Muita coisa mudou no futebol feminino brasileiro, mas, para alcançar uma Copa do Mundo, é necessário investir mais
Não foi desta vez que a seleção feminina brasileira trouxe sua primeira taça de Copa do Mundo para casa. Apesar de não chegar na Oceania com status de favorita, era esperado que a amarelinha ao menos alcançasse o mata-mata. Infelizmente, o Brasil ficou pelo caminho ainda na fase de grupos e fez as malas mais cedo que o previsto.
A eliminação do Brasil é considerada um dos grandes vexames da Copa por não ter conseguido avançar em um grupo com duas seleções mais fracas e sem tradição na modalidade – Jamaica e Filipinas. No entanto, isso não significa que todo o trabalho realizado até agora deve ser jogado fora.
É importante lembrar que o futebol feminino viveu um período de mais de 40 anos de proibição, de 1941 a 1983, no Brasil. Além disso, a seleção vive uma etapa nova desde a chegada da técnica Pia Sundhage, que foi contratada em 2019, após a Copa do Mundo da França, justamente para conduzir essa reestruturação.
Mas o que mudou no futebol feminino no Brasil desde a última Copa do Mundo?
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Campeonatos nacionais
Foi em 2019 que começou a valer a regra que obriga clubes da Série A do Brasileiro e da Libertadores a terem equipes femininas também. Naquele ano, foram estabelecidas duas divisões do Brasileiro feminino. Dos 16 times que disputaram a Série A1, seis eram tradicionais. Já a A2 contou com 36 participantes, sendo 11 deles clássicos.
Em 2023, o campeonato conta com três divisões. Além disso, esse foi o ano de estreia da Supercopa do Brasil, realizada com os melhores colocados dos principais campeonatos estaduais do país.
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Transmissão
O Brasileirão de 2019 começou sem transmissão na TV, mas com uma parceria entre o Twitter e a CBF, através da qual os jogos eram disponibilizados na própria rede social. Dois meses depois, a TV Bandeirantes assinou um acordo para transmitir o restante do campeonato naquele ano.
E assim a emissora fez até 2022, já que a partir deste ano a TV Globo comprou os direitos de transmissão. No entanto, o grupo decidiu transmitir as partidas na TV aberta apenas a partir da fase de mata-mata, enquanto a fase classificatória nos pontos corridos ficou disponível nos canais fechados.
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Premiação
Em 2019, a campeã brasileira Ferroviária recebeu R$ 120 mil, e o vice Corinthians, R$ 60 mil, em premiação da CBF. Eram os mesmos valores distribuídos desde 2016. O campeonato nacional começou em 2013, mas em seus primeiros três anos não havia nenhum tipo de premiação financeira.
Felizmente, as coisas melhoraram com o tempo. Em 2022, o Corinthians ganhou R$1 milhão, e o vice Internacional, a metade. Todos os clubes participantes do torneio também receberam R$ 5 milhões.
O que falta para reestruturar a seleção feminina
Apesar de todos os avanços nos últimos anos, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que o futebol feminino avance. Além de desenvolver os tópicos citados, é importante investir na base. O trabalho já começou a ser feito: há três anos, a CBF criou os campeonatos brasileiros que contemplam meninas mais novas, hoje divididos em Sub-17 e Sub-20.
Porém, se o Brasil quiser um projeto sério para vencer uma Copa do Mundo, será necessário ir além e chegar até as meninas que calçam chuteira infantil. Só investindo no futebol desde cedo é possível criar uma seleção principal forte.