Bolsonaro cancela pedido de urgência para reforma tributária de Paulo Guedes

Brazilian President Jair Bolsonaro (R) and his Finance Minister Paulo Guedes wear face masks as they arrive at the flag-raising ceremony before a ministerial meeting at the Alvorada Palace in Brasilia, on May 12, 2020, amid the new coronavirus pandemic. / AFP / EVARISTO SA

O presidente Jair Bolsonaro recuou na tentativa de acelerar a reforma tributária do Executivo e pediu para o Congresso desconsiderar o pedido de urgência para a tramitação do projeto de lei que cria a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), tributo que unifica PIS-Cofins criando uma alíquota de 12% que vem sendo bastante criticada pelo mercado.

Esse projeto faz parte de uma etapa da reforma tributária que o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu encaminhar ao Legislativo desde o ano passado. Segundo ele, haverá um fatiamento e uma das propostas inclui a criação de um novo tributo sobre transações digitais nos moldes da velha Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

Conforme despacho publicado nesta sexta-feira (4/9) no Diário Oficial da União, Bolsonaro solicita que seja considerada “sem efeito, e, portanto, cancelada”, a urgência pedida na mensagem que trata do PL nº 3.887. A mensagem causou estranheza entre analistas que acompanham o reforma.

 

O pedido de urgência tranca a pauta do Congresso, como ocorre com Medidas Provisórias (MP) e com vetos, a partir da próxima semana. A retirada dessa solicitação, portanto, deixa o presidente das duas Casas, o senador Davi Alcolumbre (DEM-PA), com a pauta liberada para outros assuntos e caberá a ele decidir se engaveta ou coloca o PL no fim da fila. Procurado, o Ministério da Economia ainda não comentou o assunto.

 

Essa medida, certamente, tem a ver com a volta das tensões entre Paulo Guedes e o presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ontem à noite, em entrevista à GloboNews, Maia afirmou que o ministro tem proibido que técnicos da equipe econômica se reúnam com ele. De acordo com um líder no Congresso, o clima entre Maia e Guedes tem piorado nos últimos dias, apesar de o deputado ser um grande defensor das reformas. Em 2019, a atuação do democrata foi crucial para a aprovação da reforma da Previdência proposta pela equipe econômica, apesar da manutenção de privilégios para algumas categorias, principalmente, de militares.

 

No ano passado, como Guedes ficou adiando o envio da reforma tributária, Maia acabou se antecipando e criando uma comissão para a apreciação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 45/2020, do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) e que é baseada na sugestão do economista Bernard Appy, que une cinco tributos, inclusive, estaduais e municipais: PIS-Pasep, Cofins, IPI ICMS e ISS. Essa proposta foi incluída, junto com a PEC 110/2020, do Senado, que é inspirada na proposta do ex-deputado Luiz Carlos Hauly e unifica nove tributos, para serem apreciadas na comissão mista da reforma tributária que retomou os trabalhos recentemente.

 

“O ministro Paulo Guedes disse, durante audiência virtual em comissão do Congresso, que a matéria ainda não está madura e que precisa ser mais debatida. Este pode ter sido um dos motivos para a retirada de urgência; mas há também a previsão de votação, na Câmara dos Deputados, do projeto de Lei 3267/19, que flexibiliza a lei do trânsito, ao qual Bolsonaro já disse que pretende sancionar na próxima semana”, avaliou André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos.

 

Veja a íntegra da mensagem de Bolsonaro ao Congresso:

DESPACHO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

MENSAGEM

Nº 506, de 4 de setembro de 2020. Solicita ao Congresso Nacional seja considerada sem efeito, e, portanto, cancelada, a urgência pedida pela Mensagem nº 405, de 2020, com apoio no § 1 o do art. 64 da Constituição para o Projeto de Lei n o 3.887, de 2020, que “Institui a Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços – CBS, e altera a legislação tributária federal”, enviado ao Congresso Nacional com a Mensagem n o 404, de 2020.

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