A implantação de boas práticas na avicultura de corte poderá ser atestada em toda a América Latina com o lançamento da “Certificação em Bem-estar Animal”, da startup brasileira Produtor do Bem. O novo selo foi apresentado na quarta-feira (12), dentro da programação do simpósio “Definindo o futuro do bem-estar animal na América Latina”, que reuniu empresas de alimentos globais, demais stakeholders e pesquisadores.
O desenvolvimento do selo está ligado à criação da Produtor do Bem, que é formada por profissionais que dispõem de conhecimento técnico em bem-estar animal, unindo suas experiências nas áreas de indústria, academia e organizações não governamentais. Com um olhar atento às necessidades e mudanças do mercado em relação ao sistema de produção, a iniciativa surge com uma opção sustentável, justa e com melhores níveis relacionados à criação dos animais de fazenda.
“Pensando nesse novo cenário, nos desafios e nos gaps que existiam no mercado até então, desenvolvemos a Produtor do Bem. Considerando a avicultura de corte, a nossa proposta é de trazer um selo inovador, sendo o primeiro na América Latina a ter condições de certificar com 100% de alinhamento com o Better Chicken Commitment e também com a Farms Initiative, que são de grande relevância para o mercado”, destaca o diretor executivo da Produtor do Bem, José Rodolfo Ciocca.
Diferente das certificações já existentes – que praticamente são traduções dos modelos europeus ou norte-americano, o selo desenvolvido pela startup leva em consideração a realidade brasileira e os critérios e indicadores fundamentais para garantir um nível de excelência do bem-estar dos animais.
“Criamos um selo brasileiro que não exclui a realidade latino-americana, ao contrário, inclui em três níveis de abordagem a nossa realidade e tipo de produção local, com equivalência às diferentes certificações globais já existentes. Posso afirmar que o nosso selo contempla os indicadores que são exigidos em diferentes países e atende aos mais rigorosos requisitos de bem-estar animal do mundo. Isso traz mais segurança para as empresas e nos dá a oportunidade de atender mercados estratégicos para os nossos parceiros, sem perder a nossa essência brasileira”, detalha Ciocca.
Ele adianta que o lançamento do selo é só o início do projeto. “Queremos justamente trabalhar para que isso seja comunicado de uma maneira muito simples ao consumidor. Nosso objetivo é fazer com que ele entenda a importância disso na tomada de decisões e que, principalmente, tornemos o bem-estar animal difundido (mainstream) e não apenas um nicho de mercado ou uma linha específica de produtos. Temos isso como um dos nossos diferenciais”, resume o diretor executivo da Produtor do Bem.
Maior engajamento
Criada também para trazer soluções aos pequenos produtores, como a certificação, a startup brasileira quer incluir as pessoas que não têm acesso ao mercado por meio subsídios em termos de auditorias e selos que as deem a oportunidade de acessarem novos espaços. Além disso, no futuro, a iniciativa quer incorporar outros aspectos socioambientais para que o bem-estar animal seja parte integrante de uma certificação mais robusta.
“Buscamos que isso não seja uma coisa tão específica, mas que ela oportunize ao pequeno produtor a certificação, seguindo aspectos mínimos, com as questões socioambientais sendo cumpridas de acordo com iniciativas globais como a Global Reporting Initiative.”, explica Ciocca.
Ele enfatiza que o desenvolvimento da certificação também deu voz às organizações não governamentais, que puderam conhecer mais das indústrias do setor, por meio de agendas mais positivas.
“Temos uma equipe muito diversa e multidisciplinar, com pessoas que vêm de ONGs e da indústria, todos com excelente relacionamento no setor produtivo e na academia. Com nosso quadro de especialistas, estamos construindo firmes conexões entre a indústria e o terceiro setor para que o debate avance. Queremos ter sequência em relação a mudanças de sistemas, em busca de soluções factíveis e conjuntas. Esse é um ponto em que nos colocamos como uma ponte entre as exigências do consumidor e da sociedade civil organizada, com os produtores do campo e a agroindústria”, ressalta o diretor executivo da Produtor do Bem.