*Lurdinha Nunes
No final da década de 1980, Padre Jonas Abib, fundador da Canção Nova, foi fazer um retiro espiritual em Assis, Itália. Ao chegar na cidade, quis começar por São Damião, local onde Santa Clara viveu. No quarto em que Clara teve a famosa visão da missa de Natal em 1253, com detalhes que séculos depois a levaria a se tornar padroeira da televisão, padre Jonas se ajoelhou e pediu a graça, pela intercessão de Clara, de uma emissora de TV que fosse sempre segundo a vontade do Senhor. Meta que de 1989 até hoje é perseguida pela TV Canção Nova.
Clara de Assis, celebrada em 11 de agosto, é representada sempre com um ostensório nas mãos. Isso porque, segundo sua biografia, os Sarracenos invadiram Assis e estavam saqueando e destruindo a cidade, igrejas e conventos, chegando até o mosteiro das Clarissas. Naquele momento, sabendo que nada podia fazer por si mesma e pelas irmãs, Santa Clara levantou-se, correu até a capela e disse ao Senhor: “Quereis entregar aos infiéis estas vossas servas indefesas que nutris com Vosso amor? Vinde em socorro de vossas servas, pois não as posso proteger.” E então ouviu a voz de Jesus lhe dizendo: “Serei vossa proteção hoje e sempre”. Santa Clara então dirigiu-se à porta do convento segurando um ostensório contendo Jesus Eucarístico e disse aos invasores que Cristo era mais forte do que eles. E em seguida, inexplicavelmente, os Sarracenos foram tomados de um intenso temor e fugiram. Não apenas do convento, mas da cidade de Assis! São muitos os fatos e riquezas na história da Santa de Assis. Mas, nesta festa, gostaria de fazer coro ao relato de Frei Francesco Patton, Custódio da Terra Santa, sobre as cartas de Santa Clara, que tão bem definem a sua espiritualidade. A síntese de sua proposta de santidade está expressa na IV carta a Santa Inês de Praga: “Ponha a sua mente no espelho da eternidade, coloque a sua alma no esplendor da glória, coloque o seu coração na figura da substância divina e transforme-se inteiramente, através da contemplação, na imagem da sua divindade”, imagem e semelhança de Deus que é a forma em que fomos criados. Referindo-se a Jesus, Clara afirma: “Sendo Ele o esplendor da glória, a candura da luz eterna e um espelho sem mancha, olha-te todos os dias”. E nos convida a contemplar a “bem-aventurada pobreza, santa humildade e inefável caridade”. Com alma, mente e coração, assim cantou nosso querido e saudoso Padre Jonas:
“Irmão Francisco, irmão de todo irmão.
Clara de Assis, irmã de toda irmã.
Cantam ao mundo só Deus os bastará,
o amor é lindo, ele vencerá!” *Lurdinha Nunes – Segundo Elo Comunidade Canção Nova – é redatora-chefe da Revista Terra Santa, mora em Jerusalém e trabalha para a Custódia da Terra Santa.