Em meio às incertezas provocadas pela Covid-19, cresce demanda por congelamento de óvulos na pandemia

São muitas notícias que surgem a cada semana a respeito da gravidez em tempos de pandemia. Estudos relacionados ao possível contágio por Covid-19 do bebê pela placenta; sobre a importância da vacinação contra o coronavírus de grávidas, puérperas e lactantes (em especial as com comorbidades prévias); dentre outros temas relacionados à saúde da mãe e do bebê.

Mas há sempre uma novidade que preocupa as mulheres que estão planejando ser mães neste período de incertezas. Surge então a possibilidade do congelamento de óvulos, a fim de aguardar um momento mais oportuno, quando já estiverem vacinadas.

Segundo um artigo publicado recentemente na revista norte-americana Time, houve um aumento médio de 50% no congelamento de óvulos relatado por clínicas dos Estados Unidos, de 2019 para 2020. O link do artigo publicado na revista Time é esse aqui: https://time.com/5927516/egg-freezing-covid-19-pandemic/, em janeiro deste ano.

Aqui no Brasil, um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2009 e 2019 apontou que houve um crescimento de 63,6% de mães na faixa etária de 35 a 39 anos. Já para aquelas entre 40 e 44 anos, teve uma alta de 57%, nesta mesma década, e de 27,2% entre mães de 45 a 49 anos.

Ou seja, o adiamento da maternidade é algo que pode ser observado ano a ano, em função de diversos fatores.

Algumas das principais dúvidas sobre congelamento de óvulos:

– Quando uma mulher deve procurar o congelamento de óvulos?

O momento ideal é quando ela decide que vai deixar para engravidar após os 35 anos. Se em qualquer idade, pode ser entre 25 e 30 anos ou acima de 30, ela já tem como projeto de vida a prioridade pela carreira profissional, formações que vão além da graduação, como mestrados e doutorados, prioridade por projetos pessoais como viagens ou segurança financeira, ela já pode optar pelo congelamento. Quanto mais cedo o procedimento, maiores serão as chances de gestação no futuro

 

– Como funciona o procedimento?

Fisiologicamente falando, as mulheres só têm um óvulo maduro por mês. Para otimizar o processo e fazer com que mais óvulos amadureçam em um único ciclo menstrual, são utilizadas medicações estimulantes da ovulação por 10 dias (em média). Durante esse período são realizadas ultrassonografias para monitorizar o crescimento dos folículos (pequenas estruturas dentro dos ovários que contêm os óvulos). Após esse período é realizado um procedimento sob sedação para a punção dos folículos acompanhada por ultrassonografia para a retirada dos óvulos, que são imediatamente identificados e encaminhados para o laboratório aonde são submetidos ao processo de congelamento e armazenados em tanques de nitrogênio liquido. Após o procedimento, a paciente recebe um lanche e a alta para o seu domicilio com instruções. No dia seguinte pode voltar as atividades normais.

 

– Existe alguma contraindicação?

Não existe nenhuma contraindicação para o procedimento, todas as mulheres podem fazer.

 

– Quais as chances de dar certo?

Os óvulos têm uma taxa de sobrevida ao processo de congelamento em torno de 90%. A fertilização ocorre como se fosse um óvulo fresco, ou seja, que não passou pelo processo de congelamento. As taxas de gravidez estão relacionadas a idade na qual os óvulos foram congelados, aos 30 anos em torno de 60% e aos 35 anos em torno de 40%, por tentativa.

Dra. Maria Cecília Erthal

Diretora-médica e especialista em Reprodução Humana Assistida.

  • Graduação em Medicina pela Universidade Gama Filho
  • Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro
  • Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO) pela Febrasgo
  • Especialista em vídeoendoscopia ginecológica (vídeo-histerospia e vídeolaparoscopia)
  • Delegada Regional da seção Rio de Janeiro da Sociedade de Reprodução Humana
  • Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5254833734931340
  • CRM: 52.40866-0
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