Média é o resultado total de 51.527 focos notificados no mês, o maior índice desde setembro de 2022, aponta Inpe
Por dia, o Brasil registrou ao menos 1.981 focos de incêndio em agosto, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que consideram o período entre 1º e 26. A média é o resultado total de 51.527 focos notificados no mês, o maior índice desde setembro de 2022, quando foram registrados 60.313. Atualmente, algumas regiões do país enfrentam uma onda de queimadas, entre elas o interior de São Paulo, Amazônia e Pantanal.
Apenas nesta segunda (26), 2.810 focos foram registrados, uma média de 117 incêndios por hora. No acumulado do ano, o número sobe para 109.943, o que supera os eventos registrados há 23 anos (101.530). Mato Grosso, Pará e Amazonas foram os estados mais afetados pelo fogo em quase oito meses, com 21.694, 14.794 e 12.696 focos, respectivamente.
Segundo um levantamento feito pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, nos últimos cinco anos, incêndios florestais causaram danos de pelo menos R$ 1,35 bilhão no setor privado e R$ 13,56 milhões para área pública, além de afetar cinco milhões de pessoas. Pecuária, assistência médica e segurança pública foram os setores mais atingidos.
Em São Paulo, por exemplo, os incêndios que afetam a região deixaram 48 municípios em estado de alerta para novos incidentes. De acordo com o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), que reúne várias secretarias e órgãos do governo paulista, 270 famílias de Pradópolis, localizada na região de Ribeirão Preto, foram forçadas a deixar suas casas devido às queimadas na região. Ao menos 800 pessoas tiveram que deixar as residências.
Já a Amazônia, que enfrenta um período de seca, teve mais de 2,5 milhões de hectares queimados em agosto, apontam dados do Lasa-UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro), que consideraram os dias entre 1º e 25. A metragem corresponde ao estado de Sergipe.
O governo federal informou que a principal suspeita é de que as queimadas registradas pelo país sejam criminosas. Em coletiva concedida neste domingo (25), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirma que o padrão “não faz parte da nossa experiência”. “É uma situação atípica. Você começa a ter, em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo”, declarou.
América do Sul
Com 109.943 focos de incêndio registrados até 26 de agosto, o Brasil ocupa o primeiro lugar entre as nações da América do Sul com maior número de focos de incêndios, aponta o Inpe. Na sequência, aparecem Venezuela (38.731), Bolívia (33.942) e Argentina (16.031).
No período, a Amazônia e Cerrado foram os biomas mais afetados pelos incêndios, com 52.104 e 35.101 focos, respectivamente. Na região amazônica, por exemplo, apesar de ter registrado redução de 50% no desmatamento em 2023, a seca aumentou o fogo em algumas áreas do bioma, de acordo com Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
De acordo com a Polícia Federal, 31 inquéritos já foram abertos para investigar suspeitas de incêndios criminosos no país. Do total, 29 investigações são sobre ocorrências na Amazônia e no Pantanal e outras duas investigações envolvem São Paulo.
Qualidade do ar
Em meio aos incêndios no país, algumas cidades ficaram encobertas por fumaça, entre elas Brasília, Goiânia e Ribeirão Preto. No Distrito Federal, por exemplo, o Ibram (Instituto Brasília Ambiental) apontou a qualidade do ar na capital como “muito ruim”, chegando a “péssima” às 19h deste domingo (25).
Em nota, o Instituto apontou que as “condições meteorológicas não favoreceram a dispersão desses poluentes, com direção do vento ainda de sul trazendo a fumaça dos incêndios para nossa região, agravado por uma situação de inversão térmica que dificulta ainda mais a dispersão”.