PIB do agro cresce, mas demanda interna cai; “safra será excelente”, diz pesquisadora

Em abril, porém, o isolamento social diminuiu a demanda de produtos como açúcar, algodão, trigo e frango

 

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro cresceu 2,4% no primeiro bimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. Os setores primário e de agros serviços foram os principais responsáveis pela alta, crescendo 3,86% e 2,72%, respectivamente. Os dados são calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Os resultados são relativos aos meses antes da Covid-19 ser registrada no Brasil. A pesquisadora Nicole Rennó considera que a safra não deve sofrer grandes impactos e o cenário pós-pandêmico se mostra tranquila. “As perspectivas são de uma safra excelente esse ano, a despeito da pandemia e de problemas climáticos principalmente no Rio Grande do Sul. A colheita de muitas culturas relevantes já foi encerrada, e em bons patamares, e para as culturas de segunda e terceira safra, as expectativas também são boas”, diz.

Os dados mensais do agronegócio disponibilizados pelo Cepea mostram que, em abril, o isolamento social diminuiu a demanda de produtos como açúcar, algodão, trigo e frango. Nicole afirma que a baixa dos insumos não gera maiores preocupações e que a retração não deve ter força para puxar o PIB para baixo.“Pensando pela ótica do próprio segmento de insumos, a queda vem depois de um ano muito bom, que foi 2019. E pensando no agregado do agronegócio, o peso do segmento de insumos em termos de PIB é baixo”, explica.

Reabertura do comércio
Segundo Nicole, as exportações teriam impulsionado o crescimento do PIB do agronegócio. De acordo com dados Ministério da Economia, a soja triturada foi o produto mais exportado em abril, com um crescimento de 65,24% em relação ao mesmo período de 2019. Porém, as quedas na demanda interna preocupa a categoria. “Diversos setores do agronegócio estão sofrendo também uma pressão negativa vinda da fraca demanda doméstica”, diz.

A pesquisadora explica que, quanto mais tempo os comércios permanecerem fechados, maior será o impacto sobre os setores que dependem dessa demanda e, então, sobre o PIB do agronegócio. Além disso, o isolamento também deve afetar os empregos no setor. “As perspectivas do Cepea são de que os efeitos serão, sim, sentidos no mercado de trabalho – mesmo com o bom desempenho esperado para o PIB do setor”, afirma. Apesar disso, a pesquisadora acredita que os resultados irão depender da duração das restrições mais severas e da efetividade das ações do governo.

 

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