Chefe de grupo criminoso ameaça bispo líder da Universal em Angola

João Bartolomeu foi expulso da igreja após dois adultérios. Especialistas em direito internacional afirmam que dissidentes estão cometendo crimes

 

 

O chefe do grupo criminoso em Angola que tenta tomar à força o controle da Igreja Universal, João Antonio Bartolomeu, fez um vídeo ameaçando bispos brasileiros no país africano. Especialistas em direito internacional ouvidos pelo Jornal da Record afirmam que esses dissidentes estão cometendo diversos crimes contra a instituição.

No vídeo, Bartolomeu ameaça Honorilton Gonçalves, bispo líder da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola: “Senhor Gonçalves, olhos de sapo, tens olhos grandes, mas não consegue ver o perigo que está perto”, afirma. “Você vai sair daqui humilhado e envergonhado. Você é um bandido, você é um bandido, rapaz! Seu palhaço, seu babaca.”

Quem é Bartolomeu

João Antonio Bartolomeu já foi bispo da Igreja Universal em Luanda, mas acabou expulso por cometer dois adultérios.

Em um registro – escrito a mão – de uma assembleia geral extraordinária mostra que, em 2009, foi discutido o afastamento do então bispo Bartolomeu por manter uma conduta inaceitável e imoral dentro de casa. Ele confessou o adultério e teve uma segunda chance para continuar na instituição.

Nove anos depois, Bartolomeu foi escolhido para uma missão na Costa do Marfim. Só que próximo ao dia da viagem, informou à direção que havia cometido outro adultério com a mesma pessoa de 2009. Assim, em agosto de 2018, foi decidido o desligamento dele do quadro pastoral da Igreja Universal por descumprir normas e doutrinas dos missionários e o regulamento interno.

Depois da expulsão, Bartolomeu começou a provocar outros pastores angolanos a se voltarem contra a Igreja Universal. Os dissidentes invadem templos e usam a violência para perseguir e expulsar religiosos brasileiros de suas casas.

“Eu te avanço”, ameaçou Bartolomeu. “Se você tiver dúvida, domingo eu vou aí no Maculosso. Seu covarde. Palhaço. Seu mentiroso. Você nem vale a calça que veste. Você deveria vestir saia. Na África do Sul iam te esquartejar. Aquele povo não brinca. Nós aqui estamos a te dar muito tempo. Nós temos outras maneiras de resolver esse problema.”

Especialistas em direito internacional afirmam que os brasileiros vêm sofrendo uma série de crimes em Angola, inclusive xenofobia, que é a aversão a estrangeiros. E que cabe às autoridades do país africano, a começar pelo Ministério Público, a tomada de ações que possam garantir imediatamente os direitos e a proteção dessas pessoas.

O que dizem os especialistas

Maristela Basso, livre-docente em direito internacional pela USP, explica: “Há uma série de crimes, de natureza criminal, penal, violência, lesões corporais, torturas até mesmo psicológicas, ameaça de morte, lesões corporais, brigas que acontecem.”

“Também na esfera civil ações de indenização. A pessoa foi colocada pra fora da sua casa, onde ela ficou naquele dia? Sua casa foi depredada, o seu automóvel foi depredada, sua igreja, seu templo…”, diz a especialista. “Crimes fiscais de falsas declarações, de desvio de quantias que pertenciam ao grupo e foi pra outro.”

Os ex-integrantes angolanos da instituição – liderados por João Antonio Bartolomeu – também articularam um golpe financeiro. Eles apresentaram uma ata falsificada para tentar provar que são os representantes legais das contas da Igreja Universal. O que, segundo as leis angolanas, só poderia acontecer com uma ordem da Justiça.
A manobra infratora fez com que dois bancos do país africano, o Sol e o Banco Bic, tomassem uma medida irresponsável: bloqueassem as contas bancárias, o que coloca em risco as atividades religiosas e sociais da instituição brasileira.

Na semana que vem deve acontecer uma reunião virtual entre integrantes da Comissão de Relações Exteriores do Senado, deputados e autoridades angolanas para buscar uma solução para os graves problemas.

Comitiva irá a Angola

Uma comitiva de parlamentares será enviada a Angola a partir do dia 9 de agosto. Os brasileiros vão pedir apoio às autoridades africanas e demonstrar repúdio e indignação com os últimos episódios.

Um ofício enviado, ontem, pelo Ministério Das Relações Exteriores A Câmara Dos Deputados afirma que o presidente de Angola, João Lourenço, respondeu a carta enviada por Jair Bolsonaro que mostrou preocupação em relação às ocorrências contra pastores, templos e instalações da Igreja Universal.

João Lourenço disse que tomou conhecimento da situação e procurou tranquilizar os brasileiros. A ministra para área social de Angola afirmou também que a crise da Igreja Universal será debatida na Assembleia Nacional para destravar o impasse.

“Eu acho muito pouco, porque brasileiros continuam sendo ameaçados”, disse o senador Major Olimpio (PSL-SP). “Patrimônio de igrejas sendo depredados ou expropriados. Celulares e documentos sendo ilegalmente recolhidos. É preciso providências imediatas.”

“Não podemos ficar esperando a Assembleia Nacional que isso pode acabar em muito mais dor, ferimentos e até em mortes.”

George Niaradi, doutor em direito internacional pela USP repudia as ameaças feitas pelo líder dos dissidentes angolanos.  “Apimentar, dizer que vai utilizar da violência numa situação como essa, mostra que essa pessoa não tem relação alguma com democracia, direitos humanos e liberdade religiosa, em nada, não tem relação alguma.”

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