Levantamento aponta que, em 2017, o Brasil teve 65.602 pessoas assassinadas; 75,5% das vítimas de homicídio são negras
Um levantamento do Atlas da Violência de 2019, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que em 2017, o Brasil teve 65.602 pessoas assassinadas. Trata-se do maior nível histórico de letalidade violenta intencional no país.
Outro retrato da pesquisa mostra que as mortes violentas acometem principalmente a população masculina jovem entre 15 a 19 anos.
Os negros representam 75,5% das vítimas de homicídio. Para essa parcela da população, a taxa de mortes chega a 43,1 por 100 mil habitantes – para não negros, a taxa é de 16.
Apesar de as vítimas negras corriqueiramente serem maioria nos registros, o dado de 2017 mostra que essa prevalência tem crescido. Em 2007, por exemplo, os negros eram 63,3% dos assassinados, proporção que aumentou continuamente até atingir os 75,5% em 2017 – foram 49,5 mil homicídios contra negros naquele ano e 16 mil de não negros.
O estudo foi divulgado, nesta quarta-feira (5/6), com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde. Esse é o maior nível histórico de letalidade violenta intencional no país, que atingiu uma taxa de 31,6 mortes violentas para cada 100 mil habitantes.
Influência na economia
O impacto da violência no país pode ser sentido na economia. O Ipea apontou que os gastos relacionados à violência correspondem a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Outro ponto do estudo mostra que mortes por arma de fogo cresceram em 6%. Também houve um aumento nos homicídios de mulheres em 2017 – fenômeno já registrado pelo Monitor da Violência. São 4.936 mulheres vítimas. A taxa passou de 3,9 para 4,7 assassinadas a cada 100 mil.
O Atlas revela ainda o perfil dos homicídios no país, analisando os 618 mil assassinatos praticados no Brasil entre 2007 e 2017: 92% das vítimas eram homens, e apenas 8% mulheres. A maior parte possuía baixa escolaridade: 74,6% dos homens e 66,8% das mulheres vítimas tinham até sete anos de estudo.