Coronavírus: Brasil ganhou mais de 5 mil médicos com antecipação de formatura

Os dados fazem parte de levantamento do CFM (Conselho Federal de Medicina), em parceria com a USP (Universidade de São Paulo)

 

O Brasil ganhou mais de 5.000 médicos com a antecipação de formaturas desde o início da pandemia do novo coronavírus. A medida foi adotada em março deste ano para ajudar no enfrentamento da Covid-19.

Os dados fazem parte de levantamento do CFM (Conselho Federal de Medicina), em parceria com a USP (Universidade de São Paulo).

A antecipação de formaturas colocou no mercado da saúde 5.173 novos médicos. Foram 650 em março, 3.121 em abril e 1.402 em maio.

A medida foi possível graças a uma portaria do MEC (Ministério da Educação) que dispôs sobre a possibilidade de adiantar a colação de grau.

“Muitas universidades liberaram alunos que precisavam apenas da apresentação do trabalho de conclusão de curso, tinham realizado cerca de 95% a 98% da grade curricular”, diz o primeiro-secretário e diretor de Comunicação do CFM, Hideraldo Cabeça. “Acredito que isso é um aporte no combate à Covid-19, principalmente em estados com poucos médicos por mil habitantes, como no Acre.”

O estudo mostra ainda que, de janeiro a maio, mais 9.653 médicos se formaram no Brasil. Em apenas três estados –São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais– estão concentrados 37,1% dos novos médicos médicos.

Com isso, o país passou a contar com 523 mil profissionais. Do total, 422 mil médicos hoje estão aptos a atuar na linha de frente do combate ao novo coronavírus, diz o estudo do CFM e da USP.

São profissionais com menos de 60 anos e que, por isso, não estariam no grupo de risco relacionado à idade. O número representa 80% do total de médicos do país.

A conta de médicos com menos de 60 anos à disposição da população, porém, não leva em conta profissionais que têm comorbidades e que, consequentemente, devem ser afastados do trabalho durante o período da pandemia.

Os dados revelam que o Brasil tem 2,5 médicos por mil habitantes. O número é superior ao registrado na Polônia (2,4), no Japão (2,4) e no México (2,4) e ligeiramente abaixo dos Estados Unidos (2,6), do Canadá (2,8) e do Reino Unido (2,9).

O representante do CFM ressalta, porém, que a distribuição dos médicos brasileiros é desigual entre os estados. O Distrito Federal, com 5,1 médicos por mil habitantes, e o Rio de Janeiro, com 2,9, estão no topo da lista.

“A falta de infraestrutura em determinadas regiões direciona o médico para outras áreas. A pandemia veio mostrar a fragilidade do sistema”, diz Cabeça. “Temos um número absoluto adequado dentro do Brasil, mas há uma diferenciação dentro do nosso país que tem relação com as condições de trabalho que são ofertadas.”

Os dados divulgados pelo CFM mostram que cerca de 10 mil profissionais da área se cadastraram no programa Brasil Conta Comigo e se apresentaram como voluntários para ajudar no atendimento da população.

O programa é voltado para profissionais que se interessem em atuar emergencialmente em locais onde houver necessidade extra de médicos.

Os profissionais que atuam na linha de frente do atendimento aos infectados pelo novo coronavírus dizem que nunca passaram por uma momento tão turbulento do ponto de vista pessoal e profissional.

Diretor clínico do Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares em São Mateus (ES), o clínico-geral Ronaldo José Thomazini, 48, relata que o trabalho se intensificou na pandemia e tem visto muitos profissionais contraírem o coronavírus.

“Não está sendo fácil, nunca imaginei passar por isso depois de mais de 20 anos na medicina. Todo mundo fica muito apreensivo, e o clima do hospital não é o mesmo”, diz.

O médico afirma que os profissionais de enfermagem e medicina vivem com medo.
“Tentamos de deixar o cansaço de lado. As horas de sono ficam de lado para cumprir uma batalha em nome da vida. É nossa função também como ser humano cuidar do outro.”

As informações são da FolhaPress

 

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