Quarto suspeito da morte de Bruno e Dom é preso em São Paulo

Homem de 26 anos disse que foi o responsável por pilotar barco que Amarildo da Costa usou para cometer os crimes

 

O quarto suspeito de participação na morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips se apresentou à polícia em São Paulo nesta quinta-feira (23). Gabriel Pereira Dantas, de 26 anos, abordou militares na praça da República, no centro da capital paulista, e disse que estava envolvido no crime.

Após relatar o caso aos policiais militares, ele foi levado à Polícia Civil para ser ouvido pelo delegado. Em seguida, foi transferido para a Polícia Federal, responsável por conduzir as investigações do crime.

Na delegacia, Dantas contou que foi o responsável por pilotar a canoa que Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, usou na execução do crime. Após os assassinatos, ele teria fugido para Santarém, no Pará. De lá, pegou um ônibus para Manaus, no Amazonas, seguiu para Rondonópolis, no Mato Grosso, e depois para São Paulo. Desde então, estava vivendo nas ruas.

Dantas disse que no dia do crime estava bebendo com Amarildo quando ele o chamou para pilotar sua canoa. O homem preso nesta quinta contou que não sabia que o objetivo do pescador era assassinar Bruno e Dom.

Ele também deu detalhes sobre a dinâmica dos assassinatos. Segundo o suspeito, Amarildo atirou primeiro em Dom e depois em Bruno. Após isso, chamou mais duas pessoas que teriam sido responsáveis por ocultar os pertences do jornalista e do indigenista, jogando as mochilas na margem do rio.

O rapaz disse que é de Manaus, mas que estava vivendo em Atalaia, cidade próxima ao Vale do Javari, fugindo do Comando Vermelho, que o teria jurado de morte. A Polícia Civil informou que Gabriel Dantas não tem registro na polícia.

Presos até o momento

Até o momento, três pessoas foram presas por suspeita de envolvimento no caso. Jefferson da Silva Lima foi detido no sábado (18) e afirmou ser um dos autores do crime. Antes dele, os pescadores Amarildo da Costa Oliveira — que também confessou ter matado Dom e Bruno e indicou o local onde os corpos foram enterrados — e o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, já tinham sido capturados.

Segundo as equipes de investigação que atuam no caso, está sendo apurada a participação de, pelo menos, oito pessoas no crime. A Polícia Federal declarou na última sexta-feira (17) que não há mandante nem organização criminosa por trás das mortes, mas outras cinco pessoas passaram a ser monitoradas pelos investigadores.

O caso

Dom e Bruno desapareceram em 5 de junho, após terem sido vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Eles viajavam pela região e entrevistavam indígenas e ribeirinhos para a produção de reportagens que seriam publicadas em um livro sobre invasões de áreas indígenas.

O Vale do Javari, a terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, é pressionado há anos pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos tradicionais da região.

Dom morava em Salvador, na Bahia, e fazia reportagens sobre o Brasil havia 15 anos para o New York Times e o Washington Post, bem como para o jornal britânico The Guardian. Bruno era servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio), mas estava licenciado desde que foi exonerado da chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019.

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