Assessora que denunciou crime de rachadinha teve carro queimado em Minas

MP aponta vereador Tiago Tito como chefe do esquema de desvios; ele também teria favorecido empresário que financiou sua campanha em contratos com a prefeitura

 

 

Apontado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e pela Polícia Civil (PCMG) como chefe de um esquema de ‘rachadinha’ na Câmara Municipal de Nova Lima, na Grande BH, o vereador Tiago Tito (PSD) foi denunciado às autoridades por uma ex-assessora. Segundo o promotor Fabrício José Fonseca, ela se recusou a continuar devolvendo parte de seu salário ao político e, por isso, recebeu ameaças dele e do chefe de gabinete.

Segundo o promotor de Justiça, Fabrício José Fonseca, a ex-funcionária relata que, após as denúncias, chegou a ter o carro queimado a mando de Tito.

”Em razão dessa ameaça, foi decretada a prisão desse vereador, que estava colocando em risco a ordem pública e também a instrução probatória (recolhimento de provas). Esse foi o motivo da prisão dele e de seu assessor, pois eles atuavam em conjunto”, explicou Fonseca.

Conforme o promotor, o veículo da denunciante foi queimado em circunstâncias suspeitas, em frente à residência dela. Tito também teria coagido pessoalmente a trabalhadora, que chegou a expor o caso nas redes sociais.

A mudança, no entanto, fez com que a assessora tivesse prejuízos, pois ela teve benefícios cortados. Com isso, deixou de fazer os repasses nos termos combinados, o que teria desencadeado o imbróglio com o chefe.

Ainda de acordo com o promotor, a maneira como o dinheiro oriundo das rachadinhas era lavado para que passasse como lícito ainda não foi descoberta.

Contratos milionários

O MP também investiga Tiago Tito pelo favorecimento de um empresário em contratos com a prefeitura de Nova Lima. O material apreendido ao longo da operação reúne licitações de até R$ 20 milhões.

“Não estou dizendo que este contrato é ilegal, mas pode haver favorecimento. Isso ainda necessita de comprovação e, por isso, a operação de busca e apreensão hoje. Há indícios de que esse empresário contribuiu para a campanha do vereador e recebeu em troca favorecimento em contratos firmados com o município de Nova Lima”, afirma o promotor Fabrício José Fonseca.

Desvios e loteamento

A lista de delitos apurados na Câmara de Nova Lima inclui também o loteamento de cargos no Executivo. Ou seja: vereadores da casa legislativa estariam indicando nomes para ocupar cadeiras na administração municipal em troca da aprovação de projetos de interesse do município.

Operação Contrato Leonino

A ação deflagrada nesta terça-feira (11/5) corresponde à segunda fase da investigação da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção iniciada em 18 de dezembro do ano passado, também na Câmara de Nova Lima. Na ocasião, as autoridades cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete de seis vereadores.

‘À disposição das autoridades’

O Estado de Minas procurou o vereador Tiago Tito, a prefeitura de Nova Lima e a Câmara Municipal. Até a última atualização deste texto, apenas a câmara havia retornado os contatos da reportagem.

“Com relação ao mandado de busca e apreensão direcionado ao gabinete do vereador Tiago Tito, na manhã desta terca-feira (11/5), a atual gestão da Câmara Municipal de Nova Lima reitera seu compromisso com a transparência, estando à disposição das autoridades competentes para contribuir no processo investigativo”, disse a instituição, por meio de nota.

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