Agora Imagens gravadas em smartphone conseguem detectar risco de AVC

A análise de vídeos conseguiu apontar com precisão artérias estreitas do pescoço que podem levar aos acidentes vasculares cerebrais

Pesquisadores da Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês) podem ter encontrado uma nova maneira de fazer exames de detecção do risco de acidentes vasculares cerebrais, conhecidos como AVCs, usando vídeos feitos em smartphones.

Quase 87% de todos os acidentes vasculares cerebrais são isquêmicos — aqueles em que um vaso que fornece sangue ao cérebro é obstruído por um coágulo. Isso acontece porque depósitos de gordura (placa) podem se acumular nas artérias, fazendo com que elas se estreitem (estenose). São essas artérias estreitadas na artéria carótida, que fica no pescoço, que podem causar os AVCs isquêmicos.

Os pesquisadores conseguiram analisar imagens gravadas em smartphones que detectaram, com precisão, as artérias estreitadas no pescoço. A partir disso, eles observaram mudanças mínimas nas características do pulso na superfície da pele capturadas na gravaão.

“Este foi um momento ‘eureka’ emocionante para nós. Os métodos de diagnóstico existentes – ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética – exigem triagem com equipamentos e pessoal especializado em imagens médicas. A análise de vídeo gravado em um smartphone não é invasiva e é fácil de realizar, portanto, pode oferecer uma oportunidade para aumentar a triagem”, aponta Hsien-Li Kao, um dos autores do estudo.

A precisão do algoritmo de análise era de 87% na detecção de estenose. Foram analisados 202 adultos de Taiwan, com média de idade de 68 anos, e 79% eram homens.

Resultados “emocionantes”

Entre os participantes, 54% apresentavam estenose significativa da artéria carótida, ou seja, tinham pelo menos 50% de bloqueio previamente diagnosticado por ultrassonografia, enquanto 46% não apresentavam estenose significativa.

As gravações com os celulares foram capturadas com os participantes deitados de costas, com a cabeça inclinada para trás em uma caixa personalizada que minimizava o movimento externo. Um iPhone 6 foi montado para capturar, em 30 segundos, imagens do pescoço da pessoa. O telefone da geração mais antiga foi usado porque os pesquisadores acreditavam que seria mais comum para o usuário médio.

Após esses exames, todos os participantes do estudo também fizeram um teste de ultrassom Doppler padrão para confirmar o estreitamento em suas artérias e para avaliar e validar as estimativas da análise de movimento de vídeo.

Ressalvas e novos estudos

Para os especialistas, outros estudos são necessários para determinar a eficácia dos smartphones para ajudar a acelerar e aumentar a triagem de AVC. “A estenose da artéria carótida é silenciosa até que ocorra um derrame. Com esse método, os médicos podem gravar um vídeo do pescoço do paciente com um smartphone, enviar os vídeos para análise e receber um relatório em cinco minutos. A detecção precoce da estenose da artéria carótida pode melhorar os resultados dos pacientes”, explica Kao.

O autor pontua ainda que o estudo tem limitações, como o número de participantes e que todos eram todos considerados de alto risco para um evento cardiovascular. Eles também não levaram em conta o comprimento e o ângulo do pescoço e que isso pode afetar os resultados da análise dos vídeos.

No entanto, os resultados — que foram publicados na revista científica Journal of the American Heart Association, nesta quarta-feira (17/8) — são promissores segundo os especialistas.

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