Aids mata 3 mil brasilienses em seis anos e avança principalmente entre jovens

Hoje, a Secretaria de Saúde lança o boletim epidemiológico HIV/Aids do Distrito Federal. Desde 2013, os casos da infecção aumentam na capital, principalmente, entre os jovens. Em 2018, mais da metade dos diagnosticados tinham de 15 a 29 anos

 

 

Hoje é o Dia Mundial de Combate ao HIV/Aids. Nos últimos anos, a infecção sexualmente transmissível (IST) tem se tornado mais frequente no Distrito Federal. Entre 2013 e 2018, as confirmações de HIV na capital federal subiram 49,4%: passaram de 455 para 680. Já os diagnósticos de Aids tiveram queda de 54,1%, no mesmo intervalo de tempo.

A infectologista Lívia Vanessa Ribeiro explica que, a partir de 2014, tanto as pessoas soropositivas quanto as que desenvolveram Aids passaram a receber o tratamento com antirretrovirais, o que contribuiu para controlar a evolução das infecções. “O quanto antes você tratar, melhor para que essas pessoas não venham a desenvolver um quadro de imunossupressão grave”, detalha Lívia.

Nesse período de seis anos, foram registrados 3.152 casos de HIV e 2.449 de Aids no DF. As mortes em decorrência da doença somam 3.793 vítimas. Mais da metade dos casos diagnosticados em 2018 foram de jovens entre 15 e 29 anos. “As pessoas com mais de 40 anos chegaram a vivenciar, mesmo que na infância, a descoberta do HIV e da Aids, acabaram vendo vários ídolos serem vítimas da doença, tanto na década de 1980 quanto na de 1990. De certa forma, isso tem um impacto em relação ao uso do preservativo”, avalia a infectologista.

Outro grupo que apresentou aumento nas infecções por HIV foi na faixa etária de 50 a 59 anos: 87,5%. “Entre os mais velhos, especialmente na ‘melhor idade’, existe a dificuldade em acreditar que os parceiros possam transmitir HIV e outras ISTs e acabam não se prevenindo.”

O boletim epidemiológico do HIV/Aids é divulgado, anualmente, em 1º de dezembro. Hoje, a Secretaria de Saúde vai anunciar os dados mais atualizados, referentes a 2019. Os dados apresentados ano passado, que mostram o cenário em 2018, indicam que a contaminação é predominante entre pessoas de 20 a 39 anos, sobretudo homens. “É preciso intensificar e diversificar as ações de prevenção, testagem para detecção e tratamento precoces, para impedir que estes indivíduos adoeçam. A infecção pelo HIV e a Aids não têm cura, são um grave problema de saúde pública, mas existem formas de enfrentá-las”, diz Lívia Ribeiro.

Dificuldades

Christiano Ramos é presidente da ONG Amigos da Vida, que atende pessoas que tiveram diagnóstico de HIV. Ele é soropositivo há mais de 30 anos. Ramos avalia que o direito à saúde desses pacientes é violado no DF. “É importante ressaltar que está havendo um desmantelamento das políticas públicas de HIV/Aids no DF. O governo acabou com centros de referência da Aids”. Hoje, eles funcionam no Hospital Dia e no Hospital Universitário de Brasília (HUB), mas existiam unidade em Sobradinho, Asa Norte e Taguatinga.

Uma das políticas públicas da Secretaria de Saúde do DF voltada para a prevenção das infecções é a distribuição gratuita de preservativos nas 172 unidades de saúde da capital federal e no Núcleo de Testagem e Aconselhamento (NTA), que funciona na Rodoviária do Plano Piloto. Esses pontos oferecem testes rápidos para diagnóstico do HIV.

A profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) está disponível em dois centros de referência: Hospital Dia (Asa Sul) e no HUB. O medicamento, que previne a infecção, é entregue a parceiros de pessoas vivendo com HIV. Há ainda a profilaxia pós-exposição (PEP), ofertada na rede pública para quem foi exposto ao vírus, sejam profissionais da saúde, sejam pessoas que tiveram relações sexuais sem proteção, sejam vítimas de violência sexual.

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