Projeto que mescla estudos e princípios do Jiu-Jitsu auxilia concurseiros a conquistar a ”faixa preta”

Victória Olímpio* – Quem estuda para concursos sabe que se trata de uma luta diária, contra a concorrência e, muitas vezes, contra si próprio e as limitações do corpo e da mente. Para auxiliar os estudantes a alcançar o sucesso, um método inusitado levou a analogia ao pé da letra e mesclou estudos para concursos públicos e a luta marcial Jiu-Jitsu: isso mesmo, estamos falando do Jus-jitsu!

Sergio Roberto da Silva (40), é defensor público e criou o projeto Jus Jitsu, que tem os mesmos princípios da arte marcial. Ele era um concurseiro que buscava resultados e entre os anos 2010 e 2011 e criou o método para obtenção dos seus próprios resultados. Na ocasião, sua esposa, Dominique de Paula Ribeiro, também seguiu o método e no ano de 2013, após várias reprovações e aprovações, ambos foram aprovados no concurso público de Defensor Público do Distrito Federal, cargo que ocupam atualmente.

O método foi idealizado a partir das dificuldades encontradas por Sergio, que não tinha constância nos estudos e enfrentava a ansiedade como seu principal obstáculo. Foi quando lembrou da época em que praticava a arte marcial Jiu-Jitsu. “Durante todo o período, eu não me preocupava em vencer determinado campeonato ou competidor. Pensava apenas em treinar e em graduar dentro do esporte, trocando de faixas. Era o que eu precisava para passar em concurso público: treino e longo prazo”.

Ele defende que, com o método, o estudo para concursos deixaria de ser uma atividade chata e passaria a ser um esporte. A técnica é simples: contabilizar o estudo diário em pontos e, conforme a pontuação alcançada, mudar de faixa. “A maior dificuldade foi perceber a descrença de muitas pessoas na aceitação da seriedade do método, afinal, existem vários produtos no mercado que não são hábeis a auxiliar verdadeiramente os estudantes e visam apenas o lucro, sem obtenção de resultados.”

O trabalho é realizado tendo como base valores e princípios que são fundamentais tanto para estudantes quanto para quem pra tica esportes: disciplina, hierarquia, cooperativismo, determinação, coragem, resiliência e humildade.

Além disso, a equipe promove campeonatos, formação de equipes, incentivos ao treino, repetição de questões e o cumprimento das metas, é feita uma competição entre os integrantes, permitindo uma comparação de rendimento e de resultados. “A troca de faixas é uma técnica que auxilia o estudante a retirar a pressão e a ansiedade normalmente verificada quando se busca exclusivamente a aprovação no concurso, substituindo o foco de passar na prova para o de trocar de faixas, como ocorre na arte marcial proposta”.

No Jus-jitsu há encontros semanais entre o professor e os estudantes, ocasião em que há explanação sobre temas relacionados a concurso público, além de haver entre os estudantes troca de rotinas, material e experiências pessoais, auxiliando-os a manter o entusiasmo para a semana de estudos. A troca de faixas dependerá exclusivamente do aluno, que realizará a pontuação semanal de sua meta, sem prejuízo de superar a meta exigida e, assim, trocar de faixa com maior rapidez.

Os alunos são orientados inicialmente a compor uma das áreas de estudo (federal, estadual, ampla jurídica ou ampla geral) e deve focar seu desempenho conforme a área escolhida. Há um cronograma geral para o estudo sem edital e, após a publicação do edital, há uma preparação específica voltada para o respectivo certame. Sugere-se que não haja mudança de área para que não prejudique o desempenho e o alcance do resultado.

Emanuele Vaz, de 32 anos, é advogada da União e conta que conheceu o projeto por uma amiga que estudava para concursos e seguia o método. Ela afirma que tinha a sensação de que estudava da maneira errada e que estava precisando de um direcionamento para estabelecer uma rotina correta de estudos. “Eu entrei no Jus Jitsu em março de 2015 e o edital para o concurso que eu almejava (AGU) foi publicado em julho daquele ano. Permaneci no curso até as etapas finais do concurso e tomei posse na AGU em janeiro de 2017. Parei na faixa azul quando passei na AGU,” comemora. “Seguir o método me ensinou a ter disciplina aliada às prioridades nos estudos e ao equilíbrio emocional, e passei a perceber que a persistência e paciência são essenciais para o sucesso. A convivência com outras pessoas que também almejam a aprovação em concurso é uma experiência enriquecedora. Existe uma competição saudável e construtiva”.

Já o advogado Marcello Faria, de 27 anos, conta que participou das aulas desde maio de 2018. Ele é praticante de Jiu Jitsu e na equipe havia um amigo que participava do projeto desde o começo. Ele já foi aprovado em várias concursos, incluindo TRF-1, STM, CLDF e MPU. Marcello conta que não havia muita técnica ou metodologia nos seus estudos, que apenas lia algumas apostilas e PDFs voltados para concursos específicos e as vezes fazia cursinho preparatório. “Hoje estudo de 4 a 8 horas por dia 6 vezes por semana, independente de existir edital aberto ou não. Esse tempo é dedicado quase que exclusivamente à resolução de questões ou à leitura de lei seca. Apenas quando tenho muita dificuldade em alguma matéria que leio um arquivo em PDF. Não leio doutrina nem assisto aulas ou vídeo aulas. De forma geral, meu estudo é muito mais eficiente e constante que antes”. O estudante está na faixa marrom e afirma que estar cercado por pessoas que estão passando pelo mesmo momento propicia um ambiente de estudo mais acolhedor. Ele pretende continuar participando até atingir a nomeação para o cargo de juiz.

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