Com CoronaVac incluída, previsão do governo é começar vacinação em fevereiro

O imunizante produzido pela chinesa Sinovac, com o Instituto Butantan, tinha sido ignorado na primeira versão anunciada pelo Ministério da Saúde. Em nova mudança no calendário, Pazuello estima para fevereiro a aplicação de doses de vacinas que venham a ser aprovadas

 

Sem definir data exata para iniciar a imunização contra o novo coronavírus, o governo federal estima que, se cumpridas as previsões de envio de documentações por parte dos desenvolvedores das vacinas para obtenção de registro, as primeiras doses começarão a ser aplicadas em fevereiro. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já havia dado previsão, também, para janeiro e para março. Ontem, na apresentação do novo Plano Nacional de Operacionalização contra a Covid-19, a CoronaVac — imunizante produzido pela empresa chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan, em São Paulo — foi incluída na lista da “adesão do Brasil às vacinas”. Na primeira versão do plano, o produto foi ignorado, em meio à briga política entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador do estado, João Doria.

“Nunca deixamos de ter um memorando de entendimento com o Butantan. Ele foi assinado e mantido vivo desde então, desde outubro. O que nós aguardamos é o registro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária”, justificou Pazuello, na cerimônia, no Planalto, que teve a participação do presidente Jair Bolsonaro (leia matéria na página ao lado).

De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, o governo assinou um memorando de entendimento com algumas produtoras de vacinas, como o Butantan. A lista de imunizantes que o governo tem algum tipo de acordo ou um memorando de entendimento inclui, também, o mecanismo Covax Facility e os da Oxford/Astrazeneca, Pfizer, Bharat Biotech, Moderna e Janssen. “Para todos eles, a depender do seu cronograma de entrega, da eficácia e da segurança, este país vai comprar vacinas para garantir a imunidade da população”, disse.

Pazuello ressaltou que diferentes caminhos de compra foram o motivo de distintas indicações em relação às candidatas. “Com a Fiocruz e a AstraZeneca, nós utilizamos a transferência de tecnologia. Com o Butantan, nós sinalizamos a compra”, afirmou.

A previsão do Ministério da Saúde, caso o Butantan e a Fiocruz cumpram com a estimativa de enviar dossiê completo de documentação ainda em dezembro, é de que a Anvisa tenha o mês de janeiro para concluir o registro e, assim, possibilite à pasta comprar as doses em meados de fevereiro para, então, iniciar a campanha. O plano estima, no entanto, que os “grupos de maior risco para agravamento e de maior exposição ao vírus estariam vacinados ainda no primeiro semestre de 2021”.

Neste novo plano, foram incluídos mais grupos para receber as doses com antecedência (veja quadro na página ao lado). Está fora do planejamento atingir uma imunização em massa ainda no primeiro semestre de 2021. Por isso, diminuir a transmissão acaba sendo um objetivo secundário ao plano divulgado ontem. Isso porque, considerando que a transmissibilidade da covid-19 está em torno de 2,5 a 3, é necessário que cerca de 60% a 70% da população se imunizem para interromper a circulação do vírus.

Emergencial

Em caso de solicitação do uso emergencial de vacina, a aplicação será considerada à parte da campanha, como frisou Pazuelo. “A autorização de uso emergencial não é uma campanha de vacinação”, destacou. Em caso de uso emergencial, o cidadão precisaria assinar um termo de consentimento, instrumento que o informa de que está se submetendo a tratamento experimental. “Não vai ser exigido termo algum nos postos de vacinação para nenhum brasileiro quando nós disponibilizarmos as vacinas registradas, seguras e garantidas pela Anvisa”, esclareceu Pazuello.

Diante disso, o governo insiste em dizer que só há como definir uma data de início da campanha após o registro de vacina. “Quando a vacina for registrada e recebida, a partir daí, em cinco dias, iniciamos a distribuição nos estados. Isso é muito rápido, e tudo está pronto”, assegurou.

70 mil casos em 24 horas

O Brasil confirmou, pela primeira vez desde o início da pandemia, mais de 70 mil infecções pelo novo coronavírus em um único dia. De acordo com o balanço do Ministério da Saúde, foram registrados 70.574 diagnósticos positivos nas últimas 24 horas. Com o acréscimo, o país ultrapassou a marca de 7 milhões de infectados desde o início da pandemia. Ao todo, 7.040.608 já testaram positivo.

Nem mesmo em julho, considerado o pico da curva da covid-19 no Brasil, o país registrou uma atualização diária tão alta de casos. O número mais elevado tinha sido em 29 de julho, com 69.074 infecções confirmadas.

Após observar uma queda da curva de casos e mortes, o país vê a média diária de infecções e óbitos aumentar desde o início de novembro. De acordo com análise do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, por dia, morrem, em média, 677 pessoas, e há acréscimo diário de 44.594 casos.

A marca de 7 milhões de diagnósticos positivos só foi atingida pelos Estados Unidos, que já somam mais de 16 milhões de casos, e pela Índia, que se aproxima de 10 milhões de testes positivos.

O patamar de mortes também tem subido. Pelo segundo dia seguido, o Brasil registrou mais de 900 mortes em 24h. Segundo o Ministério da Saúde, foram 936 óbitos em 24 horas. Marca de atualização diária que não era atingida desde 30 de setembro, quando o país contabilizou 1.031 óbitos em 24 horas. Ao todo, o país tem 183.735 vidas perdidas para o vírus.

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