Entre os dias 15 e 18 de outubro, Juazeiro (BA) sedia a 13ª edição do Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), que discute como a convivência agroecológica das pessoas com os territórios écapaz de apresentar soluções frente à crise climática e de alimentar o planeta.
O Semiárido brasileiro, historicamente associado à escassez, se transforma em palco de esperança e inovação diante das mudanças climáticas. É nesse território, que já viveu grandes secas e hoje simboliza resistência e criatividade, que o CBA acontece, com atividades no campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e em diversos espaços da cidade. Com o tema “Agroecologia, Convivência com os Territórios Brasileiros e Justiça Climática”, o encontro reúne pesquisadores, agricultores, povos e comunidades tradicionais para debater práticas e políticas capazes de enfrentar os efeitos do aquecimento global e reconstruir sistemas alimentares de forma sustentável e justa.
“A agroecologia é uma ferramenta de transformação social e ecológica. É uma ciência dos lugares, que só faz sentido quando conectada aos biomas e às pessoas que vivem e manejam esses ambientes como parte da vida”, explica Claudia Schmitt, diretora da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia), entidade organizadora do evento.
Ao trazer o Congresso pela primeira vez para o Semiárido, a ABA-Agroecologia reforça a importância de um modelo de desenvolvimento que aprende com o clima. Segundo Cícero Félix, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), “hoje é possível enxergar o Semiárido como um dos territórios que mais produzem alimentos saudáveis no país. Isso foi resultado de políticas estruturantes de acesso à água, de tecnologias sociais e de fortalecimento das famílias rurais”.
Mapa inédito de iniciativas agroecológicas no Brasil será lançado durante o 13º CBA
Durante o 13º CBA, será lançada pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) uma publicação com os principais resultados do mapeamento inédito “Agroecologia, Território e Justiça Climática”, que revela como as práticas agroecológicas estão enfrentando os impactos das mudanças climáticas e reestruturando sistemas alimentares em todo o Brasil.
O estudo, realizado entre abril e junho de 2025, identificou 503 experiências agroecológicas em 307 municípios, mobilizando mais de 20 mil pessoas de diversos grupos, incluindo agricultoras e agricultores familiares, povos indígenas, quilombolas, jovens, estudantes e comunidades tradicionais. Mais da metade das experiências (56,3%) relatou queda na produção devido às mudanças climáticas, enquanto 48,1% apontou perda de alimentos. Por outro lado, práticas como manejo do solo (70,7%), diversificação produtiva (63%), plantio de árvores e reflorestamento (56,9%), compostagem (52,7%) e tratamento ecológico de esgotos (26,2%) mostram como as comunidades têm se adaptado e promovido a justiça climática em seus territórios.
Programação une ciência com arte, cultura e mobilização popular
A programação do 13º CBA combina reflexão científica, trocas populares e atividades culturais abertas ao público. Entre os destaques estão a Conferência de Abertura, no dia 15 de outubro, às 20h, com o tema “Agroecologia, justiça climática e convivência com os territórios brasileiros”, e o Terreiro de Inovações Camponesas, espaço que reúne experiências práticas de agricultores e agricultoras experimentadores. Haverá ainda a Feira da Biodiversidade, o Festival de Cinema Agroecológico e apresentações culturais em diferentes pontos da cidade, promovendo uma ciência pública e cidadã comprometida com a construção dos territórios agroecológicos.
Sobre O Congresso Brasileiro de Agroecologia
O CBA acontece a cada dois anos e é resultado da colaboração de uma ampla frente de parceiros nacionais e internacionais. Mais que um espaço de fortalecimento da agroecologia como ciência, o CBA é um território de diálogo entre diferentes formas de conhecimento, proporcionando legados agroecológicos em todos os territórios por onde ele passa.
Esta edição, a primeira no Semiárido, é promovida pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e organizada localmente pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), Serviço de Assessoria a Organizações Populares (Sasop), Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Universidade do Estado da Bahia (Uneb de Juazeiro), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos e Pequenos Agricultores (MPA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE) e Rede de Agroecologia Povos da Mata.
O congresso conta ainda com o apoio de órgãos federais, incluindo os Ministérios da Saúde, Igualdade Racial, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, além do Incra, Conab, Fiocruz e FioTec; do Governo do Estado da Bahia, por meio do Programa Bahia sem Fome e Bahia Turismo; e da Prefeitura de Juazeiro. Também recebe contribuições de representantes de diversas organizações, redes e articulações da sociedade civil, instituições de ensino, movimentos sociais e comunidades tradicionais.
Serviço – 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA)
Local: Juazeiro (BA) – Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e espaços parceiros
Data: 15 a 18 de outubro de 2025
Programação completa: https://cba.aba-agroecologia.org.br