Saiba o que é eficaz para parar de fumar, segundo especialistas

No Dia Mundial sem Tabaco, nesta segunda-feira (31), médicos explicam que o fumante passa por fases até conseguir largar o vício

 

O número de fumantes caiu nos últimos anos no país. Porém, as mortes em decorrência do tabaco seguem acima das 420 pessoas por dia, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer). Em 2019, data da última Pesquisa Nacional de Saúde, 22 milhões de brasileiros seguiam com esse hábito tão nocivo à saúde, o que corresponde a cerca de 12% da população.

Em virtude do Dia Mundial sem Tabaco, nesta segunda-feira (31), com o objetivo de ajudar quem pretende mudar de hábitos para ter uma vida mais saudável.

O primeiro passo é reconhecer que a dependência ao tabaco é uma das mais difíceis de acabar, devido à nicotina. O pneumologista Felipe Marques, da BP Beneficência Portuguesa – SP, explica que a substância mexe com a sensação de prazer. “A nicotina vai até o centro do prazer e o corpo reage com a substância dopamina, dando a sensação de prazer e ânimo”, diz.

O psiquiatra Henrique Bottura, diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, acrescenta ao problema as dificuldades comportamentais para mudança de hábitos. “Não é só a nicotina, que é uma das substâncias mais causadoras de dependência, comparada à heroína. Precisamos pensar que, para alguém mudar um hábito, tem de passar por algumas fases até que mude”, afirma.

“Tem a fase pré-contemplativa, quando a pessoa nem entende que é um problema e ignora os malefícios ligados ao cigarro. A fase contemplativa, que é aquela ‘Eu até acho que seria importante parar de fumar, mas não estou pronto nesse momento’. A fase que está na preparação, quando o paciente diz uma hora vou ter de parar. A da ação, quando a pessoa se dispõe a tentar e começa a tomar atitude e a última é de manutenção. Lembrando que a todo tempo pode ter a recaída”, acrescenta.

Para conseguir seguir o caminho descrito pelo especialista, é indicado a associação de tratamentos famarcológico e comportamental, segundo ele. “Para fazer mudanças grandes, precisamos da ajuda de alguém, principalmente para mudar comportamentos muito conectados, um vício construído há anos”, diz Bottura. 

Os médicos indicam três tratamentos à base de remédios. O mais comum é a reposição de nicotina, por meio de adesivos ou balas e gomas de mascar. Nele, o paciente para de fumar e usa uma das soluções descritas. Marques alerta que o processo é uma forma de enganar o cérebro e diminuir aos poucos o vício.

“A nicotina, por incrível que pareça, não causa mal. As outras centenas de substâncias que fazem parte do cigarro é que são carcinogênicas. Em vez de tirar de forma brusca, o cérebro vai dizer que está acontecendo alguma coisa errada. Enganamos o cérebro do paciente e diminuímos as doses de nicotina. Até que ofereceremos níveis tão baixos que seja possível interromper a reposição. É um desmame”, explica o pneumologista.

Os outros dois tratamentos são feitos por meio do uso de antidepressivos, que fazem com que o paciente tenha menos prazer ao fumar. As substâncias são Bupropiona e Vareniclina. A primeira é mais comum e é incluída no SUS (Sistema Único de Saúde). Já a segunda tem um custo muito alto e é mais difícil ser usada até na rede particular.

Mesmo com o uso de medicamentos, os pacientes passam por uma fase de abstinência, principalmente nos primeiros dias sem o cigarro. “Logo que há a redução do tabaco e de nicotina, o paciente pode ter aumento de frequência cardíaca e sudorese. Acontece em geral nos primeiros dias, mas pode durar até algumas semanas após a parada. Nessa jornada, o dia seguinte é sempre melhor do que o anterior”, afirma Marques.

Os especialistas ainda dão duas dicas para o período após a interrupção. A primeiro é diminuir as atitudes que levaram ao hábito. Aquela história do cafézinho antes do cigarro.

“O ambiente é importante para parar de fumar. Quanto mais fácil for o acesso ao comportamento do vício, maior é o esforço psicológico para resistir. É importante diminuir ao máximo os estímulos”, observa Bottura.

A segunda é prestar atenção na alimentação. Não é indicado trocar o vício do cigarro pelo hábito de comer doces ou carboidratos. “Tem um kit sensação do tabagismo. A tendência é que a pessoa aumente a ingestão e venha o ganho de peso. Nós orientamos a comer alimentos com baixo teor de carboidratos, como cenoura. Pacientes que fumam há muito tempo têm a necessidade de mastigar ou estar com alguma coisa na boca, então recomendamos mastigar casca de limão, de laranja, um cravo”, orienta o pneumologista.

Os tratamentos são oferecidos pelo SUS. O caminho é conversar com o médico do posto de saúde e seguir os cuidados para a interrupção do tabagismo.

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