
O governo federal lançou, no dia 3 de novembro, o programa Reforma Casa Brasil, que disponibiliza R$40 bilhões em crédito para reformas residenciais. A iniciativa combina recursos do Fundo Social do Pré-Sal, que aporta R$30 bilhões, e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), responsável por outros R$10 bilhões via Caixa Econômica Federal. Além do volume financeiro, o programa chama atenção por adotar, de forma inédita, a inteligência artificial (IA) como principal mecanismo de fiscalização das obras.
A operação prevê que os beneficiários enviem fotos das intervenções realizadas, que serão avaliadas por algoritmos que substituem auditorias presenciais. O modelo, comum no setor privado, passa agora a ser utilizado para monitorar uma política pública que pretende alcançar 1,5 milhão de famílias.
Para o especialista em mercado imobiliário Daniel Claudino, a tecnologia representa uma solução lógica ao acelerar processos e reduzir custos, mas não elimina a necessidade de verificação humana em determinadas etapas. “A IA consegue confirmar que “algo foi feito” através da comparação de fotos, mas não valida se os R$30 mil foram gastos em material de qualidade ou se o orçamento foi superfaturado”, avalia.
Para o especialista, o histórico da América Latina acende um alerta. Fraudes já registradas em programas habitacionais no México, Chile e Peru envolveram falhas desde obras incompletas até desvios de recursos e vendas irregulares de unidades sociais.
Ainda assim, Claudino afirma que a IA pode ser aliada importante para garantir a execução do programa em escala nacional. “Com 8,5 milhões de km² e 5.570 municípios, a auditoria presencial universal seria financeiramente inviável. Sendo assim, a tecnologia surge como única solução logisticamente possível”.




