No 1º dia de campanha é marcado por troca de acusações entre Lula e o Presidente Jair Bolsonaro

Na estreia oficial da campanha, Lula e Bolsonaro acusam-se mutuamente de manipulação do eleitorado religioso. Nos discursos, referências “à corrupção da petralhada” e ao “presidente possuído pelo demônio”

A 44 dias do primeiro turno das eleições, Jair Bolsonaro (PL) lançou a campanha de recondução à Presidência em Juiz de Fora (MG), no mesmo local onde recebeu uma facada, em 2018. O chefe do Executivo acenou ao eleitorado evangélico e atacou seu principal opositor político, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), insinuando que o petista defende o fechamento de igrejas.

Usando colete à prova de balas e sob forte esquema de segurança, Bolsonaro se reuniu, inicialmente, no aeroclube da cidade, com comunidades evangélicas. Aos apoiadores, disse que, antes de assumir, em 2019, o país “estava à beira de um colapso, com problemas éticos, morais e econômicos, e marchava, sim, a passos largos, para o socialismo” e associou a esquerda ao fechamento de igrejas, citando Nicarágua e Venezuela como exemplos de países que “fecharam rádios religiosas” e “impediram procissões”.

O tom já havia sido dado pelas redes sociais, em postagem na qual dizia que “os que perseguiram e defenderam fechar igrejas se julgarão grandes cristãos, os que apoiam e louvam ditaduras socialistas se dirão defensores da democracia”.

Do aeroclube, o presidente seguiu em motociata o calçadão que fica na esquina das ruas Halfeld e Batista de Oliveira, no centro, local onde levou a facada em 2018. Por volta das 11h, subiu em um trio elétrico e discursou lembrando a ocorrência. Foram usadas grades para isolar o público que, em grande parte, trajava verde e amarelo. “Aqui eu renasci”, bradou, antes de lançar mais acusações ao PT ao dizer que, no governo anterior, o país “era roubado pela esquerdalha que estava no poder”.

O chefe do Executivo voltou a convocar a população para o 7 de Setembro: “Podem ter certeza, no próximo dia 7 de setembro vamos todos às ruas pela última vez. Comemorar, em um primeiro momento, a nossa independência. E, em um segundo momento, a garantia da nossa liberdade”.

Com papel de destaque, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, falou depois do marido e reforçou o apelo religioso do comício.

“Presidente que mente”

Lula utilizou o primeiro discurso oficial da sua campanha presidencial para alertar o público sobre “as mentiras que esse governo conta”, em referência ao seu principal oponente na disputa eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL). O comício ocorreu ontem, na porta da fábrica da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista — local onde iniciou a sua trajetória no sindicalismo metalúrgico e berço do Partido dos Trabalhadores (PT). Lula priorizou, em seu discurso, o combate às fake news e as mensagens para o público cristão.

Ao relembrar que foi ele quem sancionou, em 2009, a lei que criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus — evento que tem sido usado por Bolsonaro para se aproximar dos seus eleitores —, o ex-presidente se dirigiu diretamente aos evangélicos.

“Um presidente que mente sete vezes ao dia com fake news. Um presidente que mente para os evangélicos todo santo dia. Quem criou a lei que garantiu a existência do dia de Jesus, foi no meu governo, foi o Lula. Ele está tentando manipular. É, na verdade, fariseu. Está tentando manipular a boa fé de homens e mulheres evangélicas que vão à igreja tratar da sua fé, da sua espiritualidade”, disse aos apoiadores.

Lula chamou Bolsonaro de “presidente fajuto, genocida”, em referência à posição do adversário no combate à pandemia. “Você não derramou uma única lágrima por 680 mil pessoas que morreram por covid. Você nunca se preocupou em saber quantas crianças estão órfãs, porque você foi negacionista. Você não acreditou na ciência, na medicina, não acreditou nos governadores. Você acreditou na sua mentira”, acusou. Emendou, retomando o tom evangelizador: “Porque, se tem alguém que é possuído pelo demônio, é esse Bolsonaro, que é um mentiroso”.

Lula falou de emprego para fustigar ainda mais o rival. Com números nas mãos, o ex-presidente comparou a quantidade de empregados que a fábrica tinha em 2012, quando deixou o poder (14,1 mil operários), e o número de uma década depois, já no governo Bolsonaro (7,9 mil). “Onde é que foram os outros 8 mil trabalhadores? Eles estão trabalhando, tiveram sorte ou estão dormindo na sarjeta de alguma rua dessa cidade ou desse estado? Porque esse governo não se preocupa em criar emprego, não faz parte da política econômica desse presidente que está aí”.

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