Apesar da aprovação, o medicamento deve ser prescrito por médicos especialistas em infectologia e com experiência em tratamento da doença. É o que alerta a professora Soraya Smaili, farmacologista da Escola Paulista de Medicina, que foi Reitora da Unifesp no período 2013-2021 e é coordenadora do Centro SOU Ciência, lançado em julho de 2021.
“Trata-se de um medicamento que vem sendo estudado desde o ano passado, em novembro de 21 foram publicados os dados considerados bem promissores. Em dez foi aprovado pelo FDA nos Estados Unidos e aqui no Brasil estava em análise pela Anvisa, que agora aprovou de maneira emergencial. Os resultados apresentados até o momento foram muito promissores”, afirma Soraya.
“Mas toda a atenção é necessária. O medicamento ainda está em fase de aprovação emergencial, é preciso acompanhar. Deve ser prescrito por médicos especialistas em infectologia e com experiência em tratamento da covid-19”, completa a professora.
O Paxlovid é o primeiro antiviral para o coronavírus aprovado no Brasil e o primeiro que é de uso oral, sendo que o paciente não precisa de hospitalização para ter o tratamento. Segundo Soraya, também é uma ferramenta importante para o tratamento inicial da doença, nos primeiros dias dos sintomas e pode evitar que a pessoa fique gravemente doente.
“Torna-se bastante importante em paciente com imunidade mais comprometida, ou com aqueles que têm doenças de base, além dos idosos que já receberam as vacinas há mais tempo e que têm uma imunossenecência. É uma medida importante e acrescenta em termos de alternativas para aqueles que são infectados pelo coronavírus”, considera a farmacologista.
O Paxolovid é um inibidor de protease, que é uma enzima que o vírus utiliza para aumentar a replicação e se espalhar. Por isso, ajuda a diminuir a circulação do vírus em pacientes logo nos primeiros dias dos sintomas.
“Essa é uma notícia importante, porque traz novas possibilidades. Porém, ainda não está disponível no SUS e esperamos que possa ser acessível para as pessoas pelo Sistema Público, já que se trata de uma medida de saúde coletiva”, considera também Soraya.