O Cheque em grande desuso? Os Especialistas explicam quando (ainda) vale a pena usar o pré-datado

Diminuição do uso do cheque, contudo, não significa seu fim. Para certos propósitos, a ordem de pagamento ainda tem espaço

Em queda de 96% desde 1995, o uso de cheques no Brasil sobrevive principalmente para pagamentos de valores acima de R$ 3 mil, de acordo com um levantamento do ano passado feito pela Federação Nacional dos Bancos (Febraban), divulgado no final de janeiro. A diminuição do uso da ordem de pagamento, contudo, não significa seu fim. Para certos propósitos, o cheque ainda tem espaço.

O valor do tíquete médio de compensação de cheques subiu de R$ 3.617,60 de 2023 para R$ 3.800,87 no ano passado. Para o economista Amílcar Martins, sócio-diretor da Maza Asset Management, os cheques ainda são usados no Brasil para, principalmente, pagar caução de aluguel e por pessoas que veem nesse meio de pagamento uma transação mais confiável.

“Algumas pessoas, normalmente pessoas com faixa etária mais elevada, ainda cultivam o hábito de pagar com cheques seja por comodidade ou por ver neste meio de pagamento uma maior confiança”.

O racional por trás do cheque?

Em meio a alternativas já consolidadas de pagamentos — como cartão, boleto, TED e o PIX —, ainda vale a pena pagar com cheques? A resposta, de acordo com a economista Fernanda Prado, é “depende”.

A especialista em finanças pessoais explica que os cheques podem ser utilizados para evitar a descapitalização do cliente, no caso de uma caução, ou de angariar descontos.

“Utilizar o cheque como caução faz sentido porque a inquilino não precisaria se descapitalizar — gastar o dinheiro no ato da assinatura de contrato. Ele (o inquilino) dá o cheque, que ficaria com o proprietário do imóvel e não seria compensado”, contou Fernanda.

Ao evitar a descapitalização — ainda no caso da caução —, a pessoa continuará com o dinheiro na conta, “Salvo em situações que houvesse necessidade de o proprietário utilizar o valor da caução — como quando o inquilino não paga o aluguel ou causa danos ao imóvel”, explicou Fernanda.

Fernanda Prado, porém, alerta para o fato de o cheque não ser aceito por imobiliárias como pagamento de caução. “Como já existem novas tecnologias que superam o cheque nos quesitos praticidade e segurança, esse meio de pagamento nem sempre é aceito por imobiliárias, que condicionam a caução a outras formas de seguro”, disse.

Custo de oportunidade

Na relação entre proprietário e inquilino, o primeiro agente pode deixar de ganhar dinheiro ao aceitar recebimento de cheque como pagamento do caução. De acordo com Fernanda, essa perda é explicada pela relação custo de oportunidade.

“Enquanto o cliente evita se descapitalizar na caução em cheque e, dessa forma, garante ter um saldo para usar o dinheiro para um investimento, o proprietário que aluga o imóvel pode sair perdendo por deixar de receber a quantia em dinheiro e ficar no risco de receber um documento sem fundo”, afirmou.

Onde ambos ganham

Se o uso de cheques pode ser positivo ao inquilino e arriscado ao proprietário, há uma solução capaz de levar benefícios a ambas as partes. Segundo Fernanda Prado, proprietários e inquilinos “saem ganhando” se a caução for paga em dinheiro e a garantia ser alocada em um fundo que corrija o valor pela inflação.

“Colocando o dinheiro da caução em um fundo capaz de ajustar a quantia pela inflação, os donos de imóveis garantem o valor da caução na conta e inquilinos teriam seus valores em dinheiro corrigidos”, disse.

anúncios patrocinados
Anunciando...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.