Miguel Littín: cineasta eternizado por Gabriel García Márquez foi figura-chave do cinema moderno latino-americano

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Mostra de 12 filmes de Littín jogou luz sobre trabalho audiovisual do diretor chileno

Um dos principais cineastas latino-americanos, Miguel Littín – agora com 78 anos – foi o protagonista da “Mostra Cinema Latino-Americano de Miguel Littín”, composta de 12 longas-metragens produzidos pelo diretor ao longo de sua carreira. O evento contou com debates acerca dos temas levantados nas produções – reunindo Alexsandro de Sousa e Silva, especialista na obra do cineasta, a curadora Lívia Fusco e Francisco César Filho, diretor do Festival de Cinema Latino-americano de SP –, além da apreciação dos filmes. Todos os longas podem ser vistos gratuitamente na plataforma SPCine Play (www.spcineplay.com.br).

Chileno e filho de imigrantes – pai palestino e mãe grega –, Littín se destacou com O chacal de Nahueltoro, de 1969, que denunciava a situação de marginalidade em que viviam os homens do campo. Baseado em fatos reais, o longa é uma crítica à pena de morte e retrata Chacal, forma como o autor de um crime em Nahueltoro era chamado pela imprensa, que na cadeia é reeducado, tratado e socializado, até que seja considerado apto à morte pela Justiça. Ao lado de Companheiro Presidente (1971), marca a primeira fase dos trabalhos de Littín, encerrada em 11 de setembro de 1973, data em que o regime democrático constitucional do Chile e de seu presidente, Salvador Allende, foi derrubado pelos militares.

Por conta da instauração da ditadura, o longa A Terra Prometida (1973) precisou ser terminado em Cuba, e Littín exilou-se no México e na Espanha, passando a filmar apenas no exterior. Neste período, rodou Atas de Marusia (1976), O Recurso do Método (1978), A Viúva de Montiel (1979) e Alsino e o Condor (1982). Entre um longa e outro, ressalta-se no trabalho de Littín o cuidado e a preservação histórica, sobretudo em relação à América Latina e suas desigualdades sociais, sob o recorte da luta de classes.

Em 1985, o cineasta voltou ao Chile para dirigir clandestinamente o documentário Ata Geral do Chile, que apresentou as denúncias contra o regime militar. O longa, gravado enquanto o diretor mantinha documentos falsos e o apoio de equipes europeias de cinema para percorrer todo o país e ir, inclusive, ao palácio presidencial de La Moneda, a poucos metros do gabinete de Augusto Pinochet, rendeu um reconhecimento mundial e foi eternizado por Gabriel García Márquez no livro-thriller A Aventura de Miguel Littin Clandestino no Chile, fruto de 16 horas de conversas entre o diretor e o escritor colombiano.

“Ao assistir aos filmes de Miguel Littín, o público não tem apenas a chance de conhecer a história recente do Chile, mas pode também montar junto a ela o grande quebra-cabeça chamado América Latina”, adianta Lívia Fusco. Isso porque as narrativas surgem em um momento em que o cenário audiovisual começava a ter jovens profissionais focados em apresentar as desigualdades sociais e a tentativa da descolonização cultural. A obra de Littín também passa pelo período ditatorial chileno, que pode servir de inspiração em relação aos demais países do continente.

Com forte reconhecimento latino-americano, Littín começa a ser descoberto e apreciado pela população brasileira, que poderá apreciar a estética do diretor, as histórias e as curiosidades contadas e, claro, os cenários utilizados pelo cineasta, que passou por diversas cidades. No futuro, quem se interessar poderá conhecê-las pessoalmente sem muitas dificuldades, já que possivelmente voos da Latam e de outras companhias entre países do mesmo continente devem ser liberados após a vacinação;

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