Um brasileiro morre a cada dois dias por intoxicação com agrotóxicos

Segundo levantamento do ‘Friends of the Earth Europe’, 20% da vítimas são crianças e adolescentes de até 19 anos

 

A cada dois dias um brasileiro perde a vida por intoxicação com agrotóxicos segundo um levantamento feito pela rede ambientalista Friends of the Earth Europe. Os dados revelam ainda que 20% das vítimas são crianças e adolescentes com até 19 anos.

O levantamento — divulgado nesta quinta-feira (28/4) — mapeia a relação entre empresas agroquímicas europeias e o lobby do agronegócio brasileiro para mostrar os danos causados à saúde e meio ambiente brasileiro.

“As empresas europeias de agrotóxicos não só se beneficiam com o enfraquecimento de regulamentações ambientais e de agrotóxicos no Brasil, mas também com generosas isenções de impostos sobre agrotóxicos”, afirma um dos trechos do texto.

Além disso, o documento indica também que empresas europeias gastaram 2 milhões de euros em apoio ao lobby do agronegócio no Brasil e que o uso de agrotóxicos multiplicou 6x no Brasil nos últimos anos. “Juntas, Bayer e BASF [empresas da Europa] tiveram 45 novos agrotóxicos aprovados nos últimos três anos, sendo que 19 deles contêm substâncias proibidas na União Europeia”, afirmou.

Vale lembrar ainda que no ano de 2021 foram aprovados 562 novos pesticidas no Brasil, de acordo com o Diário Oficial da União, um número recorde. Antes disso, os anos com maior aprovação foram, respectivamente, 2020 e 2019. Além disso, as empresas Bayer e a Basf tiveram, juntas, 45 novos agrotóxicos aprovados no país desde 2018 e 19 deles contêm substâncias proibidas na UE.

Dados sobre o agronegócio europeu no Brasil
Dados sobre o agronegócio europeu no Brasil(foto: Reprodução/Friends of the Earth)

 

Projetos de Lei em relação aos agrotóxicos no Brasil

O relatório pontua ainda como a pressão para o enfraquecimento da legislação ambiental está facilitando a agenda do agronegócio no Brasil. Através dos poderosos grupos de lobby do agronegócio do Brasil como o CropLife — uma associação que representa algumas das maiores multinacionais produtoras de agrotóxicos, como a Bayer e a Syngenta — ,  as empresas europeias de agrotóxicos apoiam esforços que enfraquecem medidas de proteção ambiental, incluindo o “PL do Veneno”— aprovado em 9 de fevereiro deste ano na Câmara do Deputados — que minará a atual regulamentação de agrotóxicos e mudará e enfraquecerá fundamentalmente o processo de aprovação para uso de agrotóxicos”, afirma um trecho do documento.

O chamado PL do Veneno libera o uso de agroquímicos considerados mais perigosos e que são proibidos na União Europeia. A aprovação do projeto de lei pode levar a um aumento no número de registros, autorizações e uso de agrotóxicos, sem uma avaliação adequada de suas consequências socioambientais.

O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados por 301 votos a 150. A liberação ficará a cargo apenas do Ministério da Agricultura, enquanto o Ministério do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que anteriormente participavam da avaliação dos produtos, agora serão somente órgãos consultivos.

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