WhatsApp vira ferramenta fundamental para comerciantes e microempresários

Com a pandemia, comerciantes e microempresários viram nas redes sociais a chance de buscar o consumidor via internet. De restaurantes a salões de beleza, o retorno financeiro ajudou a passar pelos momentos de crise

 

 

As redes sociais, em especial o WhatsApp, têm se tornado uma ferramenta poderosa para comerciantes e microempresários do Distrito Federal, que buscam facilitar as transações comerciais e alavancar as vendas. Em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus, empreendedores precisaram se readaptar ao mundo dos negócios e sentiram a necessidade em criar canais de atendimento ao cliente e investir em propaganda e publicidade. Pesquisa realizada pela Accenture, empresa multinacional de consultoria em gestão, revela que o WhatsApp se consolida como ferramenta de compras para 83% dos consumidores de todo o país.

O comércio de Vitor Ribeiro da Silva, 24 anos, caminhava bem até o começo da pandemia. Em fevereiro, o empresário inaugurou um restaurante com especiarias brasilienses, em Vicente Pires. Mal sabia ele que, um mês depois, uma crise sanitária mundial estava por vir. “Tive muito medo, porque foi minha primeira tentativa de administrar um estabelecimento próprio. Mas investi em tudo que podia. Quando a pandemia chegou, não tivemos a opção de fechar as portas, eu tinha contas a pagar”, contou.

Com medo de fechar as portas do restaurante Cúrcuma, Vitor conta que teve de se readaptar e passou a atender os clientes exclusivamente pelo WhatsApp. Em contrapartida, o empreendedor investiu fortemente na divulgação do estabelecimento, como posts com o cardápio nas redes sociais. “Funcionou muito bem. A gente conversava com o cliente, fazia lista de transmissão com eles e impulsionava nos grupos. E, por mais engraçado que seja, tivemos um aumento nos nossos pedidos. Tinha dias que faturávamos cerca de R$ 2 mil”, disse.

Felizmente, em agosto, o jovem reabriu o restaurante para receber os clientes, mas não deixou de utilizar as redes sociais em seu favor. Continuamos recebendo muitos pedidos das pessoas pelo WhatsApp. Muitos solicitam a comida antes e vão só para retirar. Todos os dias pela manhã já nos organizamos. Enviamos mensagem aos consumidores informando o cardápio do dia.”

Make na garagem

Há cinco anos, a garagem da casa da mãe foi o primeiro espaço utilizado pela maquiadora Racquel de Castro, 27, que atua no Guará I. Atualmente, a profissional, formada em estética e cosmética, usa o WhatsApp no dia a dia como ferramenta de trabalho, atendendo principalmente as noivas do Distrito Federal e as clientes que querem fazer o design de sobrancelha.

“A minha divulgação começou por meio do boca a boca. Eu tinha poucos produtos no início. Era tudo improvisado. As minhas amigas indicavam o meu trabalho de maquiagem para as pessoas como se eu realmente trabalhasse na área. Assim, comecei a receber mensagens via WhatsApp. Inclusive, atendia em domicílio, cobrando um preço bem acessível. Depois, atuei em salão, até abrir o meu estúdio”, contou.

De acordo com ela, todo o controle do trabalho é feito por meio do aplicativo, incluindo o agendamento das clientes. “As noivas, por exemplo, me mandam por mensagem as fotos de como querem a maquiagem. Durante a prévia delas, também faço os registros fotográficos e as anotações, enviando para elas em seguida. No dia do casamento, abro a conversa para ver o que ficou combinado. O WhatsApp deixa o trabalho mais rápido, já que economiza bastante o meu tempo. Se eu fosse encontrar cada cliente presencialmente, antes de fazer o serviço, ia perder muito tempo”, ressaltou.

A maquiadora conta que a pandemia interferiu na dinâmica de trabalho, reduzindo as marcações na agenda. “Estou atendendo mais as noivas que estão casando em cerimônias fechadas. Depois que as contas começaram a apertar, voltei a atender no estúdio, tomando todos os cuidados”, acrescentou Racquel de Castro.

Ampliação

Lara Ferraz, 27, é formada em engenharia elétrica e Alessandra Viana, 48, em gastronomia. Nora e sogra moram no Lago Norte e são apaixonadas por doces. Com o início da pandemia, elas decidiram abrir em casa a empresa Alelá Doces. A maioria dos clientes surgiu por meio das redes sociais e o WhatsApp tornou-se o principal meio de comunicação para as vendas.

De acordo com Lara, a possibilidade de atender presencialmente é sempre melhor, mas o aplicativo ajuda na divulgação de promoções e novidades. “Acreditamos que nada substitui o cara a cara, mas o WhatsApp é uma ferramenta incrível onde podemos mandar fotos, vídeos e áudio. Isso torna as coisas mais simples para nós e para os clientes, principalmente neste período de pandemia, que não temos o contato físico”, enfatizou.

O lucro aumentou desde o primeiro mês do novo negócio graças ao uso dos aplicativos, que possibilitaram as vendas dos bolos no pote, brownies, tortas e brigadeiros. Inclusive, elas pensam na possibilidade de ampliar o empreendimento. “Não temos loja física, mas pretendemos abrir em breve”, acrescentou Lara Ferraz.

Sebrae aponta estratégias

Para Cesar Rissete, gerente de competitividade do Sebrae, a pandemia acelerou uma série de tendências que o mercado já vinha detectando nos últimos anos. “Uma delas era a digitalização da economia. Com as medidas de isolamento social, todas as empresas — incluindo os pequenos negócios — tiveram de se adaptar a esse novo contexto e aos novos hábitos de consumo da população. Isso implica estar presente em todas as plataformas digitais”, ressaltou.

Não é suficiente estar no Instagram, Facebook, marketplaces ou ter um site da própria empresa, apontou o executivo. “O empreendedor precisa desenvolver estratégias para se aproximar do seu cliente, compreender as suas necessidades. O WhatsApp, por exemplo, é um excelente instrumento para fidelizar o consumidor. Mas é importante que essa comunicação seja realmente efetiva. Não há nada que irrite mais um cliente que a falta de resposta aos seus pedidos ou questionamentos”, indicou.

De acordo com ele, o primeiro passo a ser dado pelo empresário é buscar qualificação para conhecer melhor as funcionalidades de cada plataforma. “É fundamental também ter à disposição imagens de boa qualidade técnica e estética dos produtos, para enviar aos clientes quando eles quiserem conhecer melhor a empresa. Uma das primeiras dificuldades que o empreendedor pode enfrentar são problemas estruturais, como uma internet lenta ou um site com ferramentas que dificultem as compras on-line. Outro problema bastante comum é a falta de familiaridade com as funcionalidades dessas ferramentas digitais”, complementou Cesar Risette.

Pesquisa

Estudo promovido pela Accenture, empresa multinacional de consultoria em gestão, mostrou que, os estabelecimentos comerciais locais ou de pequeno porte são os mais utilizados para compras, segundo 64% dos consumidores. Apenas nas três principais categorias indicadas na pesquisa — roupas, produtos de beleza e alimentos frescos e perecíveis — o alcance dos pequenos negócios chega a 73%. A pesquisa também foi aplicada em outros países da América Latina. Na região, apenas o Chile se iguala ao Brasil, também com 83% dos consumidores utilizando o WhatsApp como ferramenta de compras. Em seguida vem Peru (77%), Colômbia (74%), Argentina (71%) e México (53%). O levantamento considerou, ainda, o perfil do consumidor brasileiro. Segundo os entrevistados, a conversa pelo aplicativo permite esclarecer dúvidas, negociar preços e condições de pagamento, consultar prazos de entrega e pedir recomendações para amigos e familiares. Para 56%, o contato com o vendedor ou a loja após a compra é a etapa mais importante.

Dicas para usar

• Tenha sempre uma comunicação clara e objetiva.

• A pessoa que estiver responsável pelo atendimento ao público no WhatsApp da empresa precisa ter segurança para conhecer os benefícios do seu produto e saber interagir com as dúvidas do cliente.

• Para empresas que estão iniciando no mundo digital e ainda não possuem uma marca tão conhecida, vale ter uma abordagem personalizada (pessoas e não robôs respondendo).

• Adote uma estratégia de aproximação com o cliente, sem ser invasivo (o WhatsApp é um recurso pessoal, que ele utiliza para interagir com pessoas próximas) — é interessante, se possível, pedir autorização para enviar ao cliente informações sobre seus produtos e serviços.

• O ideal é que o empresário crie também um modo de acompanhar as estatísticas das mensagens enviadas (quantos clientes leem, quantos respondem às mensagens, que tipo de dúvidas ou interações são mais frequentes, etc).

• É bem importante também que o empresário e sua equipe estejam capacitados para usarem todos os recursos disponíveis no WhatsApp, como, por exemplo, as listas de transmissão (você pode mandar mensagens para 256 clientes de forma individualizada, como se eles estivessem num grupo).

5 passos para vender mais

• Conheça as funcionalidades do aplicativo

• Crie uma lista de contatos por meio de campanhas promocionais

• Faça a segmentação do público para que a comunicação fique mais direcionada ao elaborar promoções

• Monte listas de transmissão organizadas e direcionadas

• Conquiste o seu cliente sem ser invasivo e desagradável . Comece a enviar vídeos curtos e imagens

Fonte: Cesar Rissete, gerente de competitividade do Sebrae

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