Especialistas ensinam como recuperar olfato e paladar depois da Covid-19

Sintoma é muito comum entre pessoas que foram infectadas, e persiste por algumas semanas mesmo após o final da infecção

 

Um dos sintomas mais comuns da Covid-19, principalmente em pacientes que tiveram casos leves da doença causada pelo coronavírus, é a perda do olfato e do paladar.

A hiposmia (perda parcial) e a anosmia (perda total) são comuns entre pessoas com infecções respiratórias, mas de acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-Facial (ABORL – CCF), pacientes com Covid-19 têm uma recuperação mais lenta da condição do que o normal.

“Enquanto pacientes com infecções respiratórias comum recuperam o olfato em poucos dias, o paciente com hiposmia pós-Covid pode levar meses para ter alguma melhora do sintoma”, explica Jefferson Pitelli Fonseca, médico otorrinolaringologista do Hospital Anchieta de Brasília. Segundo a pesquisa, 13,9% dos acometidos não recupera a capacidade de sentir cheiros e sabores.

De acordo com o diretor científico da Sociedade de Imunologia do Distrito Federal, David Urbaez, a perda de olfato e paladar é um sinal importante que identifica com muita especificidade um quadro de Covid-19. “São alterações na estrutura de suporte das terminações nervosas olfatórias que são causadas pela ação direta do Sars-CoV-2”, explica.

Estudos sobre como reverter o quadro ainda estão sendo desenvolvidos, mas o treinamento olfatório, que pode ser feito em casa com produtos comuns na dispensa pode ajudar a incentivar os cheiros.

“O treinamento olfatório consiste em enviar um estímulo olfativo as células receptoras encontradas no teto do nariz, afim de estimular esses neurotransmissores e nosso cérebro”, explica o otorrinolaringologista.

Uma boa opção é escolher 5 essências (por exemplo, café, vinagre, suco de tangerina em pó, baunilha, creme dental de menta), cheirar cada uma por 10 segundos e dar um intervalo de 1 minuto antes de seguir para o próximo odor. O ideal é repetir o exercício duas vezes por dia.

O infectologista Urbaez ensina que esse exercício estimula que as terminações nervosas entrem em processo de reparação. “Mas se os sintomas persistirem, o paciente precisa ser acompanhado a longo prazo por um otorrinolaringologista”, afirma.

Paladar

De acordo com a doutora em Ciência dos Alimentos Hellen Maluly, a questão é um pouco mais complicada no paladar, que tem contato com apenas cinco gostos básicos e ainda não se sabe exatamente como o coronavírus age. “Não sabemos se ele destrói a enervação local, ou se acaba mesmo com as papilas gustativas”, explica.

Porém, o mesmo treino feito com o nariz pode ser reproduzido na boca: diversificar os alimentos, incluindo comidas dos cinco gostos reconhecidos pelo nosso organismo (amargo, azedo, salgado, doce e umami) pode ajudar a treinar o paladar e recuperar o sentido em cerca de 10 dias.

Boas opções para esse exercício são um pouco de limão na água, chá de boldo para o amargor, uma solução de glutamato monossódico em água, e comer tomates.

A médica também sugere consumir alimentos que produzem mais saliva para facilitar a deglutição, dilui os aromas dos alimentos e ajuda na aceitação alimentar. As comidas umami, como carnes, peixes, cogumelos e vegetais e legumes como cenoura, tomate, milho, ervilha e aspargos, têm esse efeito.

“É preciso treinar, estar aberto a provas sensoriais. É algo que deveríamos fazer durante toda a nossa vida, para sentir melhor a amplitude de sensações e sensibilidades que a vida oferece, e melhorar a nutrição”, ensina Hellen.

Cuidado também com os olhos

Alguns pacientes com Covid-19 também apresentam sintomas oculares que são condizentes aos da conjuntivite viral, como lacrimejamento, vermelhidão nos olhos, sensação de areia no local, com ou sem secreção.

Os sinais nos olhos devem desaparecer em poucos dias, mas há relatos de pessoas que tiveram baixa visual pelo acometimento na retina e disco óptico. “Vale aquela regra: qualquer sintoma ocular que esteja incomodando, é importante procurar o oftalmologista”, explica Ramon Barreto, oftalmologia do Visão Hospital de Olhos.

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