PSol e o deputado Kim Kataguiri apresentaram representações a Hugo Motta sobre a confusão ocorrida no Plenário na última quarta-feira (16/7)
O PSol apresentou nesta sexta-feira (18/7) uma representação contra o deputado Kim Kataguiri (União-SP) devido à confusão ocorrida no Plenário entre Kataguiri e a deputada Célia Xakriabá (PSol-MG), na última quarta-feira (16/7) durante a votação do licenciamento ambiental na Câmara dos Deputados. O parlamentar também apresentou uma representação contra a deputada Célia Xakriabá. Para Kataguiri, Xakriabá tentou mudar a narrativa ao denunciá-lo, mas quem teria cometido agressões, teria sido a pessolista.
Posição do PSol
No documento, a presidente do partido, Paula Coradi, afirma que o deputado de São Paulo quebrou o decoro parlamentar. “Não se trata de simples divergência retórica ou debate acalorado. Trata-se de um parlamentar que, publicamente, em sessão solene da Casa Legislativa, cometeu racismo, ao referir-se de forma pejorativa ao cocar da deputada indígena, símbolo sagrado de sua ancestralidade, comparando-o a uma ‘fantasia de cosplay de pavão’“, defende.
Coradi ressaltou no documento que a sessão inteira foi marcada por agressões à Xakriabá e que essa não foi a primeira vez. “A parlamentar teve sua identidade atacada, sua presença deslegitimada e sua autoridade institucional ridicularizada. A agressão sofrida não se limita a um embate retórico: representa um ataque direto à legitimidade da presença indígena no Legislativo, à identidade cultural de seus representantes e ao livre exercício de seus mandatos. E não é a primeira vez que ocorre. Nem a segunda”, afirma o documento.
A representação também citou o cocar que a deputada Célia usava na noite da votação e que virou argumento da oposição. “Ao ridicularizar o cocar da deputada Célia Xakriabá — elemento sagrado e político de sua ancestralidade — e ao fomentar um ambiente de violência simbólica contra povos originários e mulheres, o parlamentar transgrediu o decoro, ofendeu a democracia e comprometeu a legitimidade da própria instituição”, acusa.
Posição de Kim Kataguiri
Em resposta ao PSol, o deputado Kim Kataguiri também apresentou uma representação contra a deputada Célia Xakriabá. “De maneira racista e xenófoba, fui chamado de ‘deputado estrangeiro’, tentativa clara de deslegitimar minha atuação parlamentar com base na minha origem familiar. Reafirmo: sou brasileiro, nascido no Brasil, e tenho orgulho das minhas raízes. Sou neto de imigrantes japoneses, filho de mãe paraense, mestiço, carregando em minhas veias sangue indígena, africano, português, italiano e japonês”, defendeu em nota.
“Ao rebater essa agressão, em nenhum momento ameacei ou tentei agredir fisicamente a deputada. As imagens oficiais da sessão são públicas e deixam claro que permaneci sentado, em silêncio, quando a parlamentar, visivelmente alterada, partiu em minha direção. A deputada precisou ser contida por colegas parlamentares e pela Polícia Legislativa. […] A deputada Célia Xakriabá optou por protocolar uma representação contra mim no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, numa clara tentativa de inverter a responsabilidade pelo episódio”, acusa o deputado.
Em seu pedido, o deputado Kataguiri pede pela investigação das ações da parlamentar do PSol e a suspensão de seis meses do seu mandato. “Diante da gravidade das agressões verbais e físicas sofridas, informo que protocolei representação formal contra a parlamentar, solicitando a devida apuração dos fatos e a aplicação das sanções cabíveis, inclusive a suspensão do seu mandato parlamentar por seis meses”, conclui.