Obra na Rodoviária levará 1 ano; veja o que muda nos ônibus e no trânsito

Com uma manutenção em andamento há três anos, maior terminal de ônibus do Distrito Federal acumula problemas, que levaram à recente interdição e a mais transtornos

 

Quem circula diariamente pelo centro da capital está se acostumando à interdição de um dos seus cartões-postais. Desde quinta-feira (27/6), a Rodoviária do Plano Piloto, por onde circulam diariamente cerca de 700 mil pessoas, tem pontos bloqueados, pois corre risco de desabar, como anunciou o governador Ibaneis Rocha (MDB). Ele afirmou que vai demorar três meses para a situação voltar ao normal. No entanto, a Secretaria de Obras, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) ainda precisa fazer uma licitação em caráter emergencial para recuperação do terminal.
Só após o processo licitatório e a contratação da empresa vencedora, as obras começarão. A partir daí, será possível estimar uma data de entrega. A rodoviária é um canteiro de obras desde 2017. Até agora, o governo gastou R$ 26 milhões e concluiu 72,59% das ações de manutenção, que incluem a substituição das esquadrias em alumínio e vidros da galeria técnica, execução de novas instalações elétricas, eletrônicas, hidráulicas, sanitárias e de gás, assim como de sistema contra incêndio e central de ar-condicionado. A previsão de conclusão é julho de 2020, com mais R$ 10 milhões.

O governo decidiu pela recente intervenção após um laudo da Novacap identificar uma série de falhas: rompimento de cabos de protensão de longarinas por corrosão, movimentação anormal com abertura de frestas em vigas de encabeçamento do caixão perdido da plataforma superior, problemas de infiltração, problemas com estrutura do reservatório de incêndio, corrosão nos guarda-corpos dos viadutos, fissuras de vigas e lajes.

A circulação de veículos na região ficou comprometida. Para evitar tragédias, toda a via que passa pela plataforma superior, entre o Conic e o Conjunto Nacional, está bloqueada. Taxistas que trabalham no local estão insatisfeitos. É o caso de Carlos Alberto Santana, 61 anos. “Tiraram a gente da sombra e colocaram no sol. Entendo que haja a necessidade, mas isso nos prejudicou”, reclama ele, que trabalha em ponto ao redor da Rodoviária.

Algumas linhas de ônibus mudaram o ponto de parada. Passageiros, sobretudo de Planaltina, Sobradinho, Varjão e Arapoanga, são os mais afetados. Avisos foram fixados em alguns pontos da rodoviária, mas os passageiros estão tendo dificuldades de se adaptar. A secretária Leila Alves, 24, costumava embarcar para a Vila Planalto no piso superior, mas agora o ônibus fica na inferior. “Lá em cima, havia apenas alguns papéis avisando. Pedi informação em vários lugares, até achar o meu ponto”, reclama.

Medo

O vigilante Isaque Freire da Silva, 45 anos, acredita que se as reformas fossem feitas durante a noite, isso atrapalharia menos o fluxo de pessoas. “Desde que começaram, é muito barulho, materiais de construção ficam caindo e não há segurança. Tenho medo de que (o prédio) desabe. Passo olhando para cima e rezando”, declara.

A fotógrafa Maria Alciderlania de Carvalho, 45, também teme pela estrutura. “O pessoal está evitando passar aqui. São obras inacabáveis. Estacionar é transtorno, chegar à plataforma inferior, pior ainda”, reclama a moradora do Gama.
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