o aplicativo da corretora no dia que for investir, ficar olhando todos os dias só vai prejudicar, pois esses tipos de ativos precisam de tempo para começar a trazer retornos interessantes”, ressalta.

Mônica Costa acredita que entender o objetivo dos investimentos é a chave. “Os investimentos que mantenho em ações são para longo prazo, justamente porque tenho tempo para pensar em outros caminhos caso tudo dê muito errado. Estude antes de investir. Sempre haverá riscos, mas se for possível entender qual o tamanho do risco e com antecedência, a ansiedade tende a diminuir”, diz a fundadora da G&P.

Estabelecer o objetivo do investimento também é importante para quem está considerando investir pela primeira vez. “Entenda onde quer estar nos próximos anos e pense que os investimentos podem ser aliados importantes para que essa projeção se concretize com maior segurança”, afirma Mônica. Além disso, Carolina Lins alerta para não esperar ganhar bem para começar a investir. “Comece com o que tem hoje e aplique todos os meses. Assim a pessoa se tornará rica lá na frente.”

Bia Santos lembra que, antes de ter acesso à educação financeira, acreditava que, para investir, precisava de muito dinheiro. “Acabar com essa crença me ajudou a começar a fazer aplicações financeiras desde cedo, mesmo que com pouco dinheiro. Conforme aumentei meus conhecimentos sobre os ativos disponíveis e minha renda, comecei a investir mais e diversificar. Então, não se cobre tanto no começo, o importante é começar de maneira segura”, finaliza.

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