SHOW DO CAREQUINHA – ÍDOLO DAS CRIANÇAS NA TV.

Por LOWRY LANDI

GEORGE SAVALLA GOMES nasceu de uma família circense, na cidade de Rio Bonito, interior do Estado do Rio de Janeiro. Seus pais eram os trapezistas Elisa Savalla e Lázaro Gomes. George, literalmente, nasceu no circo, pois sua mãe grávida estava fazendo desempenho de trapézio quando entrou em trabalho de parto em pleno picadeiro. Deu início à sua carreira como palhaço CAREQUINHA aos cinco anos de idade, no circo de sua família, quando este estava em apresentação em Carangola, cidade do interior do Estado de Minas Gerais. Aos doze anos era palhaço oficial do Circo Ocidental, pertencente ao seu padrasto.

Em 1938, estreou como cantor na Rádio Mayrink Veiga no Rio de Janeiro, no Programa Picolino.

Já na televisão brasileira teve como marco o fato de ter sido o primeiro palhaço a ter um programa, O CIRCO BOMBRIL, que posteriormente foi rebatizado como CIRCO DO CARQUINHA, que foi um programa que comandou por 16 anos na TV Tupi nas décadas de 1950 e 1960.

Ainda nos anos 1960, num dia de domingo, Carequinha fez um programa na TV Piratini de Porto Alegre. O produtor do programa o abordou dizendo “os gaúchos conhecem o Carequinha devido ao programa do Rio de Janeiro transmitido em rede. Mas eles querem o Carequinha ao vivo no Rio Grande do Sul. Queremos fazer um programa todos os domingos” – afirmou. Carequinha, então, entrou em contato com um empresário chamado Nelson e, ficou acertado que, após o encerramento de cada programa dominical, às 16 horas, saía para as mais diversas cidades gaúchas, como Caxias do Sul, São Leopoldo, Uruguaiana, e, até Rivera, no Uruguai, para apresentar o seu circo até terça-feira, quando retornava para o Rio de Janeiro, a realizar seu programa na TV Tupi, nas quintas-feiras. Aos sábados, apresentava o seu circo na TV Curitiba.

Assim, era comum no final do programa, Carequinha fazer anúncios como “Alô garotada de Uruguaiana. Carequinha e o seu circo estarão aí…” O palhaço Carequinha também tinha na sua trupe os palhaços Fred, Zumbi, Meio Quilo e muitos outros auxiliares de palco. E todos costumavam ficar hospedado em Porto Alegre no antigo Hotel Majestic, que hoje a briga a Casa da Cultura Mário Quintana. O vendedor e representante da gravadora Copacabana Discos, que era a gravadora do Carequinha, em Porto Alegre, Jairo Juliano, conhecido por JAJÁ, foi convidado por Carequinha para ser o apresentador do seu programa nessa época, em todas as cidades com programação marcada para o circo.

Carequinha também apresentou o seu circo na TV Gaúcha, que foi o embrião da Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS) e, finalmente, na TV Difusora, que foi a pioneira na transmissão ao vivo de um evento nacional em cores, como, A Festa da Uva de 1972, anunciando os desenhos animados da garotada, além de apresentar nas tardes de sábado o programa dos Estados Unidos, O CIRCO.

Vale destacar que Carequinha, que foi participante do início da TV Tupi-Rio, também estava no estágio final da citada televisão com o programa local, “O CIRCO DO CAREQUINHA”.

Em 1976, o cineasta Roberto Machado Júnior fez um documentário sobre Carequinha, onde teve o próprio palhaço como ator do documentário em um dos autores do roteiro.

Nos anos 1980, apresentou um programa infantil chamado CIRCO ALEGRE, na extinta TV Manchete.  O Circo Alegre tinha a assistência da ajudante Paulinha e das professoras da Escola de Dança Sininho de Ouro, de Niterói, no Rio de Janeiro. Na TV Manchete, Carequinha grava um programa de oito horas por dia para uma semana inteira e a empresária Marlene Mattos foi a sua assessora. Após dois anos e meio de CIRCO ALEGRE, com a saída do Carequinha, as características fundamentais do seu programa foram incorporadas pela Xuxa no Clube da Criança. Deixou-nos Carequinha: “Eu inventei todas essas brincadeiras com as crianças, que hoje são tão comuns nos programas infantis na TV. Eu as pegava para dar cambalhotas, rodar bambolê, calças sapatos, vestir paletó primeiro, brincadeira com a maçã e furar bolas”.

Na Rede Globo, participou do programa Escolinha do Professor Raimundo e da novela HOJE É DIA DE MARIA, em 2005.

Aos noventas anos o velho palhaço morreu em sua casa em São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro. Durante a madrugada, ele queixou-se de falta de ar e dores no peito e acabou morrendo antes mesmo de receber atendimento médico. Foi enterrado no dia seguinte, no cemitério de São Miguel, na mesma cidade. Seu terno colorido, com o qual sempre se apresentava em seus espetáculos, foi também posto no caixão e assim enterrado juntamente com o corpo do artista. O local tem grande valor simbólico, neste cemitério estão cemitério também estão enterradas a maior parte das 400 vítimas de um acidente em um circo ocorrido em 1961, na cidade de Niterói – o incêndio no Gran Circus Norte-Americano.

Durante anos, o artista expressou publicamente (em entrevistas para jornais e para televisão), sua intenção de ser enterrado com a cara pintada – segundo ele, “para alegar os mortos”, Seu desejo não foi atendido pela família, que exigiu que ele fosse enterrado com a cara limpa. No entanto, permitiram que ele fosse sepultado vestindo com uma de suas roupas de palhaço.

Carequinha agitava a criançada com seu BORDÃO “tá certo ou não tá?” O certo é que, por várias gerações, o palhaço Carequinha levou alegria a milhões de expectadores. Ainda ativo, no alto dos seus noventas anos, continuava alegrando e educando com suas músicas. Natural da cidade de Rio Bonito, no Estado do Rio de Janeiro, residia até o final de sua vida na cidade de São Gonçalo, também no Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira aos cinco anos de idade e, até completar 90 anos, teve uma carreira nos picadeiros, teatros, TVs, cinema e nas rádios, por 85 anos em cena.

Também foi o primeiro artista circense a fazer sucesso com seus programas na televisão, sendo pioneiro no Brasil, no formato de programas infantis de auditório que até hoje fazem sucesso. Chegou a gravar 26 discos (LPs), protagonizou papeis em filmes e colocou sua marca CAREQUINHA em diversos produtos infantis, com um vasto repertório musical, quase integralmente formado por cantigas de roda, clássicos infanto-juvenis, músicas folclóricas e carnavalescas. Gravou, entre muitas, SAPO CURURU, MARCHA SOLDADO, ESCRAVOS DE JÓ, SAMBALELÊ, e dezenas de outros sucessos infanto-juvenis.

Sobre o local onde Carequinha gostaria de morar, ele fala: “Gosto daqui. E, além do mais, moro perto do cemitério. Quando eu morrer não vou dar trabalho a ninguém. Vou a pé pra lá”.

O palhaço Carequinha é considerado por muitos como um patrimônio da cultura brasileira. Suas músicas estiveram sempre entre os maiores sucessos no carnaval como GAROTA TRAVESSA, CARNAVAL JK, O BOM MENINO (aquele que não faz xixi na cama), e tantas outras.

Carequinha atravessou várias gerações como ídolo infantil. Apresentou-se para vários presidentes, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitshek e João Goulart, e recebendo condecoração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

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