Encontro analisou a importância dos festivais brasileiros para a criação de espaços de exposição dos filmes nacionais
Programação teve exibição de curta-metragem para estudantes da rede pública e encerrou o dia com o documentário “Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor”, de Luiz Carlos de Alencar
RIO DE JANEIRO, 09 de novembro de 2023 – Embora vital para a produção audiovisual, a preservação de acervos e os debates que ela suscita ainda não encontram visibilidade nos numerosos festivais realizados pelo país afora. A fim de dar espaço para essa reflexão, o segundo dia da programação da 9ª edição do Festival Arquivo em Cartaz trouxe para o público uma conversa sobre como os festivais de cinema ajudam na preservação audiovisual. Moderado pelo servidor do Arquivo Nacional Mauro Domingues, também participaram Paulo Correa (Panorama dos Festivais/Kinoforum) e Roberta Sauerbronn (Saraguina Filmes).
“A discussão sobre a preservação do audiovisual também deve estar nos festivais. O AN é pioneiro na abertura de espaços que tratam dessa reflexão, mas podemos ir além”, destaca Mauro Domingues. “É importante lembrar que essa é uma área estratégica da produção audiovisual, que inclusive se sofisticou com a chegada da era digital. Isso precisa ser dividido com a sociedade”, conclui.
Os especialistas lembraram que a continuidade de um festival assegura, teoricamente, a visibilidade em um circuito exibidor, já que coloca em evidência as obras do audiovisual. Mas ainda permanece o desafio de conquistar visibilidade nas grades das programações dos festivais.
Cinema para estudantes:
Pela manhã, estudantes de escolas públicas assistiram o curta-metragem “Rio de Janeiro – Autorretrato”, de Marcelo Bauer (Brasil, 2011) e participaram de um bate-papo em uma edição especial do projeto “Arquivo Faz Escola”. A iniciativa busca despertar a consciência do público escolar para a importância da preservação da memória cinematográfica e para o uso do cinema como uma ferramenta de aprendizado.
O projeto, realizado pelo setor de Educação do Arquivo Nacional durante todo o ano com edições mensais, é voltado para turmas do 7o ao 9o ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, além de ONGs que trabalham com jovens.
A conversa desta quinta-feira foi com os alunos da Escola Municipal Orlando Villas Boas, do Ciep 118 Vilson Campos Macedo e da ONG Ser Cidadão. O curador do Festival, cineasta e servidor do Arquivo Nacional Uilton Oliveira, além do fotógrafo, professor de sociologia e fundador do Museu da Imagem Itinerante da Maré, Francisco Valdean, participaram do bate-papo.
“Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor”:
A programação do dia se completa com uma exibição dupla do filme “Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor”, de Luiz Carlos de Alencar (Brasil, 2022, 1h45min). O longa foi levado ao público na Superintendência Regional do Arquivo Nacional, em Brasília, e, às 19h, encerra o segundo dia de festival, com a exibição ao ar livre no pátio do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.
O documentário conta as histórias de perseguição e violência no período da ditadura militar brasileira, que atuou contra a população LGBT e como esse mesmo grupo constituiu suas resistências, transformando-se em sujeito fundamental do processo de redemocratização. O golpe de 64 não instaura esse preconceito, mas, nesse período, a população LGBT foi considerada inimiga da família tradicional, da moral e dos bons costumes.
A 9ª edição do Festival Arquivo em Cartaz traz debates, mostras e oficinas, todas elas gratuitas, algumas presenciais (na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro; na regional em Brasília; e no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos – MGI). Outras atividades podem ser acompanhadas por streaming e nas emissoras Canal Educação, Canal GOV e UNBTV. Confira aqui a programação completa que ocorre até o dia 18 de novembro.
|
|
|
