Vários ‘Corpos boiando, de crianças e adultos’, disse uma moradora do RS que teve casa tomada pelas águas

Mulher de São Leopoldo afirma que casas ‘não foram abertas para não ter os corpos perdidos’; 440 municípios enfrentam alagamentos

 

“Onde eu moro, na Vicentina, muitos corpos boiando, de crianças e adultos. Casas que não foram abertas para não ter os corpos perdidos. Amigos se foram, amigos se salvaram. E a gente está vivo aqui, é o que importa.” Esse é o relato da manicure Gicele Cristina Lima da Silva, de 57 anos, que teve a casa tomada pela água, em São Leopoldo, município a cerca de 35km de Porto Alegre.

Gicele conta que as cenas foram presenciadas por um de seus filhos, que trabalha no resgate das vítimas das enchentes, e diz que houve momentos de tensão vividos pela família no momento em que a água invadiu a região. “Foi rápido. A água estava tapando os nossos pés e, quando a gente viu, já estava no forro. A gente viu a nossa casa ser tomada”, comentou.

Gicele conta que as cenas foram presenciadas por um de seus filhos, que trabalha no resgate das vítimas das enchentes, e diz que houve momentos de tensão vividos pela família no momento em que a água invadiu a região. “Foi rápido. A água estava tapando os nossos pés e, quando a gente viu, já estava no forro. A gente viu a nossa casa ser tomada”, comentou.

A manicure relata que ela e os familiares decidiram esperar por um resgate em que os animais de estimação também pudessem ser levados. “Decidimos que, sem os animais, a gente não ia sair”, enfatiza. Segundo ela, um barco chegou para fazer o transporte de todos quando faltava apenas um degrau para a água alcançar o nível em que a família estava.

440 municípios afetados

Há duas semanas, o Rio Grande do Sul enfrenta fortes chuvas e alagamentos em mais de 440 municípios. De acordo com o boletim divulgado pela Defesa Civil no início da tarde dessa segunda-feira (13), 147 mortes foram confirmadas, 127 pessoas estão desaparecidas, 538.241 estão desalojadas e a quantidade da população afetada supera 2 milhões.

A catástrofe também afetou o abastecimento de veículos e serviço de comunicação, energia e água. Segundo a Defesa Civil e o Ministério de Minas e Energia, 269 mil casas estão sem eletricidade, 131.057 pessoas seguem sem o abastecimento de água e 12 municípios foram prejudicados pela falta de serviços de telefonia.

Em relação à infraestrutura, o governo gaúcho informou que são 105 trechos em 59 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes. A Secretaria de Logística e Transportes do RS disponibilizou rotas alternativas para determinadas cidades, e o mapa pode ser acessado pelo site do governo local.

Corpos apodrecendo

As equipes do Corpo de Bombeiros relataram as tentativas de resgatar sobreviventes em regiões de difícil acesso. Um dos integrantes do grupo, especialista em mergulho aquático, afirmou que o cheiro forte que vem das águas não é de animais, mas, sim, de corpos que estariam apodrecendo entre os escombros.

Nível do Guaíba

O nível do lago Guaíba voltou a subir, alcançando 4,94 metros até as 12h dessa segunda-feira (13), segundo a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado do Rio Grande do Sul. Com as fortes chuvas, a previsão é de que o Guaíba atinja 5,5 metros entre segunda e terça-feira (14).

O Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul informou que, até essa sexta-feira (10), os rios afluentes ao Guaíba apresentavam lenta redução. “Nas últimas 24h e 72h, ocorreu precipitação expressiva de mais de 150 mm em grande região e mais de 250 mm em alguns casos, cobrindo grande parte das bacias do Taquari, Sinos, Caí e Jacuí”.

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