No palco, um manifesto: Sandro Luiz grava DVD e celebra 10 anos de música, fé e diversidade

Sandro Luiz _ Umbanda
Em 13 de julho, o Qualistage será tomado por um espetáculo que ultrapassa o entretenimento. Sandro Luiz comemora 10 anos de carreira com a gravação de seu primeiro DVD em um show que mistura afeto, ancestralidade e arte. Uma homenagem à sua trajetória e à pluralidade da música brasileira.
Times Brasília bateu um papo exclusivo com Sandro Luiz
 
1- Vc iniciou se dedicando a Umbanda e suas tradições, utilizando sua música como forma de compartilhar ensinamentos. Como é pra vc promover a cultura afro-brasileira?
Ah, para mim é uma responsabilidade muito grande. Levar a nossa religiosidade, a nossa ancestralidade através da nossa cultura, da musicalidade, exige muito cuidado. As pessoas que já conhecem a nossa religião, o Batuque, o Candomblé, entendem o que a gente canta, o que a gente fala. Já aquelas que não são da nossa religião, que estão chegando agora, querendo entender, conhecer, exigem de nós um cuidado ainda maior. A gente precisa passar tudo com muita simplicidade, com muito amor, com sabedoria, transmitindo essas mensagens em forma de canção. A responsabilidade é grande, o cuidado é grande, o zelo é grande, para que tudo aconteça da melhor maneira possível, com paz e ordem, sem cometer erros diante dessa missão que a espiritualidade nos deu.
2- O que espera do público?
A gente sempre espera que o público saia de lá tocado pela energia das canções, da espiritualidade, dos orixás, das entidades. Que se permitam sentir, que saiam tocados pelos instrumentos, pelos atabaques, pelos temas que trazemos. Esperamos muita alegria e felicidade de quem estiver lá comemorando esses dez anos com a gente — não só da nossa trajetória, mas também de resistência e evolução de vários terreiros que estarão presentes. A nossa intenção é que o público saia de lá emocionalmente equilibrado, energizado, revigorado. Essa é a nossa maior emoção, o nosso pensamento e a nossa intenção: ver o nosso povo bem.
3- Ao completar uma década, qual legado vc acha que pode oferecer?
Eu não sei se “legado” é a palavra certa, mas o que eu sempre digo para as pessoas é que ser humilde e ser simples não é sinal de pobreza. Cantar no terreiro não é ser pobre ou inferior. Cantar no terreiro, ou em qualquer lugar, é sinal de amor, de resistência. E cantar no backstage, em grandes palcos onde vários artistas nacionais e internacionais se apresentaram, também é uma forma de mostrar que a gente pode e deve continuar resistindo, buscando o melhor para o nosso povo, dentro do nosso merecimento e da nossa grandeza. A gente quer romper bolhas, levar as canções para mais pessoas, para diversos públicos. Queremos mostrar isso com músicos extraordinários, produtores de excelência, dançarinos incríveis, uma equipe de primeiro mundo. Fazemos isso porque amamos profundamente a espiritualidade, a musicalidade e a nossa cultura. Esse é o nosso recado: querer sempre o melhor, fazer por merecer, sem desejar o que é do outro. Com esforço, a gente chega lá.
4- Quais as novidades desse show?
 
Temos algumas boas novidades para esse primeiro show de comemoração dos dez anos. A primeira é a grande produção assinada por Júlio Fejuca, ganhador de Grammy, que está fazendo os arranjos e produzindo o show. É uma das novidades mais importantes que temos nesse momento. Contaremos com músicos especiais, sensacionais, grandiosos, e também com músicas novas para o público ouvir e sentir. Será algo incrível. Esse primeiro show promete uma experiência completa para quem estiver lá no dia 13, com emoções que poderão ser sentidas com o corpo, com a alma, com todos os sentidos.
5- Gravação de DVD, qual sua expectativa?  A comemoração dos 10 anos, contará com performances ao vivo, quais?
Esses 10 anos será algo pra nós muito especial, né? Será um show totalmente novo, com os arranjos novos do Júlio Fejuca, grande produtor, grande músico, grande artista. Então tem algumas novidades muito boas aí pra vocês, pra todas as pessoas que a gente vai deixar pra quem tiver lá um dia ver, ouvir e sentir. Mas tem muita coisa boa, muita coisa nova, muita coisa que vai surpreender.
6- Qual a sensação dessa responsabilidade?
A grande sensação é de uma responsabilidade gigante. De poder entregar para as pessoas que estarão lá no dia tudo da melhor maneira possível. Que as canções sejam apresentadas como realmente são.
Esses arranjos novos precisam ser entregues com a maior potência possível. As canções, as mensagens, toda a arte em cima do palco — queremos entregar com 100% do que a gente imaginou, sentiu e ensaiou, para que as pessoas possam sentir isso de verdade. Sentir a energia, a força, se sentirem bem, saírem de lá totalmente equilibradas e felizes.
É uma responsabilidade grande, mas a gente está se preparando. E estamos preparados para isso.
7- No cenário musical e religioso, o q vc prega?
Na verdade, o que a gente faz em cima do palco é uma extensão do terreiro. O que a gente faz no terreiro, musicalmente, através da nossa cultura musical, das canções, dos toques, a gente leva para o palco com a intenção de falar sobre amor, fé, força e esperança.
Se a palavra for “pregar”, então a gente prega muito amor e respeito. É isso o que a gente sempre passa. O que a gente sofre nos terreiros, e por parte de pessoas intolerantes, racistas religiosos, racistas de gênero ou de cor, a gente transforma em respeito. E muito amor à espiritualidade e às pessoas.
Em primeiro lugar, sempre vem o respeito: respeito à vida, às pessoas, à espiritualidade. Respeito e amor são duas palavras que vêm na frente, junto com a fé. Três palavras muito importantes: respeito, amor e fé. É isso que a gente prega.
8- Como vc se conecta com os orixás?
A conexão com os orixás ou com as entidades pode ser feita de várias maneiras. Depende muito do local, do ambiente.
Se conectar através da musicalidade é muito mais fácil. Sempre falo que a musicalidade é uma ferramenta. A espiritualidade, para mim, é uma ferramenta de Deus. A Umbanda, para mim, é uma ferramenta de Deus, assim como a Igreja Católica, a Igreja Evangélica, o Candomblé. Todas são ferramentas que nos ajudam a nos cuidar melhor, a nos sentir melhor, a nos ajustar melhor para poder sentir a grande potência que é Deus, o Criador de tudo.
No terreiro, eu me conecto não só com as canções. Através dos tambores, que potencializam essa conexão. Também posso me conectar com o ambiente, com a energia que tem ali. Essa conexão pode acontecer de várias maneiras, mas a ferramenta mais potente é a musicalidade.
No palco, a gente se conecta com esse grande respeito à Mãe Música, às mensagens em forma de canção. Minha conexão é total com a musicalidade, com as mensagens, com a força dos instrumentos musicais. Os instrumentos de pele aterrando os nossos chacras inferiores, as cordas e outros instrumentos que tocam nossos chacras — cada canção leva a força e a energia de um orixá.
Isso nos conecta com essa grande energia, que qualquer pessoa pode sentir, desde que se permita. E se preparar para isso. Agora, o que a pessoa faz com essa energia, aí já é outro assunto.
Eu me conecto com várias ferramentas. Em qualquer lugar posso me conectar. Estar parado, pensando, me permitir naquele momento sentir a força de quem a gente chama para nos ajudar, nos equilibrar ou nos direcionar.
Nós somos essa energia. Cada um de nós tem dentro de si, independente da religião, a energia da natureza que representa os orixás. E os orixás representam a natureza. É só a gente se permitir sentir. A musicalidade é a ferramenta mais potente para isso.
9- Seu projeto musical leva que missão?
A grande missão que a gente tem, quando canta fora do terreiro, é mostrar a nossa cultura. É trabalhar, em primeiro lugar, a nossa cultura para tentar acabar com o racismo e a intolerância religiosa. Essa é uma das missões: mostrar a nossa cultura viva através das canções, das danças.
Também existe uma outra missão muito forte com a nossa musicalidade, que é trazer para as pessoas essa energia dos orixás, das entidades, essa grande força para ajudar no equilíbrio energético, espiritual e físico. Dentro do merecimento e da necessidade de cada um, isso pode ser um caminho de cura — seja energética, emocional ou mental.
São duas missões muito importantes, muito firmes, muito fortes. A gente não deixa de pensar nisso: primeiro, desmistificar; segundo, trazer com essas canções a cura para as pessoas. Para nós, em primeiro lugar, fazer com que a gente se transforme em seres humanos melhores. Essa é a nossa grande missão.
10- Quais as surpresas que irá apresentar nesse show?

Temos bastante surpresas, mas é só para o dia do show. O que eu posso adiantar aqui é que vem música nova aí. Vem música nova, e algumas músicas novas muito fortes, muito energéticas. Então, é só isso. O resto é ir no dia 13 para assistir com a gente, sentir com a gente essa grande força.
11- Quem são os convidados especiais? Fale do cenário cênico desse espetáculo. Quantas pessoas envolvidas?
O que a gente pode falar é que temos algumas surpresas, alguns convidados que estão guardados a sete chaves. Tudo será novo para esse grande show, para essa comemoração de 10 anos. Por baixo, são mais de 40 pessoas envolvidas. Então, é esperar o dia 13, deixar todo mundo ansioso. Nós já estamos ansiosos por esse dia. É aguardar. Tem muita surpresa, e queremos deixar tudo guardado a sete chaves para ser algo espetacular. Vamos vivenciar tudo isso no dia 13. Está chegando.
12- Quantos shows já fez na carreira com essa temática?
Todos os nossos shows têm como grande temática a espiritualidade. É levar a nossa cultura das matrizes africanas ou afro-brasileiras, encantar a espiritualidade no palco, trazer a nossa cultura. Tudo isso para que possamos, cada vez mais, desmistificar a nossa religião. Essa temática é uma missão para nós. Acaba sendo a nossa grande missão.
13- Quais Estados já passou? Qual sua agenda ainda pra esse ano?
Nós só ainda não fizemos shows na região Norte, nesse Centro-Oeste. Mas a nossa grande intenção agora é terminar a agenda que temos aqui em São Paulo, os compromissos já programados com shows antigos, e então parar para refazer a agenda com esse show novo, para rodar o Brasil inteiro. Em todas as regiões, estados, capitais, inclusive em Brasília. Essa é a nossa grande intenção. Vamos cumprir tudo que já está agendado aqui em São Paulo para, em seguida, levar o show novo para todo o país.
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