No Brasil, a reciclagem da indústria têxtil ainda enfrenta alguns desafios uma vez que não existem muitos locais para o descarte correto dos resíduos, sejam eles sobras de produção, retalhos e até peças de roupas. Quando destinados corretamente, os tecidos passam por um processo chamado de “desfibrilação” dos fios, que os tornam reutilizáveis como matéria-prima.
A falta do descarte correto, associada aos dados apresentados pela ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção), em 2020, mostram que o Brasil produziu 7,93 bilhões de novas peças. Aponta que o setor têxtil e de confecção teve um faturamento de R$194 bilhões em 2021. Um crescimento esperado de, aproximadamente, 20% em relação aos R$161 bilhões somados no ano anterior.
Analisando o cenário, Francis Axt, gestora de ESG da Texneo, uma das principais indústrias têxteis da América Latina, com foco na produção de malhas em rolo para os segmentos sportswear, beachwear, underwear e lifewear, listou quatro iniciativas acessíveis que apresentam uma solução alternativa para a gestão desses resíduos:
Matérias-primas recicladas
O uso do elastano reciclado pode ser uma ótima alternativa para quem trabalha no segmento. Em linhas gerais, o elastano é uma matéria-prima feita a partir de petróleo, que não é biodegradável. Portanto, seu uso abre novas possibilidades de criação para o setor, que vão de encontro às melhores práticas sustentáveis, uma exigência crescente do consumidor do futuro. Já existem matérias-primas, como a poliamida e o elastano reciclado, que são feitos a partir da reutilização de resíduos industriais que seriam descartados como lixo.
Destinação correta de resíduos têxteis
Assim como citado no início desse texto, devemos entender que a destinação final dos resíduos é essencial e de extrema importância. Dentro do universo têxtil, infelizmente não temos muitas opções de postos específicos para esse tipo de material. Por isso, vale a atenção redobrada nesse quesito.
Moda de segunda mão
O aumento desse tipo de moda é visível, os brechós e os chamados “upcycling” estão cada vez mais em alta. Isso porque assuntos sustentáveis vieram à tona nos últimos tempos e o consumidor começou a procurar opções que fossem de acordo com o que compreende como sustentabilidade.
Reutilização de tubetes
Os tubetes, que são os usados para enrolar/acoplar a malha em rolo, são feitos de papelão resistente, ou seja, tem grande durabilidade. Sendo assim, um tubete pode ser reutilizado por inúmeras vezes, quando bem conservado. Além das roupas e sobras de malhas, o setor têxtil também gera outros tipos de resíduos, como os tubetes de papelão que acoplam as malhas
Por fim, vale ressaltar que apesar das dificuldades, a reciclagem no segmento têxtil é imprescindível não só em relação às questões socioambientais, mas também para que os responsáveis ajudem a fomentar o mercado com iniciativas e atitudes que impactem positivamente o setor. Vale ficarmos de olho em como as indústrias vão se comportar esse ano!