Os Reconhecimentos de emergência por desastres naturais cresceram mais de 84% em dez anos no Brasil

Dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres apontam um salto de 1.189 para 2.197 reconhecimentos federais

 

Nos últimos dez anos, o número de reconhecimentos federais de situações de emergência por desastres naturais no Brasil saltou de 1.189 para 2.197, segundo dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres que consideram o período entre 2014 e 2023. O índice representa aumento de 84% nas solicitações reconhecidas pela União. Estiagem, tempestades, inundações e enxurradas foram os desastres que mais atingiram os estados nesse intervalo.

No mesmo período, desastres naturais causaram prejuízo de ao menos R$ 328 bilhões ao setor privado e R$ 34 bilhões na área pública, com impactos, principalmente, na agricultura e no abastecimento de água. De acordo com levantamento da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, entre 2014 e 2023, 1.768 pessoas morreram em razão de desastres no Brasil e mais de 4 milhões ficaram desabrigadas.

O reconhecimento da situação de emergência serve para que os municípios solicitem recursos federais para assistência humanitária, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução de infraestruturas e moradias destruídas ou danificadas pelo desastre.

Para efeito de comparação, apenas os reconhecimentos por estiagem, que foram os maiores em 2014 e 2023, tiveram aumento de 76%, saltando de 624 decretos para 1.100. Por 24 anos, a estiagem e a seca foram os desastres climatológicos que mais afetaram e causaram prejuízos no Brasil. Entre 2000 e 2023, os fenômenos geraram danos de ao menos R$ 359 bilhões no setor privado e de R$ 32 bilhões na área pública, totalizando R$ 391 bilhões, além de atingir 110 milhões de brasileiros.

Seguido da estiagem, solicitações de emergência por tempestades também se destacaram no período, com 259 decretos em 2014 e 631 em 2023. Apenas no ano passado, ao menos 50 municípios tiveram o pedido reconhecido por danos causados por enxurradas e inundações. O Rio Grande do Sul, que enfrenta alagamentos em mais de 400 municípios desde o fim de abril, já havia lidado com enxurradas e chuvas no fim de 2023, por exemplo.

Desastres no Brasil

Nos últimos 10 anos, 2022 foi o período com maiores prejuízos no setor privado, alcançando R$ 62 bilhões. No mesmo ano, o país vivenciou dois desastres de grandes proporções, sendo eles em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e em Pernambuco.

A chuva que atingiu a região de Petrópolis há dois anos provocou mais de 200 ocorrências de deslizamento, que causaram a morte de ao menos 230 pessoas. Na época, o volume da água provocou desabamentos de casas, deslizamentos de barreiras e inundações de ruas.

Também em decorrência das fortes chuvas, Pernambuco registrou uma série de deslizamentos e enxurradas em 2022, sendo que 14 municípios da região metropolitana de Recife declararam estado de emergência. O desastre foi responsável pela morte de 130 pessoas, afetando 130 mil brasileiros e quase 17% de toda a área urbana de Recife.

No ano passado, pesquisadores do Cemadem (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) fizeram uma série de recomendações para reduzir os impactos dos desastres naturais relacionados ao clima no país, entre eles o aperfeiçoamento de sistemas e apoio nas decisões de gestão de recursos.

Ao longo dos anos, o país registrou outros desastres naturais, sendo a estiagem e seca as principais ocorrências. Em 2017, por exemplo, 38 milhões de brasileiros foram atingidos pelas secas, segundo a ANA (Agência Nacional de Águas). Desses, 80% estavam na região Nordeste, essencialmente no semiárido da Bahia, do Ceará e de Pernambuco.

Áreas de risco

Ao menos 4 milhões de pessoas vivem em 14.840 áreas de risco no Brasil, de acordo com o Serviço Geológico. Dessas, 4.524 são consideradas de risco muito alto, com chances deslizamentos, inundações, erosões e outros.

Porto Alegre ocupa a quinta posição entre os municípios com maior risco de desastres naturais do país, com 142 áreas de perigo. Com 51 zonas de “risco muito alto”, a região enfrenta, principalmente, chances de deslizamentos, inundações e enxurradas. O município fica atrás apenas de Ouro Preto (MG), Nova Friburgo (RJ), Brusque (SC) e Jaboatão dos Guararapes (PE).

A organização informou que o mapeamento é feito para descrever as áreas sujeitas a perdas ou danos decorrentes da ação de eventos de natureza geológica. “Após a finalização dos trabalhos, relatórios e mapas são entregues aos gestores municipais e aos órgãos de defesa civil nas esferas municipal, estadual e federal”, informou.

anúncios patrocinados
Anunciando...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.