Eleitorado em SP é impaciente e sem ideologia fixa, dizem especialistas

Na capital paulista, trocas entre siglas como PSDB e PT indicam posicionamento pouco preocupado com a manutenção de um espectro político

 

As eleições municipais em São Paulo são marcadas desde 1985 pela escolha de prefeitas ou prefeitos com perfis ideológicos diferentes. Nunca houve a reeleição de um candidato nos nove pleitos que sucederam o processo de redemocratização no Brasil após 21 anos de ditadura militar.

As sucessivas trocas entre siglas como PSDB e PT apontam, entre os habitantes da capital paulista, para o posicionamento pouco preocupado com a manutenção de um mesmo espectro político. Estas variações, segundo especialistas ouvidos, assinalam o perfil do eleitorado paulistano.

“É um perfil complexo, de um eleitor que é exigente e impaciente”, aponta Maurício Fronzaglia, cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Para ele, isto acontece porque, na maior cidade da América Latina, os problemas são muitos e em diversas áreas. Portanto, dificilmente são resolvidos em uma só gestão, o que gera dificuldades para a aprovação de qualquer prefeito.

“É uma característica do eleitorado de São Paulo: muita exigência. Porque tem demandas demais e problemas que o prefeito não consegue resolver. E isso causa uma certa frustração. Os problemas da cidade extrapolam – e muito – a capacidade de ação da prefeitura”, comenta.

O professor da USP (Universidade de São Paulo) e cientista político Glauco Peres também observa que não há uma ideologia facilmente identificada entre os paulistanos.

O único aspecto que Peres percebe em comum aos eleitores da cidade é uma forte rejeição ao Partido dos Trabalhadores nos últimos anos: “A rejeição ao PT perpassa o eleitorado em relação a outras características. Foi muito presente na última eleição e imagino que seguirá por aqui. Não creio que tenha mudado”.

Histórico

Desde o período de redemocratização após a ditadura, há três décadas e meia, São Paulo teve nove prefeitos.

Oito deles foram eleitos, e, em 2018, o então vice Bruno Covas, atual gestor da cidade, assumiu após a saída de João Doria, que se candidataria ao Governo do Estado.

Em ordem cronológica, Jânio Quadros (PTB), Luiza Erundina (PT), Paulo Maluf (PDS/PPR/PPB), Celso Pitta (PPB), Marta Suplicy (PT), José Serra (PSDB), Gilberto Kassab (PFL/DEM/PSD), Fernando Haddad (PT) e João Doria (PSDB) foram os responsáveis pela administração da capital paulista desde 1985.

O resultado das eleições de São Paulo, comenta Fronzaglia, é um pêndulo entre a centro-direita e centro-esquerda. “Varia bastante. É um caleidoscópio, porque vai se movimentado o tempo todo”, diz.

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