Desastre de Mariana faz 5 anos com famílias ainda sem indenização

População que vivia em comunidades engolidas pela lama em 2015 lidam com o medo de que jamais seja feita Justiça após pior tragédia ambiental do país

 

 

A pior tragédia ambiental da história do Brasil completa cinco anos nesta sexta-feira (6), sem que muitas das vítimas tenham sido indenizadas. Centenas de pessoas perderam tudo depois que a barragem de minério de ferro em Mariana cedeu. A população que vivia em comunidades engolidas pela lama tem medo que a Justiça jamais seja feita.

Nayure é a mais nova integrante da Associação da Geleia de Pimenta Biquinho. Desde 2008, essas mulheres de Bento Rodrigues plantavam a pimenta, cozinhavam o produto e embalavam para vender. Em 2015, a lama mudou a receita. Hoje a pimenta é comprada pronta, e as mulheres cozinham em uma fábrica improvisada em Mariana.

Longe da terra, do canto dos pássaros que embalavam o movimento pra chegar ao ponto certo da geleia, depois de anos de experiência. Marinalva sente saudades. Há cerca de um ano, ela não volta a bento Rodrigues. Já teve oportunidades de ir lá, mas não conseguiu voltar ao lugar onde praticamente nasceu e foi criada. “É muito difícil. Eu cheguei até a parar de mesmo porque médico falou que era melhor para saúde porque ir lá realmente dói dói muito”, conta a antiga moradora.

A agricultora Nayure Gabriella Oliveira Silva só teve coragem de voltar a Bento Rodrigues agora. ” Pra mim, é irreconhecível isso aqui, não consigo te explicar o local exato onde estava. por que não tem mais nada”, lamenta.

Cinco anos depois, a família de Nayure não foi indenizada. Ela teme que os processos  se arrastem por tanto tempo que as pessoas morram. “O zezinho era meu padrasto e após rompimento ele teve alguns derrames e hoje ele não está mais aqui pra dividir esses momentos com a gente. Não tem mais nada”.

As verduras e legumes eram plantados pela própria familia na casa da avó. “A gente não sabia o que era sacolão”, diz Nayure. Agora não há nenhum vestígio do imóvel.

Da casa de Marinalva também só restam lembranças. Elaa morava com seis filhos e três netos. Precisou fugir com as crianças no dia do rompimento da barragem e foi uma das pessoas que ficaram ilhadas. O resgate aconteceu um dia depois. A prima dela chegou a ser arrastada pela lama. “Ela foi arrastada dela o filho dela e o sobrinho dela, Eu procurava ela pra todo lado e não conseguiu achar.Quando eu chego no banheiro ela estava toda suja de lama”

Marinalva recebeu R$ 100 mil de indenização, mas luta na Justiça por uma reparação que considera mais justa para ela e para a associação. A samarco, responsável pela barragem que cedeu, não quer pagar pelos danos à associação da geleia de biquinho, apesar de arcar com o aluguel da fábrica onde hoje é feita a geleia. “Eu sinto que o ser humano nunca tem valor pra quem tem poder”, diz Marinalva.

Seiscentas pessoas foram diretamente atingidas em Bento Rodrigues. Duzentos imóveis foram destruídos, Na parte baixa, a lama tomou conta de tudo.Na parte de cima, o que sobrou, foi saqueado.

A barragem se rompeu no dia 5 de novembro de 2015 por volta das 16h. A barragem de fundão, das mineradoras Samarco, Vale e BHP Biliton, despejou mais de 32 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro. A lama foi Rio Doce abaixo, afetou 230 municípios, deixando famílias sem água e sem a pesca, principal fonte de subsistência. Foram pedidas 14 toneladas de peixe . Os rejeitos atravessaram o Espírito Santo até chegar ao litoral.

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