Já dizia o velho ditado! Farinha pouca, meu pirão primeiro; todos querem meter a colher na grana das apostas

Hoje, 18 dos 20 times da Série A são patrocinados pelas ‘bets’. A própria CBF cogita morder um pedaço desse bolo

 

Em agosto, publicamos aqui que a Globo e o Flamengo estavam bem avançados para começarem a atuar com as suas próprias casas de apostas esportivas. Sabe-se agora que, além deles, Band e SBT também vão entrar na onda das ‘bets’, e se movimentam para, até o ano que vem, abocanhar um pedaço desse bolo gigantesco. Estima-se que o mercado de apostas movimenta  mais de R$ 150 bilhões por ano no Brasil.

Em 2018, apenas uma casa de apostas figurava entre os 300 principais anunciantes do Brasil. Atualmente há pelo menos uma dúzia  delas entre os primeiros 50 colocados da lista.

Especialmente no futebol, o impacto das apostas esportivas como “carro-chefe” em patrocínios é algo nunca visto Brasil. Hoje, 18 dos 20 times da Série A do Campeonato Brasileiro estampam em algum lugar do uniforme uma marca de “bet”.

A própria CBF cogita mudar as regras gerais dos campeonatos para obrigar os clubes a contribuírem com parte das receitas recebidas das casas de apostas.

Recorde-se que o Flamengo trocou o BRB, seu antigo patrocinador máster, pela Pixbet, num contrato que prevê até R$ 225 milhões em dois anos para ocupar o espaço nobre do uniforme Rubro-negro.

E o Corinthians – só para citar os dois times de maior torcida do País – trocou a Hypera Pharma pela VaideBet, e, num primeiro momento, todos comemoraram aquele que seria o maior patrocínio máster do futebol brasileiro: R$ 370 milhões por três anos.

Ocorre que a diretoria do Timão deu uma monumental pisada na bola ao se envolver em suspeitas de propinas para  ‘laranjas’, e o contrato foi descontinuado. Mas logo apareceu o Esporte da Sorte para bancar o Timão. Dinheiro não é problema para essas empresas.

Quem ganha e quem perde?

Levantamento do banco Itaú estima que até o meio deste ano os apostadores desembolsaram R$ 68,2 bilhões nesse tipo de competição e receberam de volta R$ 44,3 bilhões. Ou seja, perderam R$ 23,9 bilhões. Conclui-se, pois, que o jogo é péssimo negócio para o apostador.

Mas, ao que tudo indica, ninguém está preocupado com isso. Tanto que Globo, SBT e Band estão entrando num mercado que nada tem a ver com o negócio da comunicação.

Nem mesmo o Governo Federal parece disposto a proteger os incautos jogadores  para eventuais riscos de prejuízos. Uma série de portarias do Ministério da Fazenda que instituiu a regulamentação das apostas preveem que as poucas chances de vitória e os riscos envolvidos devem ser anunciados com clareza.

Mas o consumidor não dá a mínima. Mal comparando, é mais ou menos como as mensagens nos maços de cigarros que alertam para os sérios riscos à saúde. O consumidor, que, em pleno gozo de suas faculdades mentais, quiser desafiar as probabilidades (na saúde ou em jogos de azar), vai continuar arriscando-se. E ponto final.

E não podemos esquecer também que, pela nova legislação, as casas de apostas serão tributadas pelo Ministério da Fazenda em 12%. Especialistas dizem que a “mordida do Leão” foi pequena. Não é nada, não é nada, mas é um dinheiro novo no caixa do Governo Federal.

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A coluna Futebol Etc na edição impressa do Jornal de Brasília, nesta segunda-feira (2/9)
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