Goiânia, GO – O setor de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME) em Goiás enfrenta uma situação crítica, com fornecedores alertando para a possibilidade iminente de uma paralisação geral no fornecimento a planos de saúde como o Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (IPASGO), Unimeds e outras operadoras. As empresas denunciam que há anos operam com valores congelados, sem qualquer tipo de reajuste, mesmo diante do aumento contínuo da taxa de juros, da inflação acumulada e da alta nos custos logísticos e produtivos. Enquanto isso, os próprios planos de saúde reajustam anualmente os valores cobrados dos usuários, sem repassar nenhum aumento às empresas fornecedoras, o que, segundo o setor, torna a operação insustentável e compromete a continuidade do atendimento à população.
As Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME) são insumos cruciais em diversas intervenções médicas, desde cirurgias complexas até tratamentos de reabilitação. A interrupção no fornecimento desses itens pode ter consequências devastadoras para a população, resultando no adiamento ou cancelamento de procedimentos essenciais e sobrecarregando ainda mais o sistema de saúde.
Negociações travadas e o risco de um colapso
Fornecedores de OPME afirmam que as tentativas de negociação com o IPASGO e as Unimeds têm sido infrutíferas. Apesar de contatos reiterados, não há perspectiva de acordo para a revisão dos valores. Essa situação tem levado algumas empresas do setor a reduzir parcialmente o atendimento, como um sinal de alerta para a gravidade do problema.
A persistência da falta de diálogo e de reajustes pode culminar em uma paralisação total do fornecimento. “Já entramos em contato em diversas ocasiões, mas sem nenhuma perspectiva de negociação. Algumas empresas do setor já pararam parcialmente o atendimento e, caso permaneçam sem resposta dos Planos Unimed, Ipasgo dentre outras, farão uma paralisação geral”, afirma um representante do setor, que preferiu não se identificar devido à sensibilidade do tema.
Impacto imensurável na população goiana
Uma paralisação geral no fornecimento de OPME representaria um transtorno imensurável para a população goiana. Pacientes que dependem desses materiais para cirurgias ortopédicas, cardíacas, neurológicas, entre outras, seriam diretamente afetados. A falta de acesso a próteses para substituição de articulações, órteses para correção de deformidades ou materiais especiais para procedimentos cirúrgicos de alta complexidade poderia levar a um colapso no atendimento e a um aumento significativo no sofrimento dos pacientes.
O cenário é preocupante, especialmente considerando a fragilidade do sistema de saúde, que já enfrenta desafios como a superlotação e a demanda crescente por serviços. A interrupção no fornecimento de OPME agravaria essa situação, gerando filas ainda maiores para procedimentos e comprometendo a qualidade da assistência médica.
Crise financeira dos planos de saúde e a busca por soluções
O IPASGO, plano de saúde dos servidores públicos de Goiás, tem enfrentado desafios financeiros, com notícias recentes apontando para déficits e a necessidade de aportes financeiros. A Unimed Goiânia também tem sido alvo de discussões sobre sua situação financeira, com relatos de déficits em anos anteriores, embora a cooperativa afirme ter superado a crise e apresentar solidez.
Essa situação financeira dos planos de saúde é frequentemente citada como justificativa para a dificuldade em conceder reajustes aos fornecedores. No entanto, o setor de OPME argumenta que a defasagem nos valores é insustentável e coloca em risco a própria capacidade de continuar operando e garantindo a disponibilidade dos materiais.
A expectativa é que as partes envolvidas busquem uma solução urgente para evitar a paralisação. A saúde da população goiana depende de um acordo que garanta a continuidade do fornecimento de OPME e a sustentabilidade de todo o sistema de saúde suplementar no estado.
