A Valorização dos carros; Confira se compensa mais vender, trocar ou alugar

Problemas de produção no mercado automobilístico impactaram preços, o que levou consumidores a buscarem alternativas mais vantajosas para o seu perfil

Problemas na cadeia de produção fizeram o preço dos automóveis novos e usados disparar desde o início da pandemia. Aos poucos o mercado começa a voltar à normalidade, mesmo assim ainda tem consumidores aproveitando o momento para vender ou trocar o seu carro, além de buscar alternativas mais vantajosas do ponto de vista financeiro, como o aluguel.

Com a taxa básica de juros elevada, a um patamar de 13,75%, os financiamentos ficaram mais complicados. Ao mesmo tempo, a valorização dos usados e a Selic alta ajudaram quem estava querendo fazer uma reserva. Trocar o veículo por um mais barato e investir a diferença se tornou uma boa alternativa.

O aluguel de veículos também cresceu entre aqueles que querem economizar. Segundo dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de julho, nos últimos 12 meses, o preço do automóvel subiu 17,50% e o usado, 12,13%. Enquanto o aluguel de veículos acelerou no mesmo período 2,32%.

Segundo o vice-presidente de finanças da Kavak, empresa de compra e vendas de carro, Vinícius Ribeiro de Carvalho, o consumidor está entendendo que é um bom momento para comprar ou trocar de carro. “Seja porque tem um automóvel que se valorizou antes, pelo lado da venda, seja porque desde maio a tabela Fipe em linhas gerais voltou a ter depreciação, ao mesmo tempo que o mercado de carros novos ainda tenta recuperar tração, pelo lado da compra”, afirma Carvalho.

Dados da Febranave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) mostram que os sete primeiros meses de 2022 registrou aumento de 19,49% na venda de usados, em relação ao mesmo período do ano anterior. Já os emplacamentos aumentaram 12,7%, de acordo com a mesma base de comparação.

Valorização dos carros novos e usados

A pandemia trouxe mudanças no mercado automobilístico que impactaram os preços. “Houve uma queda na produção de carros 0-km, alguns fabricantes tiveram que interromper ou diminuir a produção durante a pandemia, gerando um aumento da demanda de forma desproporcional à diminuição de atividade econômica do período, o que consequentemente elevou os preços. Teve um abalo no fornecimento de semicondutores que impactou de forma relevante a indústria”, explica Carvalho.

“O aumento de carros usados se deu devido à falta dos carros novos no mercado, o que fez as pessoas que não queriam esperar por um zero km comprar um usado que tem disponibilidade imediata. Isso ocorreu também por conta do aumento do preço do carro novo e provocou uma alta generalizada dos veículos. As pessoas estão repensando a compra do carro zero e procurarando mais o usado”, analisa Paulo Miguel Junior, conselheiro gestor da Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis).

Há casos de modelos que estão mais caros hoje do que quando comprados 0-km, conforme afirma Luca Cafici, CEO da InstaCarro, startup que conecta interessados em vender veículos com lojistas. “Há um ano, por exemplo, o Chevrolet Onix hatch 1.0 12V Flex manual novo custava R$ 64.121 e hoje, após um ano de uso, é possível encontrar o mesmo modelo na tabela Fipe por R$ 71.215, correspondendo a uma valorização de 11%.”

Já segundo Matías Fernández Barrios, CEO da Karvi, marketplace de carros seminovos, a média de preços dos carros usados em agosto de 2021 era de R$ 68.000. Em abril, esse número subiu para R$ 81.000. Por outro lado, nas últimas semanas, ele aponta uma reversão dessa tendência com os valores dos carros voltando a cair.

“Para o restante do ano, é possível prever a recuperação das montadoras e a estabilização dos estoques de veículos 0-km. Isso deve reduzir a pressão sobre a oferta de seminovos e impactar em melhores ofertas de preços com as altas do estoque”, completa Barrios.

Como usados e novos se valorizaram, os consumidores que esperam vender o seu automóvel para conseguir um melhor por um valor mais em conta podem se desapontar. Já que não foram só os preços dos seminovos que dispararam, mas também os dos 0-km.

É o momento de vender seu carro?

Segundo especialistas no mercado, com a valorização dos usados, esse é um bom momento para vender um seminovo. “Aproveitar essa onda pode fazer com que o consumidor ou lojista ganhe mais dinheiro do que quando efetuou a compra. Se existe um momento ideal para vender um carro seminovo e usado, o momento é agora, pois quando as montadoras voltarem a operar com normalidade, a tendência é que os preços retornem a um estado de normalidade e, com isso, o valor de usados comece a cair”, aconselha Cafici.

Mas outros profissionais do setor discordam que esse seja um momento imperdível para negociar o seu veículo. “Não acredito que apenas vender seu veículo seja o melhor, caso não necessite de recursos imediatos. Quem se desfez de um veículo, no início da pandemia, mesmo que tenha aplicado o dinheiro na época, deve ter dificuldades para comprar um modelo similar agora. Além disso, comprar um veículo novo tem inúmeras vantagens, incluindo a já citada baixa manutenção e o fato de poder escolher um modelo eficiente energeticamente”, afirma José Maurício Andreta Junior, presidente da Fenabrave.

Financiar ou alugar?

Com a Selic elevada, o dinheiro que o consumidor ganhar na venda pode significar uma boa oportunidade de investimento. Por outro lado, se não usar muito o seu veículo, vendê-lo para financiar outro não é a melhor escolha com a Selic elevada. “Não é hora de financiar outro veículo, mas de guardar o dinheiro. Hoje, ter um carro na garagem que se usa pouco significa ter um bem valorizado e procurado pelo mercado. Além disso, economicamente falando, ter um bem que te gera custos com impostos, combustível e manutenção e que você pouco usufrui pode ser um sinal de alerta”, indica Cafici.

Mas o especialista do mercado automobilístco ressalta que a escolha entre o aluguel e o financiamento depende do prazo em que o usuário pretende usar o carro e também da porcentagem do valor que será financiado. “Se a intenção é fazer um financiamento curto, como de um ou dois anos, o financiamento pode ser vantajoso, pois ao final do prazo você terá um bem que poderá ser comercializado. É dinheiro no bolso. No caso de um carro de aluguel, você não tem custos com manutenção ou impostos, mas ao término do contrato vigente (que também dura em média dois anos), você não terá um bem para comercializar”, completa Cafici.

Segundo Paulo Miguel Junior, da associação de locadoras de automóveis, o aluguel compensa mais que o financiamento nesse período de juros altos. “Há muitas modalidades de locação por hora, por diária, mensal e contratos de longo prazo que são os carros por assinatura, você tem o pacote que utiliza de 12 a 48 meses e uma quilometragem contrata que é um ótimo negócio para quem não tem dinheiro para desembolsar na compra de um carro zero ou não quer pagar os altos juros de um financiamento. Por isso, no cenário atual compensa aproveitar para vender o seu carro, fazer uma reserva para você e ter um carro alugado”, diz Miguel Junior.

“O valor do carro usado tende, na hora que o mercado de usados se normalizar, a ter uma redução um pouco mais expressiva, dificultando a troca do velho pelo carro novo. Por isso, é interessante vender o usado, aproveitando o bom momento de preço, para trocar por um zero de aluguel de assinatura, por exemplo, onde você  se livra de imediato da questão de IPVA, licenciamento. Toda a parte complicada do carro, inclusive a venda do carro, fazendo com que você tenha o seu carro apenas pelo seu uso e, não a propriedade dele. Compensa a troca do carro usado pelo novo”, completa Paulo.

Compensa trocar seu carro por um mais barato?

Para quem tem interesse em ganhar um dinheiro ou começar uma reserva, aproveitando os juros altos, esse é o melhor momento. Com a disparada no preço dos usados, a chance do consumidor que trocar o seu carro por um modelos mais simples conseguir recuperar um valor mais elevado é maior.

“É uma opção real para quem precisa de um automóvel e também de dinheiro em caixa para pagar contas ou readequar o orçamento. Como os preços estavam elevados no ano passado e este ano aparentemente estão sendo ajustados, acaba sendo um bom momento mesmo para comprar”, analisa Carvalho.

Mas essa escolha depende dos hábitos de vida de cada um e é preciso ficar atento para que o barato não fique caro. “Se a pessoa precisa de um carro para trajetos curtos, como ida a um supermercado, para levar filhos na escola ou mesmo visitar amigos e parentes, vender o seminovo e trocá-lo por um mais barato pode significar ter dinheiro no bolso e economia de custos com o IPVA e seguro, por exemplo. Mas quem usa o carro diariamente para ir ao trabalho, faculdade ou quem viaja entre cidades com frequência, a troca por um veículo mais barato normalmente significa um carro mais antigo ou mais simples. Isso pode aumentar os custos de manutenção do veículo, fazendo a troca não valer a pena. A diferença não será apenas na percepção de conforto a bordo”, afirma Cafici.

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