Sindicato dos metroviários de SP confirma greve para esta terça (28)

Decisão tomada em assembléia no fim da tarde desta segunda (27) vale a partir da meia-noite. Paralisação se deve a corte de 10% nos salários

 

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo decidiu entre em greve por tempo indeterminado a partir das 00h desta terça-feira (28), após votação em assembleia concluída no fim da tarde desta segunda-feira (27). Serão paralisadas totalmente as linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha.

A categoria exige a manutenção dos salários, após ser comunicada de que haveria redução de 10% dos rendimentos de todos os funcionários. A paralisação recebeu o apoio de 73,38% dos trabalhadores votantes na assembleia.

O sindicato pede que o governo de São Paulo devolva os salários cortados em junho e mantenha os direitos dos trabalhadores previstos no acordo coletivo, firmado no início da pandemia, até o fim do ano. O Metrô não concorda com a manutenção do acordo e não pretende devolver os valores descontados referentes à diminuição dos salários e extinção de direitos.

“Não resta outra alternativa à categoria [senão a greve], depois de duas greves adiadas – corretamente, na busca de negociação. Chega na última hora e o Metrô não apresentou nem uma proposta. Vamos ver se a gente consegue viabilizar que surja uma proposta que mantenha os nossos direitos e os nossos salários, porque até isso o governo do Estado e o Metrô querem fazer (corte de salários)”, afirmou Wagner Fajardo, coordenador-geral do sindicato, que lamentou a falta de propostas por parte do Metrô, durante bate-papo ao vivo horas antes da votação.

A demanda da paralisação será somente a manutenção dos salários e direitos e, desta vez, não haverá pedidos por reajustes salariais. O julgamento da greve já está marcado para a quarta-feira (29/7).

Histórico

Na última sexta-feira (24), os coordenadores do sindicato afirmaram que, na noite anterior, foram surpreendidos com um e-mail do Metrô informando corte de 10% no salário de todos os funcionários. “Quando tentávamos construir uma proposta para estabelecer um acordo coletivo, tivemos a notícia de que o Metrô descontaria esse salário de todos os metroviários”, disse Fajardo.

Na avaliação do sindicato, com a iminência de um corte de salários, a baixa deveria ocorrer sobre os salários mais altos do Metrô. Segundo o órgão, mais de 300 pessoas recebem como salário-base valores mais altos que o teto decretado para o governador do Estado, de R$ 23 mil mensais, sem considerar adicionais.

Inicialmente, a greve estava para o dia 1º de julho, mas o TJ-SP pediu adiamento. A paralisação foi então remarcada para o dia 8. Depois de deliberação em assembleia da categoria, a data foi postergada para o dia 28, com mais 20 dias de negociações – sem sucesso, como disseram os coordenadores do sindicato.

No último sábado, a respeito das baixas nos salários e da possibilidade de greve, o Metrô de São Paulo enviou a seguinte nota:

A crise econômica provocada pela pandemia do novo Coronavírus é sem precedentes em nossa geração. O reflexo no transporte é enorme, pois transportamos cerca de 35% da demanda normal de passageiros e o Metrô mantém a oferta de trens em até 100% da frota, pois não temos uma crise no setor de transportes e sim uma crise na saúde pública.  Nossa missão é transportar e proteger os cidadãos que precisam de nós para ir ao trabalho.

Diversas medidas de redução de despesas foram realizadas, como a renegociação e suspensão de novos contratos, adoção de Home Office definitivo em setores onde é possível, entregando prédios alugados, concedemos estações a iniciativa privada reduzindo despesas de mais de 30 milhões ao ano e buscando receitas não tarifárias, nossos shopping e lojas de estações reduziram drasticamente a receita não tarifárias pelos seus fechamento.

Como consequência da baixa arrecadação por um longo período, mesmo o Metrô cumprindo com os salários e benefícios de todos os trabalhadores nestes 4 meses, sem haver uma única demissão, realizando toda a operação sem nenhum aporte externo, a empresa somente possui em caixa o suficiente para pagar 90% dos salários de julho dos funcionários, sendo que o restante será pago no decorrer de agosto de acordo com a entrada de novas receitas.

Todas as empresas no Brasil passam por dificuldades neste momento, mantivemos todos os empregos como muitos não conseguiram, mas o nosso papel de transportar e proteger, em combate ao coronavírus, torna a nossa realidade de sobrevivência muito mais desafiadora.

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