Aprenda como elaborar um currículo de destaque para o seu primeiro emprego

Falta de experiência é o principal desafio enfrentado pelos jovens ao construir a apresentação. Especialistas orientam destacar qualificações e experiências, como intercâmbio e trabalho voluntário

 

A busca pelo primeiro emprego é um desafio comum para os jovens após a conclusão do ensino médio e durante a faculdade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população entre 18 e 24 anos enfrenta dificuldades consideráveis para ingressar no mercado de trabalho, com uma taxa de desocupação que chega ao dobro da média nacional (15,3%). A falta de experiência prévia, muitas vezes, é apontada como uma das principais barreiras nesse processo. Mas como superar esse obstáculo e conquistar um emprego?

Segundo Maria Paula Oliveira, diretora de Gente, Jurídico e Compliance da empresa LG Lugar de Gente, ter um currículo bem elaborado é essencial para se destacar nos processos seletivos. “Na prática, o currículo é o primeiro recurso que utilizamos no nosso dia a dia de RH para fazer uma triagem prévia. Ele é a primeira ferramenta que utilizamos para conhecer os candidatos, fazer uma seleção inicial e entender quais perfis se enquadram na vaga que estamos buscando. É a porta de entrada para os candidatos e nos ajuda a determinar se aquele perfil se alinha ou não à posição específica com base nas qualificações e características necessárias para o cargo”, explica.

Nesse sentido, é importante destacar qualificações que o candidato possui e explicar como elas se relacionam com a vaga em questão. “É crucial descrever as informações acadêmicas: qual é a formação desse candidato? Como essa formação acadêmica se relaciona e contribui para as qualificações que a empresa está buscando?”, ressalta Maria Paula.

Experiências, mesmo que não diretamente relacionadas à vaga, também são importantes. “Outras atividades, como intercâmbio, pesquisa, idiomas que a pessoa fala, participação em negócios familiares ou trabalhos voluntários, tudo isso é bem-vindo. Adicionar cursos, como pacote office ou um curso de inteligência artificial, também é válido. Muitas vezes, o RH busca palavras-chave que chamem atenção e facilitem para que o candidato possa ser visto e escolhido para continuar na seleção”, afirma Maria Paula. (Veja abaixo o modelo básico sugerido pela especialista).

modelo curriculo
Modelo básico de curriculo recomendado(foto: editoria de arte)

 

LinkedIn

O LinkedIn, uma plataforma de mídia social focada em negócios e emprego, tornou-se uma ferramenta útil tanto para quem busca oportunidades de emprego quanto para as empresas que desejam contratar funcionários. De acordo com Camila Souza, gerente de recursos humanos da Serasa Experian, ter um perfil completo e bem otimizado no LinkedIn permite que recrutadores e potenciais empregadores encontrem candidatos com mais facilidade, aumentando sua visibilidade no mercado de trabalho.

“Ter um perfil atrativo é sempre importante e, para isso, eu sempre indico utilizar palavras-chave. Então, uma pessoa que atua na área de finanças, por exemplo, deve destacar, de forma breve, quais são as tarefas que ela realiza, mesmo que não tenha experiência. É importante destacar qual é o interesse do candidato, por que ele tem estudado na graduação e o que pode ser relevante ali”, explica Camila.

Além disso, a especialista reforça a importância de deixar claro o objetivo profissional na conta. “A própria plataforma possui uma ferramenta que permite estruturar qual é o foco do profissional, o que ele está buscando fazer no início da sua carreira. Eu sugiro evitar muitas informações de uma vez, o que dificulta a leitura para quem está buscando. Sempre falo que é importante dedicar alguns minutos para estruturar de forma sucinta e listar as principais atividades que a pessoa executa ou tem interesse em executar”, esclarece.

Personalização

Outra dica para montar um bom currículo, para aqueles que buscam o primeiro emprego ou que querem avançar na carreira profissional, é adaptar o currículo de acordo com os requisitos do cargo. “Se eu pudesse nomear uma dica para um currículo eficaz, seria a personalização para a vaga específica. É muito importante que o candidato entenda o que a empresa busca”, afirma Maria Paula Oliveira.

Segundo ela, é crucial fazer o “dever de casa” e pesquisar sobre a organização e as qualificações essenciais para a posição desejada. Não é recomendado usar um único modelo para aplicar em várias vagas, mas, sim, contar seu histórico de forma estratégica. “Assim, a descrição de experiências, características e qualificações do candidato irá se adequar ou se encaixar exatamente no que a empresa está buscando. Isso aumentará as chances de o candidato passar para as próximas etapas”, explica.

  •  Maria Paula Oliveira, diretora de gente, jurídico e compliance da LG lugar de gente
    Maria Paula Oliveira, diretora de gente, jurídico e compliance da LG lugar de genteDivulgação
  • Camila Souza, da Serasa Experian, dá dicas para se posicionar no LinkedIn
    Camila Souza, da Serasa Experian, dá dicas para se posicionar no LinkedInArquio pessoal
  • O advogado Arthur Martins explica as consequências de mentir no currículo
    O advogado Arthur Martins explica as consequências de mentir no currículoArquivo pessoal

Ética

Algumas pessoas tentam melhorar seus currículos aumentando seus feitos ou mesmo mentindo sobre experiências e habilidades. Conforme pesquisa da consultoria de recolocação profissional DNA Outplacement, no mercado de trabalho brasileiro, 75% dos candidatos colocam informações falsas no documento. A enganação para se destacar, embora possa parecer uma estratégia, pode custar oportunidades e até a reputação na carreira, já que envolve competências como honestidade e transparência.

De acordo com o advogado Arthur Felipe Martins, existem diversas consequências para quem é pego mentindo no currículo. A primeira delas pode ser a rescisão do contrato de trabalho por justa causa, pois o contrato de trabalho é baseado na confiança mútua entre empregado e empregador. Se essa confiança é quebrada com uma mentira, pode ocorrer a quebra do contrato. Além disso, se o infrator realizar tarefas para as quais não está qualificado, e isso resultar em prejuízos para o empregador ou para terceiros, o indivíduo pode ser responsabilizado por esses danos, configurando responsabilidade civil.

Em casos mais graves, pode haver responsabilidade criminal. Por exemplo, se alguém se passa por um profissional da área da saúde ou da engenharia sem ter as qualificações necessárias e causa danos que levam à morte de alguém, essa pessoa pode ser acusada de homicídio por dolo eventual.

“A busca pelo primeiro emprego é o momento em que o empregado constrói sua reputação na empresa. Diferentemente de vender um produto, o empregado está vendendo seu conhecimento e suas habilidades. Se alguém descobre que os feitos em seu currículo são mentira, isso prejudica sua reputação e vai atrapalhar a busca por emprego durante um bom tempo ou até para sempre, a depender da mentira”, afirma Felipe.

Exemplos

Caio Areal, 25 anos, estudante do quarto semestre de nutrição, é um dos jovens que enfrentam obstáculos na busca pela primeira experiência profissional. “Tenho enfrentado um pouco de dificuldade ao procurar estágios nessa área, especialmente devido à escassez de oportunidades. Normalmente, as vagas são para as unidades de alimentação e nutrição de hospitais, área que não tenho interesse”, conta. Para solucionar esse problema, ele resolveu expandir as buscas e incluir opções fora de sua área, considerando ocupações como a de recepcionista. “Apesar dos desafios, estou determinado a encontrar oportunidades, explorando diversos sites de emprego, buscando recomendações e mantendo-me atento a possíveis vagas”, explica.

  • Caio Areal, 25, busca estágio na área de nutrição
    Caio Areal, 25, busca estágio na área de nutriçãoArquivo pessoal
  • Bruna Bezerra, 19, evoluiu após uma consultoria profissional
    Bruna Bezerra, 19, evoluiu após uma consultoria profissionalFotos: Arquivo pessoal

 

Bruna de Melo Bezerra, 19 anos, auxiliar administrativa, também passou por uma experiência semelhante. “Depois de terminar o ensino médio, há dois anos, embarquei na busca por um emprego levando em consideração fatores como distância, função, salário e o que eu poderia oferecer para a empresa. No entanto, me deparei com a dificuldade comum de falta de experiência, já que muitas empresas valorizam candidatos com conhecimentos práticos prévios”, relata Bruna.

Diante desse desafio, Bruna optou por buscar ajuda profissional de uma empresa de RH para receber suporte nesse processo. “Com o auxílio profissional, passei a identificar vagas que se alinhavam com o meu perfil e minhas habilidades. Com certeza, essa é uma dica que eu dou para quem se encontra na mesma situação e pode ter esse suporte. Pode ser crucial para superar obstáculos como a falta de experiência”, indica.

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