Ativista é preso ao tentar impedir DF Legal de derrubar barracos

Desde a última segunda-feira, uma ação conjunta do GDF derruba barracos de catadores de reciclagem próximos ao CCBB. Apesar de liminar proibindo a ação da Secretaria DF Legal, a operação continuou durante toda esta semana

 

 

O socioambientalista e ativista dos direitos humanos Thiago Ávila, 34 anos, foi preso na tarde desta quinta-feira (25/3) após tentar impedir ação da Secretaria da Ordem e Proteção Urbanística do Distrito Federal (DF Legal) de derrubar barracos da ocupação de catadores de reciclagem próximo ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Thiago foi ao local para apresentar uma liminar assinada pela juíza Mara Silda Nunes de Almeida, ainda na terça-feira (23/3), que impedia a ação do Governo do Distrito Federal (GDF) no local durante o período de pandemia.

Ao apresentar o documento, o subsecretário de operação da DF Legal, Alexandre Bittencourt, deu voz de prisão ao ativista. Alexandre alegou que o ativista seria preso por desacato, calúnia e obstrução. Durante a abordagem, Thiago gravava um vídeo que foi postado no Instagram. O socioambientalista foi levado para a 1ª Delegacia de Polícia (DP), na Asa Sul.

O deputado distrital Fábio Felix (PSol) disponibilizou um advogado do gabinete para atender o caso de Thiago e também foi para a delegacia para entender o ocorrido. Fábio chegou na 1º DP por volta das 17h. “O subsecretário do DF deu uma voz de prisão sem nenhum desacato, está tudo filmado, nós vamos, inclusive, representar para que esse subsecretário possa responder pela atitude ilegal que ele está fazendo. Não é porque uma pessoa é uma autoridade que ele pode fazer tudo. E nós vamos tomar todas as medidas necessárias”, disse o deputado.

A equipe  entrou em contato com a Secretaria DF Legal para entender o que aconteceu e quais as ações que serão realizadas pelos agentes nesta quinta-feira (25/3), mas ainda não obteve retorno. O espaço continua aberto para manifestações da pasta.

Entenda o caso

A operação do DF Legal começou na segunda-feira (22/3) com a derrubada de diversos barracos. Na ocasião, a equipe tentou demolir também a Escolinha do Cerrado, feita de madeira pelos próprios ocupantes que contavam com aulas voluntárias de professores. No entanto, ao fim do dia, o ativistas Thiago Ávila, a deputada federal Talíria Petrone (PSol) e os moradores da ocupação abraçaram os alicerces da escola e impediram a derrubada.

Na terça-feira (23/3), a liminar que impedia a ação do DF Legal já havia sido assinada pela juíza, mas a equipe dos agentes procedeu a derrubada da escola mesmo assim. De acordo com a liminar, a juíza determinou que o GDF “se abstenha de promover qualquer ato de demolição, desocupações, despejos e remoções na ocupação do CCBB, durante a pandemia do coronavírus”.

Durante esta semana de operação do GDF, os moradores contam com a ajuda da Organização Não Governamental (ONG) Projeto Dividir. A presidente da organização, Sofia Gomes, explicou que o projeto está entregando, durante a manhã e durante a tarde, comida aos catadores. “Todos esses dias tem tido uma ofensiva muito grande do DF Legal, apesar do deferimento da liminar que evitava a derrubada da escola, eles vieram bem cedo pela manhã e demoliram a escolinha. Eles (os agentes) já disseram aos moradores que vão derrubar a liminar, mas mesmo enquanto não conseguem, a ação continua”, conta.

Segundo Sofia, os materiais de reciclagem que os catadores haviam reunido foram soterrados e os pertences pessoais, levados pela pasta. “Eles levaram as coisas dos moradores e disseram que eles só poderiam reaver caso apresentassem nota fiscal. Levaram colchões, sofá, cobertores, roupas, esses itens pessoais”, finaliza.

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