Sem possibilidade de reeleição, sucessão no Senado volta à estaca zero

Decisão do Supremo Tribunal Federal contra a reeleição para o comando do Senado, no último domingo, por 6 x 5, embola o jogo da sucessão de Davi Alcolumbre ao provocar uma proliferação de candidatos

 

Estava tudo combinado entre os líderes do Senado para a reeleição do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) à presidência da Casa, inclusive com apoio das bancadas do MDB e do PT. Porém, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), por 6 a 5, considerando inconstitucional a reeleição, implodiu o acordão. Sem uma sucessão organizada, ninguém sabe quem será o novo presidente da Casa. De certa forma, a reeleição de Alcolumbre acomodaria os interesse dos maiores partidos no Senado, uma vez que os espaços políticos já estavam todos negociados e ocupados. Agora, senão houver uma rearticulação, a eleição será uma roleta russa.

Em tese, o partido com mais condições de conquistar a presidência é o MDB, mas a legenda está dividida e corre o risco de ser derrotada novamente, como na eleição passada, quando o senador Renan Calheiros (AL) tentou a reeleição e perdeu para Alcolumbre, que foi apoiado pelo grupo Muda Senado. Renan continua sendo um ator importante nos bastidores da Casa, como o senador Jader Barbalho (MDB-AP), mas nenhum dos dois será candidato. Mais uma vez a senadora Simone Tebet (MDB-MT) pleiteia a indicação da bancada, mas sofre restrições dos demais líderes. Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo no Senado; Eduardo Braga (MDB-AM), líder da bancada; e Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso são os caciques do partido que estão sendo cogitados para o cargo.

Outros senadores também já se lançaram: Tasso Jereissati (PSDB-CE), um dos cardeais do Senado, já colocou seu nome à disposição, entretanto o tucano com mais trânsito nas demais bancadas é o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG). No PSD, os senadores Otto Alencar (BA), Nelsinho Trad (MS) e Lucas Barreto (AP), muito ligado a Alcolumbre, estão cotados.

No DEM, são possíveis candidatos Rodrigo Pacheco (MG) e Marcos Rogério (RO). No PP, Esperidião Amin (SC) e Daniela Ribeiro (PP) são pré-candidatos. E no grupo Muda Senado também é grande a dispersão de forças. São cogitados: do PSL, Major Olímpio (SP); do Cidadania, Jorge Kajuru (GO) e Alessandro Vieira (SE); do Podemos, Álvaro Dias (PR); e do PDT, Lasier Martins (RS).

Trânsito

Nesse mosaico de candidatos, alguns nomes têm mais possibilidades do que outros. No MDB, Eduardo Braga tem sinalizado que não será candidato. De certa forma, o líder do governo, Fernando Bezerra (PE), tem mais trânsito entre os demais colegas da Casa, em função de sua própria atuação no cargo. Entretanto, sua eleição é vista como um atrelamento do Senado ao Palácio do Planalto. A candidatura de Tasso Jereissati teria mais simpatias na oposição, mas é vista com ressalvas pelos demais líderes dos grandes partidos, que temem entregar o comando do Senado a alguém simpático à Lava-Jato. O nome do ex-governador mineiro Antônio Anastasia corre por fora.

No Centrão, Otto Alencar e Esperidião Amin têm mais trânsito entre os demais partidos e ambos são vistos como capazes de ampliar as composições. O movimento Muda Senado terá que escolher entre um candidato do grupo, para marcar posição, ou apoiar alguém dissidente dos grandes partidos, como Simone Tebet, por exemplo.

Como sempre acontece nessas ocasiões, as raposas do Senado vão tentar salvar o acordão com o Alcolumbre, costurando uma coalizão ampla a um nome capaz de assumir os compromissos acertados pelo atual presidente do Senado para a reeleição.

anúncios patrocinados
Anunciando...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.