“Os retornados” resgata capítulo esquecido da história entre Brasil e África

Publicado pela Editora Record, o livro de Carlos Fonseca revela a saga dos ex-escravizados brasileiros que retornaram ao continente africano no século XIX e formaram comunidades marcadas pela brasilidade em países como Nigéria, Benim, Togo e Gana

No recém-lançado Os Retornados, o diplomata e escritor Carlos Fonseca resgata uma das mais impressionantes histórias da diáspora africana: a dos milhares de escravizados libertos que, entre os séculos XIX e XX, deixaram o Brasil e retornaram à África. Fugindo da exclusão, da pobreza e da perseguição racial em um país que não lhes oferecia cidadania plena, esses homens e mulheres reconstruíram suas vidas em nações como Nigéria, Togo, Benim e Gana — onde suas marcas culturais permanecem até hoje.

 

A obra, lançada no final de 2024, pela Editora Record, mistura relato histórico, jornalismo investigativo e narrativa envolvente para dar voz a personagens reais e às comunidades afro-brasileiras que surgiram do outro lado do Atlântico. “Essas pessoas não apenas voltaram à África. Elas carregaram consigo o Brasil – na fé, na culinária, na arquitetura, na língua e até nas festas populares. É uma história de recomeços, resistências e identidades em trânsito”, explica o autor, Carlos Fonseca.

Entre os diversos episódios que compõem Os Retornados, estão a formação do bairro brasileiro de Lagos, na Nigéria; a ascensão política da família Olympio no Togo, culminando no assassinato de Sylvanus Olympio, neto de um brasileiro, que se tornou o primeiro chefe de estado togolês; e a trajetória da poderosa família Souza, no Benim, herdeira do legado ambíguo de Francisco Félix de Souza, baiano que teve papel central no tráfico atlântico de escravizados.

 

O livro também revela conexões espirituais profundas entre África e Brasil, como a história da família Villaça, à qual pertenceu Iyá Nassô, a mítica fundadora do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, o mais antigo templo do candomblé em funcionamento na Bahia, e que durante anos manteve, em Uidá, no Benim, um templo dedicado aos orixás e aos voduns. Outro destaque é o reencontro de famílias separadas há mais de um século, como os Rocha e os Sowzer, que reconstruíram laços por meio de coincidências surpreendentes e do culto aos ancestrais.

 

Segundo Fonseca, a importância de Os Retornados está em iluminar um pedaço negligenciado da história brasileira e africana: “Trata-se de um retorno físico, mas também simbólico. Eles saíram do Brasil sem nunca deixarem de ser brasileiros – mesmo que o Brasil, enquanto nação, nunca os tenha reconhecido plenamente”, diz.

 

Sobre o livro “Os retornados” (da apresentação de Laurentino Gomes):

“Ao reconstituir a história dos retornados brasileiros na África, Carlos Fonseca produziu uma obra de beleza e fôlego ímpares. É ao mesmo tempo um documentário, um registro histórico e uma belíssima e competente reportagem, resultado de mais de vinte anos de viagens, entrevistas, pesquisas e convivência próxima com a maioria dos personagens que povoam este livro (…) Essa fascinante e surpreendente história preenche as páginas desta obra escrita com maestria, que prende, seduz e encanta os leitores da primeira à última linha” – Laurentino Gomes, autor do best-seller 1808

 

Sobre o autor

Carlos Fonseca é diplomata e escritor. Com uma carreira marcada pelo interesse em relações internacionais, memória e diáspora africana, desenvolveu um extenso trabalho de pesquisa para escrever Os Retornados. A obra marca um importante passo em sua trajetória como autor e é fruto de anos de investigação histórica e entrevistas em países africanos de língua francesa e inglesa.

 

Serviço: Lançamento do livro “Os Retornados”

Título: Os Retornados

Autor: Carlos Fonseca

Editora: Record

Disponível nas principais livrarias físicas e plataformas digitais

Gênero: História / Narrativa jornalística

Temas: Diáspora africana, pós-escravidão, identidade, cultura afro-brasileira, relações Brasil-África

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