6000 anos de comida! Como foi a evolução no processo de alimentação da humanidade
A alimentação humana passou por um longo processo de evolução, iniciado pelos povos nômades
Os primeiros povos a habitarem a Terra tinham um cardápio limitado, tendo que viajar milhares de quilômetros para conseguir comida. Quando conseguiam, utilizavam suas habilidades com fogo para preparar comidas.
E eles mal sabiam que estavam dando início ao uso de tecnologias na alimentação. De lá pra cá, muita coisa mudou e evoluiu. Hoje, o nosso cardápio é variado, com alimentos para os mais diversos tipos de gostos e necessidades, graças ao desenvolvimento da food science.
Mas, você sabe como aconteceu essa evolução ou qual foi o papel da tecnologia na indústria alimentícia? Continue a leitura deste artigo até o final e descubra como isso aconteceu!
Alimentação na Pré-história
A Pré-História foi um período extenso dividido em 4 fases: Paleolítico, Mesolítico, Neolítico e Idade dos Metais. Na primeira delas, os seres humanos eram nômades, ou seja, não tinham endereço fixo, sempre buscavam novos locais para morar.
A dieta se resumia em frutas, carne de caça e pesca. E os alimentos não eram abundantes, pois as ferramentas dos caçadores eram rudimentares. A falta de tecnologias para armazenamento e conservação, obrigava o consumo imediato.
Mas, foi no fim do Paleolítico que os hominídeos descobriram o fogo e conseguiram o controle sobre ele. Sem dúvida, esse foi um dos pontos mais importantes na evolução da alimentação humana.
Posteriormente, o Mesolítico ficou marcado por transformações relevantes na alimentação humana. Alguns grupos deixaram o nomadismo, para se fixarem em locais férteis. Foi nessa época em que os humanos aprenderam a quebrar ossos e comer o tutano presente neles.
No Neolítico, o relacionamento entre o homem e o meio ambiente se estreitou de vez. O período é lembrado pelo início da agricultura, utilizando da terra para se alimentar. Isso contribuiu para que os grupos se tornassem sedentários.
A Idade dos Metais, que ocorreu por volta de 6 mil a.C., ficou marcada pelo surgimento das primeiras cidades. E, claro, pela descoberta dos metais, fundamentais para o armazenamento de alimentos. O cobre, por sua vez, teve papel importante na conservação da produção agrícola excedente.
Alimentação na Idade Antiga
A Idade Antiga começou em 3500 a.C. quando os Sumérios desenvolveram as primeiras maneiras de escrita. O período também teve como destaque as civilizações clássicas e orientais. Na clássica, podemos lembrar dos gregos e romanos. Na oriental, estavam os mesopotâmicos, egípcios, persas, hebreus e fenícios.
Começando pelos egípcios, a civilização do nordeste da África. O povo ali presente dependia, e muito, do rio Nilo para sobreviver. Aliás, os egípcios se desenvolveram nas margens do Nilo, grande responsável por possibilitar a agricultura na região.
A alimentação no Antigo Egito consistia em duas refeições diárias, contendo pão, peixes, lentilhas, pepinos, rabanetes e favas. Muitas vezes, as alimentações eram acompanhadas de cerveja não fermentada.
O povo que viveu na Mesopotâmia, que corresponde a grande parte do atual Iraque e Kuwait, também tinha uma alimentação simples, mas saudável. O cardápio continha pão de cevada, cerveja e tâmaras, fruta tradicional na região.
Por outro lado, os gregos começavam o dia com pão e vinho, que era diluído e servia para molhar o pão. O almoço tinha azeitonas, queijo de cabra, figos e, claro, pão. A última refeição era composta por sopa e pão de cevada. Legumes e aves eram consumidos ocasionalmente.
Já os romanos quebravam o jejum com pão, frutas e queijos. O prandium, considerado como um “almoço leve”, tinha apenas vegetais e ovos. O vesperna, equivalente ao lanche da tarde, era composto de pães e queijos. As carnes eram servidas no jantar, a principal refeição romana.
Evolução da alimentação humana
Portanto, fica claro que a alimentação dos povos antigos era bastante simples. Os carboidratos consumidos eram obtidos por meio de alimentos com baixo índice glicêmico e alto teor de fibra.
Grande parte das comidas eram assadas, modo de preparo que conserva a qualidade nutricional. Assim a sensação de saciedade é maior, evitando o acúmulo de gordura e energia.
Frutas, legumes e verduras estavam sempre frescos e, claro, sem qualquer tipo de agrotóxico. A criação dos animais, que depois teriam sua carne utilizada para alimentação humana, aguardava o tempo correto para o crescimento e maturação.
Uma das grandes viradas na história da alimentação aconteceu por volta de 500 anos atrás. As Grandes Navegações deram início a globalização, com povos europeus desbravando e conquistando territórios fora do Velho Continente.
Além de sua cultura, os desbravadores também inseriram novos alimentos ao cardápio de diferentes povos da África, Ásia e América Central, por exemplo.
Durante o período, a agricultura era de subsistência, ou seja, a produção servia para alimentar o próprio agricultor, seus familiares e a comunidade. Porém, antes do fim da Idade Moderna, a agricultura se tornou um negócio.
A Revolução Industrial fez com que a produção artesanal passasse a ser industrial, com o auxílio de máquinas para acelerar e otimizar a produção. Afinal, o crescimento populacional em diferentes partes do mundo era acelerado, e as pessoas precisavam de alimentos para sobreviver.
Assim, as empresas precisavam produzir cada vez mais alimentos em grande escala. Diante da gigantesca demanda alimentar, a indústria foi obrigada a inserir ingredientes artificiais, para ampliar a quantidade do que era produzido e aumentar a vida dos alimentos.
Além de sal, gordura e açúcar, a receita dos alimentos passaram a ter corantes, estabilizadores, antioxidantes, espessantes e emulsionantes, ingredientes nada saudáveis. Pelo contrário, os componentes prejudicam a saúde, promovendo o surgimento de doenças e distúrbios.
Isso foi possível graças à integração entre a tecnologia e a alimentação. Aliás, essa “parceria” é antiga, perdura desde a Pré-História. A food science garante uma produção segura, reduzindo os riscos de contaminação e melhorando o armazenamento e transporte de comidas.
As tecnologias utilizadas na ciência alimentar permitiu ações como cocção, cura, maturação, defumação, congelamento, fermentação, esterilização, tratamento térmico, pulso elétrico e irradiação de raios gama e ultravioleta.
Os avanços registrados nos últimos séculos ocorreram graças a importantes áreas da food science, definidas como: nutrição, engenharia de alimentos, biotecnologia, microbiologia, nanotecnologia, química e toxicologia.
Cenário atual do setor alimentício brasileiro
O setor alimentício brasileiro passa por um momento positivo. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), o segmento teve faturamento superior a R$ 1 trilhão em 2022, correspondendo a 10,8% do PIB nacional. A alta foi de 16,6% no faturamento e 2,5% na produção.
Vale destacar que 72% refere-se ao abastecimento interno e 28% às exportações. As vendas externas tiveram aumento de 30% e a receita do mercado doméstico registrou alta de 14,3%.
Em relação às exportações, o crescimento atingiu 30% em 2022, ainda de acordo com números da ABIA. O faturamento foi de R$ 304,4 bilhões, garantindo ao Brasil a 2ª posição entre os maiores exportadores de alimentos do mundo.
No total, 64,8 milhões de toneladas foram exportadas para 190 países. O destaque ficou para proteínas animais, óleos, açúcares, gorduras e farelos, sendo os alimentos mais comercializados no último ano.
Áreas que trazem inovações para o setor de alimentos
Não seria possível atingir o crescimento e os números citados acima sem a food science. A biotecnologia, por sua vez, permite a utilização de células e moléculas na produção de alimentos e até mesmo bens e serviços.
Sem ela, alimentos presentes no cardápio brasileiro, como pão e queijo, teriam sua produção comprometida. A produção desses dois alimentos, e diversos outros, depende de organismos vivos.
Além disso, a biotecnologia possibilita a fabricação de carne sem gado, clara de ovo sem galinhas e leite sem vacas, por exemplo.
Assim como a biotecnologia, a química é fundamental na indústria alimentícia. A área estuda os elementos presentes nos alimentos, as alterações químicas em meio ao processamento e o armazenamento do que foi produzido.
A microbiologia é o campo responsável pelo estudo e análise da ação de microrganismos nos alimentos. O objetivo é entender como eles estragam e deterioram a comida, processos que podem trazer uma série de danos à saúde de quem os ingere.
Por outro lado, a toxicologia identifica as substâncias dos alimentos e mensura o grau de toxicidade. Afinal, agentes químicos estão nos alimentos, e precisamos saber qual é a dosagem ideal e como utilizar de maneira segura, para não prejudicar a saúde das pessoas.
A ciência alimentar também abriga a engenharia de alimentos, que participa de todos os processos do setor de alimentos. O campo observa desde a produção até a comercialização de diferentes tipos de comida.